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     Mais um dia em que Louis acordava sozinho naquela cama vazia e gélida.

O ômega se sentou lentamente, um pouco zonzo por conta do sono e passou seus dedos delicadamente pelo seu rosto, massageando a face. Havia mais de duzentos dias que sua rotina tinha se tornado aquela; acordar sozinho naquela cama espaçosa que antes era ocupada por dois corpos e ainda sobrava espaço, pois dormiam grudados e aninhados um ao outro. Agora o ômega se sente pequeno demais no meio daqueles lençóis.

Demorou um pouco para que ele pudesse levantar sem chorar, o que já seria uma grande vitória para ele naquela manhã de primavera. Calçou suas pantufas quentes, alcançou seu roupão champanhe na poltrona perto da cama e se vestiu por cima do seu vestuário noturno, indo em passos lentos como os de um zumbi atropelado até seu banheiro da suite.

A cada espaço vazio que antes era ocupado por coisas de seu ex marido era como um novo golpe de adaga na alma já machucada. O ômega com aroma de laranja e canela então se olhou no espelho, olhando diretamente para seus olhos azuis cinzentos e cansados, não apenas daquela noite mal dormida, mas também por conta da vida que estava levando.

Não é fácil se separar de alguém o qual seu próprio corpo sempre disse que era sua alma gêmea, porém nunca houve tal prova de fato.

Louis esticou o pescoço e dedilhou a pele intacta, lamentando-se novamente por uma não existente marca naquela localidade. Se Harry é mesmo sua alma gêmea, o seu alfa, por que ele nunca o marcou se, quando você conhece seu companheiro eterno, você sente vontade de marcá-lo e suas presas finalmente aparecem?

Quer dizer, o de olhos verdes já disse inúmeras vezes o quanto suas presas apareceram durante o nó. E as vezes que o ômega sentiu seu pescoço formigar, como se fosse um chamado para ser marcado pelo seu ex marido? Incontáveis.

O de olhos azuis apenas suspirou fundo e ignorou o turbilhão de pensamentos quando ligou a torneira e começou sua rotina de skincare preguiçosamente sem vontade nenhuma. Ele ainda seguia aquilo como um ritual, mas porque havia prometido para si mesmo que não iria se destruir fisicamente por um amor de quase 20 anos.

Quando finalizou o processo de skincare matinal, finalizou o que necessitava de fazer no banheiro e caminhou para fora de seu quarto. Louis ouviu a voz de Samuel soar pelos seus ouvidos e em seguida a voz de Cecília contestar o irmão e até sorriu. Ele amava aqueles dois mais do que tudo.

O ômega chegou na cozinha após descer as escadas e passar pela sala lentamente para ouvir mais um pouco do que seus filhotes diziam. Ele chegou a conclusão de que era uma briga pela omelete com bacon.

"Para de ser egoísta! Esse bacon é da mamãe, Cecí." o filhote mais velho, de dezesseis anos, estava com a frigideira em mãos e batia com a espátula de plástico na mão de sua irmã cada vez que ela tentava pegar a omelete e jogar para seu prato.

"Mas ele nem acordou ainda! Por favor, vai. Eu quero o bacon e-"

"Vocês estão mesmo brigando por um pedaço de bacon às oito e quarenta da manhã? Que seres humanos eu gerei e criei?" quando a voz de Louis soou pela cozinha, seus filhos arregalaram os olhos e congelaram no tempo. A cena até era engraçada.

"Mãe, eu- Eu tentei separar o último bacon pra você, como você gosta! Mas a enxerida da Ceci quer tomar de você."

"Mamãe, meu mundo," a alfa de treze anos chegou perto de sua mãe com seus olhos verdes brilhantes e abraçou sua cintura. "Você quer seu baconzinho ou sua filhote favorita pode comer?"

Naquele momento, o único ômega da casa se segurava para não rir. O olhar de Sam era como se dissesse que sua irmã era baixa e suja. Já Cecília agarrava sua cintura e olhava com um olhar de cachorro pidão. O mesmo olhar de seu pai, e os olhos verdes brilhantes não ajudavam.

second chance, a charm. || aboWhere stories live. Discover now