Capítulo 10

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Eu e Matias crescemos praticamente juntos. Minha madrinha era sua mãe e também melhor amiga da minha. Por isso, em vários momentos importantes, ele estava presente. Mesmo que inúmeras vezes ele iria obrigado pelos pais.

Por causa de nossos gostos e da diferença de idade, ficamos separados.

Ele sempre gostou de videogame, e eu de ver filmes e musicas. Ele sempre gostou de ler livros de mistério e ficção cientifica, e eu de fantasia e romance. Ele sempre gostou de cozinhar, e eu de fotografia.

Eu nunca tinha reparado, mas mesmo com isso, nos conhecíamos bastante. E, relembrando nossa infância e adolescência no dia anterior ao Natal, acabamos percebendo isso.

No dia vinte e quatro de dezembro, não fui para a casa dos meus avós com meus pais, como fazíamos quase todos os anos. Fui para Arvene com Matias, onde apreciamos mais decoracaoes e fomos agraciados com um coral infantil e as comidas dessa época do ano.

No dia vinte e cinco, fui para a casa dos meus avós, almoçar com a família e alguns amigos. Minha mãe convidou minha madrinha para ir, como acontecia em todos os anos, mas dessa vez, ela tinha outros compromissos.

Por mais estranho que pareça, desde que chorei nos braços de Matias em Ballyz, foi a primeira vez que lembrei e me entristeci por causa de Jon devido as perguntas da minha família. Todos queriam saber sobre ele e nosso relacionamento. Evitava dar maiores explicações.

No dia vinte e seis de dezembro, estava em casa. Mais precisamente em meu quarto, guardando alguns presentes que havia ganhado no dia anterior, enquanto arrumava meu guarda-roupa. Relembrei dos últimos dias, desejando guardar essas lembranças especiais bem no fundo do meu coração.

Vi o embrulho do presente de Ludmila em cima da escrivaninha e tive uma grande ideia. Fazer um livro de fotografias do meu Natal. Eu e Matias havíamos tirado varias fotografias.

Ficaria incrível!

— Que bagunça é essa? — Matias perguntou, entrando em meu quarto.

Olhei para ele e cruzei os braços. Ele havia entrado em meu quarto sem bater ou anunciar sua chegada.

— Eu poderia estar trocando de roupa, sabia?

— Você não troca de roupa no quarto. — ele falou.

O pior era que ele estava certo. Sempre me trocava dentro de um banheiro. Ou, se eu fosse me vestir no meu quarto, deixava a porta trancada. Tomei trauma de quando eu fazia isso na casa de vovó Esther e minha tia entrou no quarto, sem bater. Eu tinha apenas oito anos, mas fiquei toda envergonhada, mesmo que a pessoa em questão fosse uma mulher.

— O que você está fazendo? — ele perguntou.

— Arrumando meu quarto. — falei, abrindo os braços, mostrando o óbvio.

Matias sentou na minha cama, colocando algumas das minhas roupas de lado.

— Pensei que deveríamos fazer isso no dia 30 ou 31. — ele brincou.

Apesar de amar o Natal e as festas de final de ano, não seguia todas as tradições.

— Acho que consigo deixar tudo arrumado até janeiro. — disse, dando de ombros.

— Quer ajuda? — perguntou.

— E você sabe arrumar roupa? — perguntei, desacreditada.

— Quem você acha que arruma meu quarto? — ele perguntou — Minha mãe?

Ele riu e eu acompanhei sua risada. Sabíamos bem que organização não era o ponto forte de tia Raquel. Nesse aspecto, Matias puxou Otavio.

Com a ajuda de Matias, terminei meu trabalho mais rápido do que eu imaginava. Falei sobre meu Natal e ele do dele. Relembramos dos últimos dias. Riamos bastante dos acontecimentos.

Mesmo sem Jon, me diverti no Natal. Só não tinha noção do quão inesquecível ele seria.

— Sabe no que pensei? Em fazer uma espécie de livros apenas com fotografias desse Natal. Você tem as fotos que tiramos, não tem?

— Tenho sim. Posso te ajudar a escolher.

Peguei meu notebook e coloquei no colchão. Eu e Matias deitamos de bruços, conectando nossos aparelhos no computador portátil.

Pelo resto da tarde, escolhemos as imagens para o livro. Imprimir na impressora do meu pai. E com o que eu possuía no meu quarto, conseguimos colar as fotografias e fazer o álbum, como eu havia imaginado.

Nas folhas, colocamos as fotografias, com alguns adesivos que eu possuía e também tiradas da internet, fazendo algumas montagens. Também escrevi algumas informações.

Ficou perfeito!

— Acho que terminamos. — falei, fechando o álbum.
Olhei para Matias, sorrindo. Ele olhava fixamente para mim.

— Que foi? — perguntei.

Passei a mão pelo meu rosto, acreditando que tinha algum brilho colorido na minha cara.

— Nada. Só…

Matias levou a mão direita em meu cabelo, colocando uma mexa dele atrás da minha orelha. Seu olhar era de uma intensidade que nunca vi antes. Não vindo dele.

Ele inclinou na minha direção. Sua respiração estava irregular, assim como a minha. Fechei os olhos, sentindo ele se aproximar. Nossas testas se tocaram. E depois nossos narizes.

Em um momento de fraqueza minha, desejei. Desejei que ele se aproximasse mais e que realizasse a sua vontade. Mas, voltei a lucidez.

— Eu… eu tenho namorado. — murmurei.

— Eu sei. — ele sussurrou — Eu sei. — ele se afastou e eu abri meus olhos — Eu sei. — ele levantou da cama
— Eu sei.

Matias saiu do meu quarto.

Aquela foi a última vez que eu vi Matias, até o Natal seguinte.

Jon apareceu no dia trinta.

Por volta das uma hora da tarde, recebi mais de duzentas mensagens dele. Quando vi, me surpreendi. Meu primeiro pensamento foi xingar ele de todas as formas. Afinal, ficou praticamente duas semanas sem dar notícias. Mas, ao ler a primeira mensagem, compreendi tudo.

[JONATHAN, 13:42]: Dezesseis de dezembro, 09h21min.

[JONATHAN, 13:42]: Sei que a primeira mensagem pode te causar espanto. E provavelmente as demais também. Afinal, você receberá muitas delas. Estou em Henvilly, na fazenda da família de Kristen. Aqui não possui sinal de internet, nem telefonia. Ou melhor, possui, mas a a família dela decidiu desligar tudo para que todos pudessem se reunir em paz. Por isso, você não receberá notícias minhas. Mesmo que você não veja no exato momento, mandarei mensagem para você. Todos os dias. E jamais se esqueça que eu te amo.

Mais tarde, eu e Jonathan nos encontramos no adro, onde ele pode me explicar tudo.

O pai de Kristen, chamou ela para passar as festas de fim de ano na fazenda da família, onde ele morava com sua nova esposa e filha, próximo a casa dos pais. Apesar de estranhar, Kris aceitou. Porém, alguns dias antes da viagem, ela descobriu que o pai estava com uma doença grave, e que esses poderiam ser os últimos dias juntos. Mas, ele não queria que ninguém soubesse.

Foi por esse motivo que ela chamou Jon. Porque ele praticamente, cresceu com ela. E se conheciam muito bem para ser o seu apoio caso o pai dela fosse levado para junto de Deus.

Um dia após o Natal, Kristen perdeu o pai.

Eu e Jonathan conversamos. Nos entendemos. E reatamos.

Guardei o livro de fotografias do Natal em uma das gavetas do meu guarda-roupa. E junto dele, o sentimento que comecei a ter por Matias e o nosso quase beijo. Deixei apenas as boas lembranças das decorações das cidades que fomos.

Jon me amava. E eu amava ele. Matias foi apenas fruto de uma carência. Nada além disso.

♡♡♡♡♡♡

Oye, corujas! Como estão?

O que estão achando da história? E do capítulo de hoje? Será que ele mudará alguma coisa em relação a decisão de Natália?

Espero que estejam gostam. Syo!

Casamento De Natal Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang