Capítulo 07

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Bridget Swat: Filme reilarandense de drama; Filme triste.

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No dia vinte e um de dezembro, sábado antes do Natal, minha mãe chamou minha madrinha para ir a nossa casa. Ela sabia da minha briga com Jon. E queria tentar me animar de alguma forma.

Mas, eu não queria ver ninguém.

Como sempre, tia Raquel não foi sozinha. Matias e Otavio foram com ela.

Minha mãe e minha madrinha ficaram na cozinha, conversando e colocando as fofocas em dia. Meu pai e Otavio seguiram para a varanda, onde conversavam, bebiam e assavam carne. Matias permaneceu na sala, se jogando no sofá vago, enquanto eu estava deitada em outro, assistindo “Bridget Swat”, um filme triste e melancólico.

Estava querendo me debulhar em lágrimas, mas não choraria na frente dele. Seria mais um motivo para ele zombar de mim.

— O que aconteceu? — perguntou.

— Nada. — respondi, irritada.  

Não olhei para ele. Foquei apenas no filme. Do jeito que ele era comigo, se eu lhe respondesse, com certeza ficaria contra mim. Além dele sempre encontrar motivos para contradizer, ele era rapaz e amigo de Jon. Ficaria do lado dele.

— Para de besteira. Conheço você bem o suficiente para saber que tem algo de errado. — ele insitiu.

— Conhece nada.

— Eu te carreguei no colo, sabia? — ele falou.

— E daí? — perguntei, olhando para ele — Isso não significa nada.

Matias colocou o cotovelo no joelho, apoiando o rosto na palma da mão, olhando para mim, analisando minhas feições, parecendo mesmo preocupado.

— Qual é, Nathalia? Fala aí o que aconteceu. — ele pediu — Você está com essa cara emburrada faltando poucos dias para o Natal. Tem noção do quanto isso é estranho? Parece que eu entrei em um universo alternativo.

Não respondi. Voltei meus olhos para o filme que eu assistia. Felizmente, ele cansou de fazer perguntas que não teria respostas.

Pelo menos, era o que eu pensava.

Seu silêncio durou até a hora do jantar. Minha mãe chamou nós dois para a cozinha. Nossos pais ainda estavam na varanda, mas eu e Matias fomos para a cozinha, sentando em volta do balcão.

— Tia, porque a sua filha está tão mal-humorada? — Matias perguntou a minha mãe.

Quis pegar uma das panelas de pressão da minha mãe e bater com tudo na cabeça de Matias. Ele sabia muito bem que ela falaria tudo o que ele pedisse. Implorei em silêncio para que minha mãe ficasse calada, mesmo tendo a certeza de que ela  não manteria a boca fechada.

— Brigou com o namorado. — ela falou, como se não fosse nada demais.

Não sabia se minha mãe não estava ciente da gravidade da situação ou se ela acreditava que iríamos voltar rápido. Para o bem de nossa relação, torcia para que fosse a segunda opção.

— Sério? — ele perguntou e olhou para mim — O que você fez com JonJon?

Cruzei os braços e fechei a cara para Matias. O que fazia ele pensar que eu era a culpa?

Homens… sempre se defendendo.

— Por que vocês brigaram? — ele perguntou novamente.

— Ele viajou e vai passar as festas de fim de ano fora. — expliquei a contragosto.

— E…

Matias esperou que eu completasse, mas fiquei calada. Não tinha mais nada para falar. Aliás, eu nem devia explicações para ele.

— Eu sei que você ama o Natal, Nathalia. Que essa época é especial para você e tudo mais. — Matias comentou a falar e eu sabia que viria um “mas” logo em seguida — Mas, o mundo não gira em torno das suas vontades. Jon tem uma vida que vai além de você e não pode deixar ela de lado por você, por ser seu namorado.

— Ele viajou com Kristen! — falei mais alto.

— A amiga de infância dele? — ele perguntou — E qual é o problema?

Me segurei para não pegar a panela mais próxima e bater na cabeça de Matias por ele deixar de ser tão ingênuo e estúpido.

— Em que mundo você vive que o namorado fazer uma viagem com outra é normal? — indaguei.

— Em um mundo onde nem todo mundo é mau-caráter. — ele repondeu — Qual é o seu medo, Nathalia? Que ele te traia?

Não respondi, porque era esse um dos meus receios. Mas, responder deixaria tudo ainda mais real.

— Nathalia, Jon te ama. — Matias falou — Se for para ele te trair, é porque ele é mau-caráter. E, se ele for mau-caráter, seria aqui ou do outro lado do mundo.

— Você não entende… — falei.

Matias não entendia e jamais entenderia. Queria ver se fosse Alessandra fazendo uma viagem de fim de ano com algum amigo de infância se ele ficaria com essa calmaria toda.

Ele era um hipócrita.

— A verdade é que eu estou certo e você não tem argumentos para me contradizer e utiliza essa mesma frase clichê. — Matias falou, convencido — Minha mãe faz igualzinho.

— Matias! — tia Raquel brigou com ele.

Até esqueci que minha mãe e minha madrinha estavam presentes na cozinha, ouvindo toda a nossa discussão. Mas, também não era como se elas não tivessem acostumadas. Éramos assim desde sempre. Porque Matias adorava me dar lição de moral só porque era três anos mais velho que eu, mas sempre agia como se tivesse a experiência de um ancião.

— Estou mentindo? — Matias retrucou.

Felizmente, não era só comigo que ele era implicante.

— Desculpe, tia. Mas, seu filho é um irritante insuportável. — reclamei — Alessandra deve ser a pessoa mais tolerante do mundo para aguentar ele.

— Eles terminaram. — tia Raquel explicou.

Não apenas eu fiquei surpresa, como minha mãe também. Quando foi que isso aconteceu que eu não fiquei sabendo? Deveriam premiar Alessandra por ter aguentado Matias por quase dois anos.

— Por que? — minha mãe perguntou.

Porque ele é insuportável e ela não aguentou, pensei em dizer, mas fiquei calada.

— A gente estava percebendo que nossa relação estava mais para amizade do que amorosa. Então, resolvemos que cada um deveria seguir seu caminho. — ele deu de ombros — Já faz um tempinho. Cada um está focado em seus próprios objetivos.

— Aposto que ela te trocou por outro melhor. — não aguentei e soltei a implicância.

Ele merecia, afinal sempre menosprezava meus sofrimentos. Como estava fazendo com essa viagem de Jon para Henvilly.

— Nem tudo se resume a outra pessoa ou outro relacionamento, Nathalia. — Matias falou comigo — Você precisa tirar de seus pensamentos que as pessoas não conseguem viver sem um relacionamento. Nem tudo se limita a um outro alguém.

Revirei os olhos. Resolvi ignorar Matias pelo jantar.
E também pelo resto da minha existência.

Casamento De Natal Where stories live. Discover now