Capitulo 01

25 4 4
                                    

Burrota: Burro, idiota, tolo, estúpido, ignorante, imbecil.

Ehwan: Eca, credo, arghn, urgh; Expressão que indica nojo ou repulsa.

Tenis velho: História infanto-juvenil natalina; durante o Natal acontece varias pessas teatrais inspiradas nessa história.

♡♡♡♡♡♡

Natal, desde que eu me lembre, sempre foi uma data importante para mim. Não sabia explicar o porque, mas sempre senti que as grandes reviravoltas em minha vida aconteceria na última celebração do ano. Talvez, fosse por causa dessa áurea mágica que pairava no ar. Como se a qualquer momento, algo extraordinário fosse ocorrer.

E, até mesmo o próprio nome da festa trazia essa mensagem. Natal. Nascimento. Renascer.

Talvez, fosse mesmo uma mensagem para nós. Que, a cada Natal, deveríamos renascer. Buscar evoluir. Sermos pessoas melhores.

Era o meu décimo sexto Natal. E, como na maioria deles, estava reunida na casa dos meus avós maternos. Apesar de a casa não ser tão grande, possuía um quintal extenso para reunir toda a família. Ou quase toda, porque sempre faltava algum.

Após almoçarmos e trocarmos presentes, fui até a pracinha com a minha prima mais nova. Mesmo eu já tendo dezesseis anos desde junho, ainda não havia tirado minha habilitação. E, nenhum dos meus primos se disponibilizou a levar a caçula da família para ver uma das apresentações natalinas.

Sobrou para quem? Para mim.

Felizmente, a casa de vovó Esther não era tão longe assim da praça onde aconteceria a apresentação. Normalmente, gastaria cinco minutos até lá. Mas, com Christina, provavelmente demoraríamos uns dez minutos.

— Quando a gente chegar lá, você pode me deixar ver a peça. E você pode fazer outras coisas. — a pequena falou.

Dei uma risada irônica e forçada.

— Está louca? Tia Maria Lucia me mataria se eu te deixar sozinha e você se perder.

— Eu não vou me perder. — ela falou, com confiança — Eu não sou burrota, Nathalia!

— Você está querendo se livrar de mim? Por acaso está querendo encontrar algum namoradinho? — provoquei.

— Namoradinho? Ehwan! Eu só tenho dez anos.

A reclamação de Christina apenas me fez rir. Isso deixava a menina ainda mais brava. Mas, eu não deixava de provocar. Era minha diversão.

— Então? Por que você quer se livrar de mim? — perguntei.

— Porque você vai me fazer passar vergonha chorando por qualquer coisa. — ela explicou, como se fosse óbvio.
Me senti bastante ofendida com a sua acusação.

— Eu sou emotiva. E é uma peça de Natal! — expliquei.

— Não vamos discutir por isso. — ela falou, convicta.

Na pracinha havia um pequeno palco, fechado com cortinas pretas. A sua frente haviam várias cadeiras e bancos espalhados, com panfletos contendo informações da peça. Além de algumas barraquinhas espalhadas pelo local.

Felizmente, não estava muito cheio. Então, havia alguns lugares vagos. Contrariando minha prima e também para provocar, sentei ao lado de Christina. Ela me olhou de cara feia, mas não me importei.

— Tali! Compra um suco para mim! Por favor! O sol está quente demais. — Christina pediu, se abanando com o panfleto e usando sua voz fofa de quando queria algo.

— Você é uma folgada, garota! — reclamei — Se você sumir, Christina, você vai se arrepender amargamente.

Após ameaçar minha prima de dez anos, lançando o meu melhor olhar fatal e me levantei, caminhando até uma das barraquinhas. Realmente o sol estava muito quente. Deveria ter vindo com meu chapéu. Mas, vovó Esther me barrou na saída, dizendo que atrapalharia os outros, mesmo que ele não fosse tão grande.

Casamento De Natal Where stories live. Discover now