All Star

91 11 0
                                    

pra postar por aqui msm :)

                       》》》《《《

  – Valeu, cara! Até mais – o sorriso. A confiança. A entoação.

Tudo parecia perfeitamente forçado, uma educação cortês inibida aos primeiros anos da juventude, entretanto, em sua voz, em seu sorriso, parecia perfeitamente real. Talvez realmente fosse.

Tinha pele demais à mostra: as clavículas visíveis pela regata branca transparente, os braços para fora, os tornozelos revelados pela barra da calça jeans levantada, o All Star preto surrado de cano baixo demonstrando parte de seu pé.

O famoso óculos de sol, equilibrado no topo da cabeça.

Uma turista que praticamente gritava sem o uso da voz ou de palavras: "Onde está a maldita praia?"

Não poderia deixar de descrever ela. Sinceramente: acredito que não existam palavras que a descreveriam. Ou talvez existam, palavras emaranhadas, acumuladas umas nas outras vão completando-se, tomando significado e assim, posso lhe descrever detalhadamente, ao longo da progressão destas memórias. Mas gostaria de deixar um relato, um simples relato de sua beleza.

Os cabelos eram extremamente pretos, de forma quase não natural, mas espontaneamente confiante. O seu sorriso, competindo com seus olhos pelo título de "Parte mais bonita de Marceline", era perfeitamente planejado, não basta ter um sorriso bonito, também é preciso saber sorrir e ela tinha as duas qualidades em si. Possuia pequenas sardas, quase invisíveis mas ainda existentes, contornando o belo nariz, abaixo dos olhos. Aliás, os olhos, não poderia deixar de recordá-los, eram pretos, escuros e vazios, tão vazios quanto os espaços existentes entre as galáxias, mas significativos, profundos e complexos.

Foi a primeira impressão que tive dela. Caminhando para a casa de Simon, atravessando o gramado com uma mochila nas costas, a alça jogada em apenas um dos ombros. 

E, de repente, me encarava de volta, sorria para mim. Foi a primeira vez que o vi, de forma sincera e espontânea: o seu sorriso. Talvez fosse um sorriso que se abre a uma nova vizinha adolescente: gentil, sem extrapolar as fronteiras da falta de intimidade. Mas não foi isso que direcionou a mim: era algo a mais, um sorriso verdadeiro, sutilmente feliz.

Depois de uma eternidade (aproximadamente alguns poucos segundos no mundo fora de minha mente), abriu a porta de casa e sumiu tão rápido (ou devagar?) quanto chegou.

Pode ter começado ali: a regata branca, as clavículas, o tornozelo, o All Star, os olhos, o sorriso. Pode, sinceramente, não ter começado em momento algum: os sentimentos foram envolvendo-se e transformaram-se numa bolha de sorrisos desengonçados e corações acelerados.

E, num emaranhado de dúvidas, eu tenho apenas uma única certeza: no verão de 1994, eu, Bonnibel Bubblugum, me apaixonei por Marceline Abaader.

Verão de 1994 - BubblineWhere stories live. Discover now