Beaufort

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Lembrando das palavras de Samwise, Senhor dos Anéis__Se eu der mais um passo, vai ser o mais longe que eu já fui de casa até hoje__ Era oque estava sentindo no momento.

O mais longe que eu já fui de casa até então, era a casa de meus avós.
Me lembro muito bem de falar para minha mãe enquanto íamos para até a casa deles "Nossa mãe, porque a casa do vovô e da vovó é tão longe da nossa?", Agora eu percebo o quanto eu não tinha noção do que era realmente longe. Para mim ir até o centro da cidade quando criança, era ir tão longe quanto ir a outro país.

Logo quando cheguei no terminal de Beaufort, percebi que o cheiro do ar que era diferente, havia um gostoso e estranho cheiro de verde.

Lembro de ler em um livro quando criança, que dizia que esse cheiro se chama "Petricor". É o cheiro de terra molhada pela chuva.
Beaufort tinha esse cheiro que predominava o ambiente. Em minha cidade quando chovia o único cheiro que podia se sentir era o de lixo, então o cheiro de petricor de Beaufort era extremamente reconfortante.

Como na cidade não havia táxi, tive que ir até a casa de meu tio apé, oque não foi uma experiência muito agradável, já que levar uma mala pesada na estrada de terra é meio difícil, a rodinha da mala sempre enroscava em uma pedra ou em um galho, acho que essa é a exata definição de pedra no caminho.

No meio do caminho Marcos meu tio, aparece e me dá um forte abraço, era como se já nos tivéssemos visto pessoalmente a anos. Ele logo diz com um sorriso enorme no rosto __Me desculpe Ana, eu já estava indo para o terminal, eu perdi um pouco a hora. Como é bom finalmente conhecer minha sobrinha preferida...e única__ Ele pega minhas malas e leva pelo resto do caminho até sua casa.

Chegando lá, tudo que eu havia sofrido na estrada e as horas que passei naquele ônibus barulhento finalmente valeram apena. Aquela casa estilo californiana anos 90 com vista ao lago... Tinham compensado toda a caminhada, e estresse.

Mesmo querendo me distanciar da praia parece que por uma brincadeira do destino, a casa era toda decorada com uma estética praiana, tinham conchinhas espalhadas por toda casa, as paredes eram todas cor de areia, haviam muitos quadros com fotos de praia, sem falar das cadeiras feitas de palha no fundo da casa. No fundo toda essa estética um pouco exagerada se tornava até que aconchegante.

Marcos me leva até o quarto em que eu iria ficar hospedada pelos próximos 3 meses, olha para mim e diz__espero que você goste do quarto eu decorei só pra você não sabia exatamente que cor que você gostava, então o pintei de azul, caso não goste pode me avisar. __Eu logo o retruquei falando__Que isso tio não precisa se preocupar, eu não me importo com a cor nem nada, do jeito que está é perfeito__ Digo com um sorriso meio sem graça no rosto. Marcos logo olha para mim e diz__ É realmente muito bom finalmente te conhecer pessoalmente, pode ficar aqui o tempo que quiser__ Ele diz já saindo do quarto, assim me deixando sozinha.

Marcos perdeu sua esposa Ariel a pouco tempo, ele a amava demais então dava pra ver uma silhueta triste no mesmo, sempre foi uma pessoa muito incrível, então não merecia passar por isso, por isso enquanto estivesse na casa dele evitaria de falar sobre Ariel. Ela realmente era como uma sereia então por isso da casa toda com decoração praiana, acho que é muito difícil superar quando se mora em uma casa que lembra tanto da pessoa amada.

Ao desfazer minha mala no quarto "azul", percebi que havia um bilhete de minha mãe no meio de minhas roupas, dizia " se divirta como nunca", ela podia ser fofa quando queria. Sempre fui muito ligada a minha mãe, mas ficar pensando nela nesse momento só iria me deixar triste, então logo me recompus.

Depois de uma bela cochilada na cama do quarto azul, que por sinal tinham uma quantidade exagerada de almofadas em cima, eu descido ir a cozinha comer um pouco, já que a última coisa que eu tinha comido era um salgadinho que infestou todo o ônibus com seu cheiro de chulé vencido, a senhora que estava sentada do meu lado me deu uma bela olhada brava.

Enquanto pegava o lanche que havia feito, vi um bilhete na geladeira de meu tio dizendo "volto logo".
Ia em direção ao sofá da sala, no meio do caminho olho para o lado de fora da casa por meio das portas de vidro, que por algum motivo não haviam cortinas. Percebendo no que ocorria afora da casa, me deparo com um rapaz de pele bronzeada, e cabelos tão negros quanto a noite,o mesmo estava sentado no deck do lago, quem era ele?

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Notas do escritor: esse capítulo como os outros, estão sujeitos a mudanças. Então de tempos em tempos, recomendo que uma olhada na história novamente. Obrigada.

O Silêncio Do VerãoWhere stories live. Discover now