Viagem

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O dia da viagem avia chegado. Me encontrava nervosa neste momento, nunca tinha viajado sozinha para tão longe.

A única viagem que avia feito ''sozinha'', foi para um passeio escolar no fundamental, no qual passei a viagem toda do lado de uma inspetora mal humorada. Lembro de chorar todas as noites que passei naquele acampamento. A inspetora mal humorada até vinha me consolar algumas vezes, dizia "logo você vai voltar para casa", como uma tentativa de me fazer parar de chorar, mas como percebeu que não adiantará nada, logo ela desistiu.

Então pode se dizer que essa viagem para Beaufort, seria a minha primeira completamente sozinha.

Diferente de minha cidade que era uma completa confusão, cheia de carros e pessoas barulhentas, Beaufort era pequena e silenciosa. A cidade era conhecida por ser perto da floresta, e por seus muitos lagos. Um bom lugar para se passar férias de verão sem muitas preocupações.
Queria me afastar das cidades praianas, pois sabia que elas estariam repletas de jovens adultos recém formados do ensino médio, e tinha plena certeza de que não queria me encontrar com nenhum aspirante a adulto bêbado.

Havia feito minhas malas com ajuda de minha mãe.
Ela não parava de me dizer que iria sentir minha falta nessas férias, e que não seria a mesma coisa sem mim em casa. Eu sei que ela me ama mas seriam apenas 3 meses longe de casa, então não era como se eu nunca mais fosse voltar.

No ultimo dia em minha cidade natal ela me levará em nossa lanchonete favorita,a Willy's, um nome estranhamente americanizado pra uma lanchonete de família italiana.

Lá comemos nossos lanches favoritos, o meu era um hambúrguer artesanal divino que só o cozinheiro de lá sabia fazer. Minha mãe diferente de mim havia pedido uma espécie de baguete com saladas que pedia regularmente, realmente acredito que só ela pede aquilo.
Sempre íamos na mesma lanchonete nos verões desde criança. O atendente chamado Pomodoro, já grisalho, dava em cima de minha mãe como de costume, sempre dizia como ela era bonita com seu sotaque italiano.
Ana sempre entrava no jogo, jogava seus cabelos acinzentados por cima de um dos ombros, dava piscadinhas e no final de seu joguinho pedia batatas fritas de graça, e ele nos dava. Acredito que Pomodoro sabia que tudo isso era apenas pelas batatas, mas acho que o mesmo tinha esperanças que ela iria um dia Ana iria querer ficar com ele.

No dia seguinte, antes de sair para a rodoviária pegar o ônibus de viagem, minha mãe me dá um colar com um pingente da árvore da vida, ela sempre soube que eu amo a floresta, então aquele pingente representava muito. Eu a abraço como forma de agradecimento, e ela me ajuda o colocar no pescoço.

Quando criança amava ir a casa dos meus avós apenas para andar pela floresta que havia perto de lá. Lembro-me que imaginava que era uma fada protetora e fingia que espantava o homem mal que afligia a mata, que por sinal sempre era meu avô que interpretava o papel, era sempre muito divertido.

Minha mãe me olha e diz sorrindo enquanto me levava para a rodoviária da cidade de carro __Se divirta muito lá meu amor, sei que será muito boa sua viagem. A neném da mãe já está crescendo__Suas palavras pareciam melancólicas, e ao mesmo tempo cheias de amor.

Assim que chegamos, eu saio do carro e a dou um beijo de despedida mas não dá tempo de fazer muita despedida, pois percebo que o ônibus já está na vaga então dou um tchauzinho e corro até o automóvel e entro.

O Silêncio Do VerãoWhere stories live. Discover now