EM CUBOS

Capítulo 12 - Fernanda

No momento em que o Gustavo apareceu salvando minha vida daquela louca, fiquei tão feliz em rever ele, naquele momento eu realmente entendi o que seus presentes queriam dizer e foi ali que percebi que também gostava dele. Eu abracei tão forte, mesmo ele parecendo tão diferente, tão mais metálico, eu sabia que ainda era o mesmo Gustavo. Contudo, não consegui entender muito bem os eventos seguintes, pois tudo estava acontecendo e sendo jogado na minha cara de uma forma tão rápida, que era necessária uma câmera lenta para processar as informações ou algumas pausas. Gustavo foi em direção do Well e tirou as calças e começou a gritar com ele, eu virei de costas, não queria ver o Gustavo pelado assim do nada, precisa ter o momento. Então um rapaz começou correr em direção do Gustavo dizendo "Solta meu homem!" e do nada virou um tipo de lobo bem grande e puxou o Gustavo. Eles começaram a brigar, dando socos, chutes, era uma verdadeira briga de monstros. Foi quando vi Well esborrachado no chão como uma ameba, a tal da Larissa gritava com os dois monstrinhos para acabar com a briga sem sentido.

Neste momento, eu descobri com todas as certezas que eu sou um ser completamente estúpido e que não gosta da própria vida, sai correndo e entrei no meio da briga dos dois e fiquei parada lá igual um espantalho pronto para ser atacado por pássaros e virar um depósito de fezes. Eles pararam por um segundo e me olharam como se eu fosse algo insignificante, mas engoli a saliva que desceu raspando como se fosse tijolo (já mordi alguns tijolos) e disse:

— Se acalmem! Por favor! Gustavo, eu estou aqui e estou bem e você senhor lobo, acho que você conhece o Wes, então é melhor cuidar dele né?

Eles concordaram com a cabeça dando uma pausa, o senhor lobo, foi até o Wes e de repente virou um jovem de cabelos loiros com uma cauda, mas irresistivelmente lindo, Larissa se aproximou de ambos, conversou algo com o senhor lobo, que eu não entendi, virou para mim e gritou:

— Vamos montar um acampamento! – Eu assenti balançando a cabeça.

Na sequência voltei meu rosto para Gustavo que parecia um tanto envergonhado, acredito que por conta dos acontecimentos recentes, corri e abracei ele para reconforta-lo, ele me abraçou de volta, senti suas mãos metálicas passarem de forma suave sobre meus cabelos, neste momento, eu não tinha mais dúvidas, então beijei ele com tanta vontade, que chegamos a cair no chão, ao separarmos do beijo, ele me olhou desconfiado e disse:

— O que isso significa?

— Que eu também sou apaixonada por você, é que sou tonta demais para perceber as coisas! Além disso, caiu a ficha que estamos num local onde podemos morrer a qualquer hora, então acho que podemos começar a namorar oficialmente? O que me diz?

— Com certeza! Quer dizer sim! Estou feliz! – ele começou a chorar e eu não sabia o que fazer, até que Thoný nos interrompe:

— D-desculpe interromper o chamego de vocês, mas estou morrendo aqui – ele fala com a voz super fraquinha, rangendo os dentes. Então fui correndo a barra do Well e do lobinho e escutei alguns estalos, pareciam ser beijos, entretanto eu precisava de ajuda com meu irmão, pois não tinha ideia do que fazer. Chamei pelo Well, ele saiu da barraca e perguntou:

— O que foi Fernanda? – Me arqueando as sobrancelhas.

— Meu irmão, ele está morrendo, algo assim, devido ao dom dele, que foi usado mais cedo – Então o lobinho sai da barraca.

— Vamos até seu irmão, eu sei como ajuda-lo! – Disse Well;

— Eu sou Fernanda, moço – Falei, me apresentando para o lobinho, ele respondeu:

— Você é a empata...Aí – olhei para o chão e vi Well dando um pisão no pé dele – Eu sou Thiago.

Seguimos para onde meu irmão estava, ele já aparentava estar morto, todo esbranquiçado, tremendo muito, Well se aproximou e cochichou algo no ouvido ele e meu irmão concordou com a cabeça. Well mordeu os próprios lábios e começou a sangrar muito, então beijou meu irmão com aquele monte de sangue. Eu fui para cima dele, então todos me seguraram, e eu só gritei:

— Que merda você está fazendo? – Thiago então respondeu:

— Por mais que eu odeie, está salvando seu irmão! – Well parou e olhou para Thiago dizendo:

— É uma criança que estava morrendo! – Então, meu irmão suspirou aliviado e disse:

— Obrigado por me salvar – Corri para meu irmão e continuava incrédula, onde ele disse – Ela merece umas explicações!

Então, todos nós sentamos e me contaram uma história muito louca e muito fragmentada, mas entendi que o sangue do Well tinha dom de curar pessoas com habilidades extraordinárias como meu irmão, então perguntei algo:

— Sua habilidade seria capaz de curar o Gustavo? Pois ele virou um rapaz meio humano, meio robótico.

— Sinceramente Fernanda, não faço ideia; depende de muitos fatores, principalmente de fatores genéticos e se não funcionar o efeito colateral vai fazer o Gustavo envelhecer em umas duas semanas e acabar morrendo.

— Então, meu irmão poderia ter morrido? – Indaguei.

— Dificilmente, pois ele possui o gene mutante, é que o gene que todos que possuem essas habilidades tem.

— Resumindo – eu disse – Não entendi nada e está tudo bem!

— Não sendo uma jovem mística Fernanda, está tudo bem! – disse Larissa e eu não entendi.