Capítulo 6 - Gustavo

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Eu definitivamente não gostava muito do Well, pois sem usar uma única palavra, ele tomou Fernanda de mim, ela virou uma boiola por causa desse vadio. No entanto, Well era uma pessoa simpática, divertido, engraçado, inteligente e ainda deixou a gente organizar uma festa na casa dele. Eu não sei se poderia chama-lo de amigo, mas com certeza era alguém que poderia tornar-se um.

Acabei de chegar no colégio acompanhado de Fernanda, eu amava passar tempo com ela, apesar de eu dar todos os detalhes que eu a amava muito, ela nunca pareceu corresponder meus sentimentos, sempre me tratou como um irmão, isso era definitivamente frustrante. Sentamos em nossos lugares, passou-se quase a primeira aula inteira e o professor de inglês não apareceu, o que era realmente algo de se assustar, pois ele nunca se atrasa. Então, de repente escutamos um barulho similar a uma explosão, o prédio do colégio parecia tremer, Well e o professor de inglês entram correndo na sala e Well grita:

— FUJAM! CORRAM! – Marina pergunta:

— O que está acontecendo? – O professor de inglês responde:

— Vários homens fardados invadiram o colégio e estão atirando, jogando bombas, matando os alunos, não sei o que isso significava, mas fujam.

Um alvoroço começa na sala de aula, com todos tentando fugir, exceto Fernanda que dormia em sua carteira como se nada mais fosse importante, eu ia na direção de sua carteira, mas Well chegou primeiro e simplesmente a pegou no colo, como se fosse o namorado dela. Ele passou por mim e disse:

—Vamos Gustavo, não podemos ficar aqui, aquelas caras estão matando mesmo! Eu vi!

Saímos da sala de aula as pressas, mas algo pareceu acertar a perna do Well e ele caiu no chão, jogando Fernando um pouco a frente, logo os homens fardados aparecem e dizem:

— Estes parecem estar saudáveis para o plano, olha que esse aqui ainda recebeu um tiro e parece bem, pegue eles e aquele idiota olhando para nós – Eu estava paralisado, perplexo com o que estava acontecendo, o que tudo isso significava.

Uma mulher de jaleco aparece atrás dos homens de farda e injeta um líquido no braço do Well e da Fernanda e sinto um choque elétrico acertar meu corpo e a mesma mulher injeta o liquido em mim e aos poucos vou perdendo os sentidos e meus olhos fecham vagarosamente.

Abro meus olhos e vejo diversas pessoas ao meu redor, máquinas, eles diziam palavras sem nexo para mim, meus olhos não aguentava muito essa situação, senti meu corpo dolorido e cansado e a única coisa que minha mente conseguia desejar era tirar um lindo sono.

Ao abrir meus olhos pela segunda vez, identifico copas de árvores acima de mim, folhas ao meu redor, a paisagem lembrava um bosque, eu sentia muita dor no corpo, principalmente no meu estômago, na minha pelve e meu braço, até eu reparar que meu braço era de metal. Neste momento um surto percorria meu cérebro, como isso aconteceu? Cadê o meu braço? Por que estou com essa prótese de metal? Ela se move perfeitamente ao comando do meu cérebro? Como isso? Neste momento eu não queria olhar as outras partes do meu corpo que sentia dor, algo poderia estar pior que o braço.

Olhei para minha barriga e longas faixas percorriam sobre ela, abri lentamente as faixas e encontrei cortes com pontos, um dos cortes haviam mais de oito pontos, mas teoricamente tudo parecia bem, fui verificar minha pelve e para meu desespero não encontrei meu pinto! Onde está o meu neném? Que desgraça é essa? Trocaram meu sexo? Qual o sentido disso?

Eu sentia que aos poucos iria enlouquecer. Afinal que merda era essa, eu estava me tornando uma mulher ciborgue, ou apenas um ciborgue? Ciborgues tem gênero? Minha cabeça latejava, meu corpo remoía a dor dos pontos e da ausência dos meus órgãos, principalmente meu bebezinho que nem conseguiu fazer uma estreia, nem cheguei a usá-lo em alguém, em nenhum orifício de alguém, pois estava me guardando para a Fernanda, agora nem pênis tenho mais, eu poderia ter aproveitado mais e ao menos tê-lo testado.

Preciso concentrar-me para consegui sobreviver, não sei ao certo onde estou ou o que fizeram comigo, mas eu nunca desejei morrer e mesmo que isso afete a minha virilidade (Desculpa, mas minha masculinidade é frágil), eu quero continuar vivendo e conquistar a Fernanda, então vamos superar essa dor e analisar onde estou.

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