Música Triste Para Animar

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[Notas da Autora]
Primeiramente... Desculpem a demora pra atualizar os bagulho aqui. u.u
Segundamente... Eu escrevo pouco nas atualizações para que cada capitulo fique como se fosse um dia específico, mas não cronológicamente, pq né migas... Nao ta fácil achar tempo e disposição para continuar.
Terceiramente... Olive é meu pau de bigodinho. Amo vcs que tentam me dar forças para continuar e vamo que vamo

(...)

Conforme o inverno se aproximava, os dias passavam mais devagar e a ansiedade de rever a garota bêbada da dark room só aumentava. Conversávamos não muito, mas o suficiente, e algo que eu gostava nela era o senso de humor um pouco sarcástico. Como eu disse antes, ela era alguém que você tem vontade de conhecer, e assim o fiz... Perguntei várias coisas a ela e aos poucos me acostumei com as nossas conversas diárias.
Falávamos sobre poucas coisas, mas principalmente sobre séries e música. Tínhamos bandas, programas, músicas entre outras coisas em comum. Tenho que adimitir que passei a gostar de Jake Bugg quando ela mencionou em uma de nossas conversas uma música chamada "Slide".
O meu favoritismo por músicas alegres e contagiantes se esvaiu conforme eu fui conhecendo as "Sad Songs" de letras depressivas e ao mesmo tempo reconfortantes... O ritmo, a melodia, a voz e até os instrumentos tornavam-se melhores e mais audíveis do que apenas aquele "tuts tuts" que eu estava acostumada a ouvir.
Tudo parecia mais calmo, mais leve e mais transparente quando eu conversava com ela.
Eu acredito que cada pessoa que entra na sua vida te trás um sentimento diferente, mas essa garota despertava curiosidade em mim, não sentia apenas vontade de ficar com ela e sim de tentar aprender sobre ela cada vez mais. O meu romance anterior era algo lúdico que funcionava apenas para mim, pois eu me entregara rápido demais a alguém que não pretendia evoluir junto comigo. E o que havia sentido era um efeito placebo, funcionava só porque eu acreditava no efeito que tinha sobre mim.
Mas como explicar o que estava acontecendo agora ?!
Eu apenas me deixei levar... Quis conhecê-la, sem expectativas, sem esperar nada. Só ir vê-la.
Então o dia chegou. Domingo. Saí do trabalho e quando cheguei em casa não tinha ninguém, na hora me deu até preguiça de sair, mas decidi que iria mesmo assim e o cansaço não me impediria de rever a Raquel.
Já estava atrasada. Desci as escadas correndo, peguei a primeira condução que passou e contava os minutos para chegar no shopping que a encontraria. Mas aí eu lembrei que esqueci onde ficava o Shopping de Madureira, coisas irônicas da vida...
Acabei me perdendo, andei muito e falei com tantos estranhos que poderia até fazer um mapa tendo os pontos de barraquinhas e vendedores ambulantes como referência.
Então eu vi uma placa que indicava o caminho do shopping e a segui, não demorei muito e cheguei lá. Mas a Raquel não estava onde marcamos de nos encontrar e comecei a pirar... "Meu deus, ela deve até ter ido embora. Se ela estiver aqui ainda, como irei reconhecê-la ?!" fiquei com tantas dúvidas que não sabia nem por onde começar a procurar. Entrei no shopping e a primeira loja que vi foi a Americanas, e por pura coincidência ou sei lá o quê, eu vi uma garota de óculos saindo da loja e que simplesmente sorriu pra mim. Então eu sabia. Sabia que era ela e nem precisei procurar muito, meu coração palpitava e minhas mãos suavam frio. Ela era muito mais linda do que eu lembrava... Caminhei ao seu encontro e a abracei. Sabe aquele abraço que você tira a pessoa do chão e a aperta bem forte ?! Sim, foi esse tipo de abraço.
- Você é forte! - disse ela.
Quase respondi "Você que não pesa nada." mas eu ri e disse que não era.
Ela me apresentou aos seus amigos, um casal e um garoto magrelo e muito engraçado que mais tarde eu fiquei sabendo ser o seu irmão. Rafael.
Eu estava com pouco dinheiro e precisaria de um lugar para retirar da minha conta bancária.
- Gente, vocês sabem onde eu posso achar um banco 24hrs ? - perguntei.
E eles me responderam que talvez tivesse no andar de baixo.
- Vou ir lá então. Me esperem aqui.
- Eu vou com você. - Raquel falou já seguindo na frente. Me surpreendi. Porque achei que ela nao iria me acompanhar.
- Vai lá com a tua namorada. - o Rafael falou brincando.
Eu sorri e achei que ela ia negar ou falar algo reprovando o que ele havia dito. Mas não, ela apenas sorriu também.
Acontece, que eu sou uma pessoa muito insegura e o mesmo medo que eu tenho de confiar em pessoas erradas eu tenho de não conseguir me adequar à grupos e às pessoas que eu conheço.
Andamos atrás de um banco 24hrs para ver se meu dinheiro já tinha caído na conta e para o meu azar... Nada. Fazíamos piadas enquanto andávamos e por incrivel que pareça meu nervosismo foi diminuindo. Voltamos para onde os outros nos esperavam e o jeito foi ficar perambulando pelo shopping enquanto eles decidiam se iriam ao cinema ou não.
Em meio a tantas discussões sobre onde ficaríamos e o que eles iriam comer, decidiram ir para o Bill Grill.
Fizeram o pedido e eu ficava lamentando meu celular ter descarregado, pois eu me sentia um pouco só. Porém toda vez, a Raquel puxava assunto... E eu gostei muito de ela não ter me deixado de canto.
Quando o pedido saiu e todos foram pegar, fiquei sozinha com ela na mesa, e começamos a brincar com coisas idiotas, tipo o meu boné do Flash. Falamos sobre super heróis ela disse que o seu preferido era o homem aranha.
Quando os outros voltaram ela serviu o meu prato e comemos em silêncio. Acabou sobrando comida e o Rafael queria levar as batatas no bolso da camisa, o que foi muito engraçado.
Eles decidiram embalar o que havia sobrado para viagem e de novo ficamos sozinhas à mesa. Então ela começou a jogar pedaços de chocolate em mim e foi uma guerra de chocolate.
- Abre a boca. - ela disse segurando um pedaço de chocolate e ovomaltine da Hershey's.
Eu abri, ela jogou e acertou direitinho! Rimos e ela continuou tentando acertar outros pedacinhos. Um pessoal que estava na mesa próxima a nossa, olhava pra gente, e talvez devessem pensar "nossa, que retardadas." mas aquilo que estávamos fazendo era muito fofo, parecíamos nos conhecer há tempos.
Quando deu a hora de ir embora eu já não queria me despedir... Ficar ao lado dela era tão bom que eu queria ficar grudada a ela, minhas mãos estavam tremendo anseando pelas dela. Queria segurá-las e não soltar mais... Abraçá-la e jamais deixá-la ir para longe de novo.
Sei que não devia me sentir assim, que não devia permitir esses sentimentos considerando o que havia passado recentemente, mas arriscar me magoar de novo não vai doer mais que as últimas vezes, pois agora eu já estava preparada e ter meu coração partido novamente já não seria tão ruim e nem uma novidade.
Enquanto aguardávamos a amiga dela no Mc Donalds, sem ter motivos eu a mordi no ombro, não sei porque, mas mordi. E quando me dei conta do que havia feito esperei uma reação negativa, algo do tipo "cara, aqui não. Sem demonstrações de afeto por favor." ou "não faz isso que eu não gosto ." senti uma puta vergonha do que havia feito, mas ela apenas me olhou e riu muito. Aquilo foi inesperado! Pois há tanto tempo eu saia com garotas que só se importavam com o que os outros pensavam e eu ficava com aquilo reprimido, sem poder fazer carinho, pegar na mão ou até mesmo morder discretamente.
Saímos do shopping e os amigos dela pegaram um caminho diferente. Como alguém iria buscar a ela e seu irmão eles me levariam até o ponto que eu pegava ônibus e depois voltariam para o shopping.
Durante o caminho umas garotas passaram pela gente e o Rafael falou algo muito engraçado:
- Ih Raquel, mais respeito com a tua namorada ai, fica olhando pras outras sapatão que passa na rua.
Eu decidi ir na corda da brincadeira também...
- Pois é amor, eu aqui do lado e você olhando pra essas mina ai. Vou terminar com você hein. Acabou o amor.
Ela então fez algo que eu nem imaginava que aconteceria. Pegou minha mão e disse:
- Não amor, não faça isso. Eu nem olhei pra elas.
Começamos a rir muito, mas eu não soltei a mão dela e ela também não fez questão de soltar a minha, apertava mais forte e eu sentia aquela vontade imensa de sorrir de uma ponta da orelha até a outra.
Quando paramos no ponto final pra esperar minha condução o Rafael pediu pra gente não ficar se agarrando que ele não queria segurar vela. Brincamos com uma latinha de cerveja, chutando e jogando um para o outro quando eles receberam uma ligação de que já os estavam esperando em frente ao shopping.
Na despedida eu e Raquel nos abraçamos forte e nos beijamos, vários sorrisos em meio aos beijinhos carinhosos de "até sabe deus quando nos veremos"... Como se fosse a última despedida mesmo.
E então eu me vi sozinha de novo, sem ela... senti um vazio estranho misturado com a alegria de ter passado ao menos um tempinho com ela.
Peguei o ônibus e passei a viagem toda sorrindo pensando nos poucos momentos que tive ao lado dela. Todo aquele carinho e "não ligo e nem me importo de ser afetuosa com você" me fez tão bem que eu tive a certeza de que aquela seria a minha melhor noite de sono em dias.

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