Tomando as mãos de Seokjin entre as suas, sentindo-as macias e enérgicas, colocou-lhe a aliança no anular esquerdo.

Um arrepio percorreu a espinha de Seokjin.

"Você está apenas nervoso, Choi Seokjin", disse para si, ao ver-se tomado por uma intensa emoção, que logo tratou de sufocar. "É natural que se sinta assim, depois do desgaste dos últimos dias... Mas não se esqueça nunca de que este casamento é um arranjo para o bem de Soobin. E não deixe que seu caráter romântico lhe pregue peças."

Mas a verdade era que Seokjin estava comovido com a cerimônia, por mais que se negasse a admitir o fato. Tudo estava impecável — a decoração, o clima, os convidados. Há muito tempo deixara de pensar em casamento, acreditava que não era mais um sonho acessível para ele. Mas, agora estava ali, casando-se, e logo com Kim Namjoon. 

Se um dia tivesse se dado ao luxo de pensar como seu casamento seria, desconfiava que seria exatamente daquela maneira. E isto o comovia de certa forma.

— Eu os declaro marido e esposo — disse o sacerdote, com sua voz rouca e cadenciada. Voltando-se para Namjoon, acrescentou, num tom informal: — Pode beijar o noivo.

Durante a semana inteira, Seokjin esforçara-se para não pensar no momento que agora se apresentava. Beijar um homem sem estar apaixonado por ele poderia ser tão desagradável quanto beijar uma estátua, ele disse para si, erguendo os olhos para Namjoon, que o fitava com uma expressão absolutamente neutra.

"Ele também deve estar se sentindo assim", Seokjin concluiu. Seria um esforço para ambos, não somente para ele, e isso o consolava. Se bem que Namjoon poderia não ser um romântico incansável como ele, e talvez, para o alfa, beijar fosse como andar pelas suas terras no fim de tarde: algo corriqueiro, sem muito esforço ou expectativas envolvidas.

Não pôde pensar em mais nada, pois Namjoon já se curvava, envolvendo-o num abraço inesperado, segurando-o bem junto de si. E quando ele tocou os lábios dele com os seus, Seokjin sentiu o coração disparar com violência. Não passara de um selinho demorado, mas fora o suficiente para deixar o ômega um pouco atordoado. Havia mesmo beijado Namjoon? 

Diferente dele, o alfa continuava impassível.

— Viva! — gritou Kim Minseok.

Foi como se todos houvessem esperado por aquele sinal. Num ato que parecia previamente ensaiado, os convidados subiram ao tablado e rodearam os noivos, trocando apertos de mão, beijos e abraços.

Seokjin sentia-se no meio de um furacão emocional. Não estava acostumado àquelas manifestações, nunca fora o centro de nada em toda a sua vida, e seu maior desejo era fugir dali o mais depressa possível.

"Sou mesmo um bicho do mato", pensou, mantendo um sorriso formal no rosto tenso.

— Não gosto de sair no meio das comemorações — disse o sacerdote, elevando a voz sobre as congratulações e cumprimentos. — Mas tenho de oficiar outro casamento daqui a uma hora. Sr. Kim, será que poderia me acompanhar até o carro? — indagou, voltando-se para Seokjin, que levou alguns segundos para compreender que o ômega falava com ele.

Sr. Kim... Era assim que as pessoas o tratariam dali por diante.

Seokjin não relutou em atender o pedido. Estava ansioso por sair um pouco daquela espécie de palco onde era o ator principal. Além do mais, havia percebido que o sacerdote desejava lhe falar a sós.

De braços dados com o velho ômega, deixou-se conduzir por entre os carros parados no pátio até um velho sedã cinza-metálico, muito bem conservado.

Casamento por conveniência | NamjinWhere stories live. Discover now