⊘7

37 6 68
                                    

Não caminhamos muito.

Isso era um fato.

Contudo, meu corpo estava me traindo a cada passo arrastado. Nunca estivesse tão dolorida em minha vida e posso afirmar que se isso for uma sensação diária daqui para a frente, eu iria preferir a morte. Qualquer mal jeito, um gemido de dor escapava da minha boca e Sam soltava risadas baixas.

Meave, por outro lado, nos guiava pelos corredores abandonados em silêncio até o lugar que haveria esse alguémque, segundo ela, poderia me ajudar. Não sabia dizer se estava ansiosa ou tranquila. Normalmente estou esperando reações espalhafatosas quando alguém esta descontente com algo, mas isso eu sabia que era o meu maior erro. A pessoa estar em silêncio não quer dizer nada com relação a paz interna.

Nem todo mundo surta de maneira desequilibrada e avança fisicamente, Cora. Nem todo mundo é igual a mim.

Engoli a seco tentando esquecer dos meus momentos de "glória" que ocasionaram as constantes dores pelo meu corpo e desci meu olhar para algo que, a meu ver, era, no mínimo, hipnotizante. Meu rosto inteiro ficou quente e sabia que a coloração havia ficado avermelhada.

Pelo amor de Deus, Cora. Ficar olhar para a bunda dela não vai fazer com que você fique menos estranha.

Muito pelo contrário.

Que inferno. Ela deveria ter mantido o jaleco branco. A calça de couro envolvia suas pernas e sua enorme bunda de forma justa.

Justa até demais. Pigarreei de novo e desviei meus olhos para o chão branco empoeirado do corredor. Fechei os punhos assim que percebi que as palmas das minhas mãos estavam molhadas por causa da minha imaginação que voou longe. Imaginar ela sem roupa chegava a ser tão cruel que doía.

Meu deus, eu estava me tornando uma pervertida.

— Te peguei de jeito, né? — A voz grossa ao meu lado fez com que meu coração disparasse. Senti meu rosto queimar mais ainda. Demorei um pouco para racionar que Sam estava do meu lado e provavelmente viu toda essa situação.

— C-como é? Você não me pegou!

Ele não me pegou. Não mesmo. Quer dizer, é o Sam. Eu mal o conheço. Me pegar? Eu queria quebrar meu crânio, arrancar meu cérebro e queimá-lo pelas imagens que começaram a pipocar em minha cabeça.

— Você fica gemendo toda hora. — Prendi a respiração e o encarei em choque. — Por Deus, Cora! Estou falando da sua dor no corpo! — A risada saiu de forma tão grossa de sua garganta que fiquei com medo que tivesse rasgado suas cordas focais. Meu rosto não poderia mais ficar mais quente, mas sabia que a coloração havia saído do vermelho e estava se tornando algo parecido com roxo.

Para uma pessoa que nunca transou na vida, minha mente estava ativa demais. Não sabia o que estava acontecendo, porém sabia que a culpa era deles.

— A dor está uma merda mesmo. — Foi tudo que eu consegui dizer ao tentar fugir do assunto o mais rápido possível. Eu sabia que a probabilidade de Sam pegar essa oportunidade para fazer mais comentários sexuais era grande. — Não sei por que você teve que me jogar contra a parede daquela forma.

Silêncio.

O silêncio ficou quase que ensurdecedor antes de outra gargalhada ecoar pelo local.

— Caralho, Cora. — Eu o encarei e vi seus olhos amarelos me olharem com diversão. Sam tinha o sorriso perfeito. Seus dentes brancos e enfileirados eram ainda mais bonitos pessoalmente. — Você sabe me fazer rir.

— Foi mal. — Falei envergonhada enquanto abaixava a cabeça de novo.

— Está pedindo desculpa por ser engraçada? Essa é nova para mim.

𝐂𝐲𝐛𝐞𝐫 🅚𝐢𝐥𝐥𝐞𝐫Where stories live. Discover now