3: Porque Nunca mais Devo Pentelhar com o Sammuel Durante a Aula

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Pouco depois de deixarem os brincos no meu quarto, Tia Verônica nos chamou para jantar. Era quase 8 horas, e mamãe ainda não tinha chegado. Ela só foi chegar lá pelas 9 e trálálá...

Estranhei, porque geralmente ela chega lá pelas 7 e meia. Deve ter dado algum problema...

Mas, sem brincadeira, comi até meu estômago ficar em ponto de explodir – ok, nem tanto, mas que comi pra caramba, comi! O macarrão tava muito, muito bom...

Fui dormir tarde na segunda, arrumando meu material e separando o que era aproveitável do que não era, procurando canetas que prestassem em meio às tralhas no meu guarda-roupa, num baú velho ao pé da minha cama e nas dezenas de caixas espalhadas pela minha estante. Consegui uma quantidade que me surpreendeu. Separei umas cinco. E folhas de fichário, eu tinha de sobra.

Mas tive uns sonhos estranhos – provavelmente porque comi demais...

O sonho que mais marcou  tinha eu, com uns vinte e tantos anos. Eu tinha asas de borboleta em tons de azul saindo das minhas costas. E tinha uma menina de uns três anos no meu colo, com pequenas asas de borboleta em tons de vermelho e azul-marinho. Seus olhos eram bicolores: um verde-folha e o outro azul-claro de céu de verão, e ambos tinham pontos azul-elétrico. E os cabelos eram ondulados, loiro claro com fios ruivos e avermelhados. A menina era linda e risonha. Um riso contagiante!

E então aparecia alguém que eu não podia ver o rosto nem as feições, pois estava rodeado de luz. Sorri para o ser luz, que se aproximou da menina.

− E eis que nasceu a Esperança. – disse o ser de luz, e foi aí que acordei. Quando ele falou Esperança, eu tive certeza de que não se referia ao sentimento/whatever, mas sim a alguém de nome Esperança.

Falando sério: é ou não é estranho?

Além disso, tenho a sensação de que era a mesma voz que falou meu nome quando desmaiei ontem...

Diferente do dia anterior, a terça foi relativamente chata. Passei a manhã em meu quarto, escrevendo, como costumava fazer. Estranhamente, Despertador parecia... Agitado. Latia pra qualquer inseto que aparecesse. Ou melhor, pra qualquer coisa. Garanto que ele não é assim.

Lá pelas onze e meia da manhã, Tia Verônica me chamou pra comer algo antes de ir para o colégio. Cara, eu não fiz isso ontem! Será por isso que tive uma reação tão extrema?! Misteriosamente, meu irmão Devon tinha saído... Com uma garota. Que eu nunca vira. Para o cinema. Ver – eca – Eclipse – não sou uma Crepúsculo-maníaca e acho os vamps de Crepúsculo gays. Só porque gosto do Taylor Lautner não quer dizer que goste de Crepúsculo. Prefiro os vamps de Blade e de Drácula.

Alguma coisa aconteceu. Será que tem algo à ver com meu primeiro amigo, Sammuel? Crise de ciúmes? Vingança? Não creio...

Coloquei meus coturnos pretos – eu tenho uma coleção enorme de coturnos! – e um vestido pregado à partir da cintura até metade da coxa, bege com desenhos azuis indefinidos e de manga comprida, com a camiseta da escola por cima. Coloquei uma faixa vermelha na cabeça, prendendo parte dos fios para trás – meu cabelo estava mais rebelde que de costume e insistia em cair na minha cara, e completei meu visual com os brincos que tinham deixado na minha varanda – uma pessoa sensata provavelmente teria jogado-os no lixo.

Saí pouco depois para do colégio.

Estava chegando à escola – milagrosamente no horário – quando reparei em Sammuel, apoiado na parede pintada de azul-lago com o nome do colégio escrito em letras do meu tamanho num cinza-pedra legal. Ele estava com uma calça jeans escura com rasgos na altura dos joelhos e das coxas com um cinto que tinha uma caveira prateada com olhos cinza-tempestade de alguma pedra que eu desconhecia. Usava uma camiseta de manga comprida, cacharrel e azul e uma blusa sem manga e de capuz preta, com braceletes de couro com pregos. O capuz escondia seus lindos cabelos negros e espetados. Os olhos cinza tempestade se concentravam num livro de capa preta aveludada. Ele parecia diferente. Mais sombrio.

Teorias de Conspiração - O Sangue dos Antigos IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora