Vinte e Dois - Bipolaridade

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— Não consegui evitar. Eu tentei, doutora, juro que tentei dizer a mim mesmo que não merecia nem ao menos estar no mesmo ambiente que você. Mas acontece que você mudou meu modo de enxergar o mundo. Não tenho mais o desejo de ser punido por não ter prestado atenção em Barber.

Melissa levantou os olhos e fixou-os em Corey com profunda atenção. O que ele disse a surpreendeu, logo notou, porque a expressão austera em rosto mudou de ares. Ela não estava mais preocupada com sua óbvia falta de profissionalismo (tudo por culpa dele), mas porque tinha surtido algum efeito na vida de um paciente. Um que tinha sido diagnosticado com psicopatia aguda. Um diagnóstico comprado, sim, mas gravíssimo.

— O que você deseja agora, Sanders? — ela perguntou, depois de analisa-lo durante todo aquele longo instante.

Ele não pensou muito para responder, porque tinha a resposta na ponta da língua:

— Você.

Ela soltou uma risada triste.

— Eu já deveria esperar por essa resposta.

— Era óbvia, não?

— Era. E gosto dela, embora não devesse, como nós dois sabemos. Mas lido com isso depois, quando conseguir organizar na minha cabeça a melhor maneira de lidar com a situação em que nos encontramos. — a doutora suspirou, então disse: — E a sua viagem ao paraíso, Sanders?

Corey riu.

— Achei que também fosse óbvia.

— Não... Prefiro ouvir você falar.

— O que quer que eu fale?

— Você deveria ser mais espontâneo. Algo como "nossa, doutora, essa foi o melhor momento da minha vida"?

Corey ateve-se à imitação que Melissa fez de sua voz. Não conteve um riso de satisfação. Um que não via sair de seus lábios há muito tempo. Porque pela primeira vez em muito tempo estava, de fato, satisfeito, mesmo que rodeado de problemas. Melissa fazia Corey se esquecer do mundo. Ela acompanhou seu riso.

— "Essa foi a melhor transa da minha vida" é equivalente?

— Que lisonjeiro. Devo colocar no meu currículo? "Melhor transa da vida de Corey Sanders". Considerando que provavelmente vou perder meu emprego, talvez sirva de alguma coisa...

Ela parecia estar brincando, mas Corey notou o tom amargo em sua voz.

— Eles não demitiram Brian por ter me batido, por que demitiriam você? O que fez passa bem longe de violento. — piscou.

— Acho que pode rolar uma interpretação um pouco machista da situação no St. Marcus. — ela soltou uma risada irônica — Como se fosse esse o problema... — revirou os olhos.

— A violação dos padrões de relação entre médico e paciente aconteceu nos dois casos. — deu de ombros.

— É, mas eu fui longe. Muito longe. — Melissa baixou a cabeça, encarando as unhas pintadas de vermelho.

Ele não gostou daquilo.

— Olhe para mim... — pediu, e, com a ponta dos dedos e profunda delicadeza, levantou o queixo dela.

Demorou um instante para que aquele brilho intenso faiscasse na direção de Corey, mas eventualmente aconteceu.

— Desculpe, eu não queria ter forçado uma situação desagradável para você....

— Ficou meio difícil, com você chegando de surpresa e fechando a porta.

Corey mordeu o lábio inferior, preocupado. Melissa riu.

Psicose (Livro I)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن