Falou com Seokjin apenas o necessário, referente aos papéis, e depois dirigiu-se a Soobin:

— Já é tempo de você aprender algo sobre cavalos. Se quiser poderei lhe dar aula de equitação amanhã, depois do colégio.

— Eu gostaria muito! — Soobin afirmou, entusiasmado.

— Então está combinado.

— Sim, tio.

Os dois envolveram-se numa longa conversa sobre o assunto, e Seokjin, deixando os papéis assinados sobre a mesa de centro da sala, foi para a cozinha preparar um café.

Dali ouvia vagamente o que ambos falavam, mas não fazia muita questão de interirar-se da conversa. Sentia-se contente por ver que Namjoon estava se afeiçoando a Soobin. A simpatia era recíproca, verdadeira. E Seokjin sorriu ao pensar em como seria bom, para o filho, espelhar-se num homem maduro e equilibrado como Namjoon. Sim... Tudo ia bem entre tio e sobrinho. E isso o deixava tranquilo, por um lado. O suficiente para cuidar um pouco de si mesmo.

De súbito, Seokjin sentiu uma incrível necessidade de ficar sozinho. Precisava refletir sobre a mudança radical que estava acontecendo em sua vida, embora não tivesse pensado em outra coisa ultimamente. O problema era que cada dia, cada momento trazia novidades. E ele precisava absorvê-las da melhor maneira possível.

Terminou de preparar o café, encheu a garrafa térmica e deixou-a sobre a mesa. Em seguida saiu pela porta dos fundos, ainda ouvindo as vozes de Namjoon e Soobin, entretidos numa alegre conversa.

A noite estava quente e um tanto abafada. Pesadas nuvens encobriam parcialmente a lua, e uma brisa forte soprava. Seokjin caminhou até seu ponto predileto no quintal: um banco de madeira sob um velho carvalho.

Erguendo o rosto, ele aspirou com prazer o ar perfumado das árvores e das flores. No céu escuro, algumas estrelas brilhavam, mas tudo prenunciava uma forte tempestade.

Perdido na contemplação da noite, Seokjin esqueceu-se do tempo. A voz de Namjoon trouxe-o de volta à realidade.

— Estou de saída — ele anunciou. — Parece que vai chover forte esta noite.

— E quanto a Soobin? — indagou. — Ele irá com você?

— Não; está estudando no quarto. Contou-me que andou se descuidando dos estudos, mas que agora está disposto a recuperar o tempo perdido.

— Obrigado por seu interesse nesse assunto. Não quero que Soobin perca o ano escolar.

— Conversei com ele sobre isso também. Soobin está interessado em trabalhar comigo lá na fazenda.

— Como era de esperar.

— Mas uma das condições que impus para isso é que ele alcance bons resultados nos estudos. Você sabe, as técnicas agrícolas e pecuárias evoluíram muito. Os fazendeiros do futuro terão que lidar com uma realidade bastante diferente da de nossos pais e avós.

— E você falou sobre esse assunto com Soobin?

— Sim — Namjoon sorriu. — A conversa foi muito proveitosa. Aquele garoto é muito inteligente, como você bem sabe.

Era a segunda vez que Seokjin o via sorrir. Namjoon parecia mais jovem, mais relaxado e, até, alegre. E ele sabia o porquê... Soobin estava preenchendo uma lacuna importante na vida daquele fazendeiro severo e solitário.

Uma onda de emoção, que bem poderia chamar-se ternura, ergueu-se no íntimo de Seokjin. Porém, ele estava confuso demais com as últimas novidades para compreender o que se passava lá dentro de seu coração solitário. Mesmo assim, comentou:

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