— Do que você está falando, pai?

— Do Fundo de Emergência que me auxiliou muito na época em que você nasceu... E também desta casa que recebi de herança.

— Então foram os Kim? — Agora os olhos de Soobin brilhavam de alegria.

— Sim — Seokjin assentiu. — Seu tio Namjoon tem um conceito muito rígido a respeito de família. Quando seu pai, Kim Joohyuk, morreu, ele se ofereceu para casar-se comigo. Queria reparar o erro cometido pelo irmão.

— É mesmo?

O ômega acenou em concordância e prosseguiu:

— Não aceitei, é claro. Mas agora Namjoon repetiu a proposta, porque pensa que essa é a única maneira de você se integrar legalmente na família Kim.

— Não me diga que você está pensando em aceitar?...

— Pelo seu bem... Sim — Seokjin sentenciou, com uma firmeza que estava longe de possuir.

— Mas vocês nem gostam um do outro!

— Não nos conhecemos o suficiente para gostar ou desgostar — ele retrucou. — Mas não é a nossa sorte que está em jogo, e sim o seu futuro. Entende o que quero dizer?

— Sim — Soobin assentiu, visivelmente emocionado. — Mas não sei se isso será justo... 

Seokjin pensou na expressão de alívio do filho, pouco antes, ao saber que só era considerado ilegítimo porque o pai morrera num acidente. Talvez o fato de ser filho de um ômega solteiro naquela pequena cidade tivesse sido mais difícil para Soobin do que ele imaginara.

Embalado por esses pensamentos, Seokjin afirmou:

— Creio que o casamento com Namjoon seja a coisa mais acertada a fazer agora. Se não der certo, podemos desmanchar esse arranjo após você ser legalmente um Kim.

— Pense bem sobre isso, pai. — Soobin recomendou, depois de refletir por alguns instantes. — Ainda é bastante jovem, tem muito a viver ainda. 

Seokjin fitou-o com infinita ternura. Naquele momento, ele lhe parecia quase um homem maduro. Talvez isso se devesse à seriedade comovente que havia se instalado em seus olhos, depois do intenso alívio de saber que não fora rejeitado pela família do pai alfa.

— Você já fez muito por mim — o garoto continuou, emocionado. — Não é preciso se sacrificar mais. Mesmo porque, eu jamais poderia viver em paz à custa da sua infelicidade.

Seokjin ia responder, mas calou-se ao avistar, pela janela, a picape de Namjoon aproximando-se.

— Aí vem seu tio — disse, num forçado tom casual.

Os olhos de Soobin estreitaram-se, demonstrando medo e apreensão. Naquele momento, já não parecia um homem maduro, mas sim um menino assustado, um animalzinho sendo espreitado.

Temendo que o encontro do filho com Namjoon tivesse consequências desastrosas, o ômega levantou-se na cadeira. O jogo estava aberto. Além do mais, qualquer relação de Soobin com os Kim, boa ou má, teria de acontecer agora, antes que o casamento se consumasse.

Uma batida na porta interrompeu seus pensamentos. Soobin ergueu-se de um salto.

— Eu atendo — prontificou-se, precipitando-se pelo corredor. Apesar de muito tenso, parecia em melhores condições do que o pai, que o seguiu em silêncio.

Momentos depois, Namjoon entrava na casa, tirando o chapéu numa atitude respeitosa. Depois de cumprimentar Seokjin com um gesto de cabeça, estendeu a mão para Soobin:

Casamento por conveniência | NamjinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora