Capítulo 14

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Quando saio da câmara de banho, ainda passando o pente pelo cabelo frio e úmido, ouço o eco de vozes descendo pelo túnel. Conforme me aproximo da caverna principal, mais ar quente me atinge, aliviando o frio do meu cabelo úmido.

— O rei vai concordar. Você vai cumprir sua parte do acordo?

Eu espreito da borda do túnel, olhando para o perfil de uma figura encoberta. Uma fumaça estranha envolve seu corpo, girando de forma ameaçadora. Os longos cabelos brancos, pontilhados com a luz do luar aparecendo das pontas do capuz da capa me dão esperança: Ona!

— Eu sou fiel à minha palavra, maga. O que é mais do que posso dizer sobre a sua espécie.

O dragão bufa uma baforada de fumaça em direção à maga e estreita os olhos, sua agitação com a conversa clara.

— Magos são...

— Eu quis dizer humanos.

Ela rosna, ficando muito perto da mulher para meu conforto. Ona vai acabar se matando. Ela é uma maga poderosa, supostamente, mas ela é páreo para uma besta como essa?

A maga varre sua capa ao redor dela, seu capuz caindo para trás enquanto ela inclina a cabeça para o dragão. Antes que ela fale qualquer vitríolo que ela claramente tem em mente (eu posso dizer, depois de todos esses anos sendo o recipiente de palavras tão vis) ela desaparece em uma nuvem de fumaça.

Ofegante, cubro minha boca. Eu nunca vi tal mágica realizada antes. Claro, eu sei que existe. Mas Ona sempre pratica a magia mais sutil e trivial na corte. Como as luzes durante o jubileu.

O dragão balança sua grande cabeça sobre suas costas e me encara, suas narinas dilatadas. Eu salto para trás, minha outra mão segurando meu estômago enquanto ele balança com o movimento rápido.

— Que bom da sua parte me agraciar com sua presença.

Ela rosna em uma voz que soa quase divertida. A luz da manhã brilha em suas escamas, destacando o tom de dois tons conforme ela se afasta de mim, mais perto da saliência.

— Eu estava dormindo

Retruco enquanto entro na caverna, escolhendo cuidadosamente o meu caminho em torno de algum tesouro caído.

— Havia uma mulher, ela me mostrou um quarto onde eu poderia dormir enquanto você estivesse fora. Você achou que eu tivesse escapado?

— Não

O dragão ri abertamente.

— Eu não acho que você poderia encontrar o seu caminho para fora da minha montanha.

Eu estreito meus olhos e cruzo os braços sobre o peito. Não gosto de como ela tem certeza de si mesma. Ela é atrevida para uma criatura mágica. Porém, eu nunca conheci um dragão antes dela... talvez todos tenham essa atitude.

— Enquanto você estava espionando, você ouviu que seu pai estará trocando meu tesouro pelo seu retorno?

— Sim

Eu suspiro, derrotada.

— Mas eu não estava espionando.

— Bom

Ela bufa.

— E sim, você estava.

— Quem é Camila?

Eu pergunto, ignorando-a enquanto me aproximo dela, para a luz do sol. O calor da luz penetra em meu cabelo e eu fecho meus olhos, deixando o calor passar por mim, saturar meus ossos.

— Ela mora aqui.

O dragão responde em um tom medido. Meu olho esquerdo se abre para encontrá-la olhando para mim e um arrepio percorre minha espinha antes que eu rapidamente feche novamente, absorvendo o calor do sol. O frio é mais profundo na montanha.

Estimada (Camren)Where stories live. Discover now