06.

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Maraisa estava há mais ou menos uma hora sentada na sala esperando Marília ficar pronta. Isso porque a loira estava brava e cansada, brava por ter se casado no papel com Perreira aquela manhã, e cansada por ter ido fazer compras com Nancy logo depois. Então, de propósito, a loira estava demorando.

- Ninguém me disse que ter uma mulher era tão difícil. - a morena resmungou baixo e mexeu o pescoço em movimentos círculares.

A dor no pescoço da morena é resultado da noite mal dormida no sofá, mas ela achou melhor assim, Marília não estava muito amigável a noite passada. Por falar na loira, ela vinha andando agora do corredor com um short jeans e uma blusa soltinha rosa claro, seu cabelo preso num coque frouxo, óculos escuros e nos pés chinelo branco. Maraisa riu, com certeza Nancy sofreu nas compras com essa mulher.

- Vamos? - Perreira perguntou a loira que assentiu. Chamou o seu elevador privativo e viu a expressão triste da loira. - O que houve? - perguntou mas ao notar o respirar pesado da loira se retraiu. - Tudo bem.

Marília tirou os óculos e encarou a latina.

- Meu pai ligou, pediu desculpas, nós discutimos e... - Perreira a cortou.

- E você ficou mal? - Marília negou.

- Ouvir minha mãe chorar que me deixou mal, ela tem a parcela de culpa dela, mas a ver sofrer é terrível. - Marilía disse e limpou a lágrima única que iria cair.

A morena ali presente olhou para um lado e para o outro, colocou a mão no bolso do short e olhou para a loira.

- Eu deveria te abraçar, né? - perguntou sem jeito e Marília riu.

- Definitivamente não. Sabe - olhou para a morena. - Você é basicamente o motivo disso tudo, você está por trás disso, definitivamente não preciso da sua comoção ou pena.

Perreira a olhou confusa, respirou fundo e apertou o botão que parava o elevador.

- Como assim eu sou motivo disso tudo? - perguntou brava.

Marília revirou os olhos.

- Não se faz de maluca, Perreira. - disse debochada - aperta esse botão de novo.

- Não vamos sair daqui. - disse firme e Marília puxou seu braço de volta e colocou seus óculos. Perreira respirou fundo. - Desde sempre os casamentos da minha família foram arranjados, meus pais, meu primo Bruno, meus tios, meus outros primos, meus falecidos avós,  bisavós, todos, como de repente pode ser minha culpa? - perguntou nervosa e irritada.

Marília riu debochada.

- Nenhum deles foi a droga de uma aposta. - disse com aspereza e um tom alto de mágoa na voz.

- Mas do que diabos você tá falando? - Perreira perguntou confusa.

- Por que parece que você não faz ideia do que estou falando? - Marília questionou a morena tirando seu óculos.

Perreira riu exausta e sentou no chão do elevador.

- Porque eu não faço ideia, Marília.

A loira então respirou fundo bem devagar e suave, arrumou seu coque e sentou ao lado da morena.

- Tudo bem... - se deu por vencida e começou a contar a verdadeira história do que aconteceu. -... e é isso, não tinha um papel que me obrigava estar aqui, não tinha nada, mas era a vida do meu pai, do Mário.- Se corrigiu, não o considerava mas seu pai. - ele foi um babaca comigo, mas eu não o queria morto. E sei que seu pai faria isso. - Maraisa desviou o olhar da loira. - ou mandaria alguém fazer, eu sei. - Perreira riu sem graça.

- Marília, quando eu tinha dezoito anos, eu namorava, por ser tão fechada eu tive dificuldase em ter minha primeira namorada, e quando estava tudo bem entre nós, meu pai chegou em casa e me mandou desmanchar o relacionamento pois eu estava noiva da herdeira Mendonça, ela quem tinha sido escolhida para mim, no caso você. 

- Você não pensou em dizer não? -

Marília perguntou compreensiva.

A morena riu triste.

- E quem em todo México contraria as vontade do grande MarcosCésar? - Mendonça olhou para baixo.

- Você tem problemas com ele, não é?

A morena pareceu incomodada, mas encarou os azuis e se deu por vencida.

- Muitos. - riu. - Digamos que não sou a herdeira perfeita.

- E você realmente quer ser a Rainha da Máfia do México?

Maraisa levantou e ficou de frente para a porta.

- Isso não é algo que a gente abre mão do meu sobrenome. - Marília disse e viu que Maraisa nem prestou atenção. - Desculpa, Perreira.

A morena a olhou.

- Pelo quê? - a questionou confusa.

- Por ter te culpado. - disse sincera.

A morena riu.

- Relaxa, princesinha de Seatlle, sou acostumada a levar culpas que não me pertencem. 

A morena disse rindo mas com pesar nas palavras e Marília se sentiu mal.

O caminho até a casa de Bruno e Luiz  seguiu em completo silêncio.

A mafiosa do amorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora