Cap. 5 - Quarto mês: aproximação.

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Quando a consulta terminou estávamos os dois com os olhos inchados e muito vermelhos por ter chorado. P'Vee dirigiu de volta para minha casa, durante o caminho trocamos pouquíssimas palavras. Tudo ainda estava passando pelo processo de ser digerido.

— P'Vee gostaria de subir? — pergunto quando o carro estaciona na porta do meu condomínio.

— Você não quer dormir?

— Não, esta tudo bem, P' pode subir.

— Hum, ok.


É a primeira vez de P'Vee visitando meu dormitório. Corro o olho pelo ambiente para ter certeza de que não está muito bagunçado, apesar de saber que não sou uma pessoa naturalmente bagunceira.

— Não repara na bagunça. — digo ao fechar a porta.

— Você é muito organizado... — ele sorri para mim e se vira novamente para observar ao redor.

— P'Vee.. — seguro na beirada da sua camisa com a ponta dos meus dedos — me desculpa — sussurro.

— Você está cansado não? — ele se vira para me encarar — sente-se um pouco. — sou guiado até o sofá enquanto ele diz isso.

— Eu não estou cansado P' — digo mas aceito me sentar.

— Quer comer alguma coisa? Posso pedir ou se tiver as coisas aqui posso cozinhar.

— Não estou com fome. — respiro fundo tentando evitar chorar novamente — P' por favor, diga alguma coisa.

P'Vee não diz nenhuma palavra, mergulhando no próprio silêncio.

— P', brigue comigo, me repreenda, diga que eu sou uma pessoa horrível. — começo a chorar — só diga qualquer coisa, por favor.

Em meio aos meus soluços sinto os braços de P'Vee me envolverem. Me agarro a sua camisa na parte de trás e escondo meu rosto em seu ombro, desabando em lágrimas.

— Shiiii — batidinhas são dadas nas minhas costas como forma de consolo — não chore. Você não pode ficar nervoso, isso não vai fazer bem pro bebê.

— O bebê está ótimo P' — acabo gritando contrariado — eu é quem não estou — continuo quase em um sopro de voz.

— Não fique nervoso. Eu não tenho pelo que te repreender ou brigar — ele continua dando batidinhas nas minhas costas — você é uma pessoa incrível, Mark.

— Não sou. Eu menti pra P', escondi a gravidez e estou tornando a vida de P' mais difícil — continuo chorando — talvez P' nem acredite que esse bebê seja seu.

— Eu sei que você provavelmente teve os seus motivos para não me contar... — seus braços me envolvem ainda mais apertado — você não está tornando a minha vida mais difícil.

— Mas P' está no último ano... criar um bebê não é fácil...

— E você pretendia fazer isso sozinho, né?

— Mas ele é minha responsabilidade — respondo.

— Não só sua. Você não fez ele sozinho — P'Vee diz e rir, posso sentir seu peito se movimentar com a risada contra o meu.

— P' não pensa que eu sou uma pessoa fácil né? — pergunto nervoso — eu posso fazer o teste de DNA quando o bebê nascer, mas eu juro que é seu P' — volto a chorar.

— Ei, não chore — sua voz suave tenta me acalmar — eu confio em você, não preciso de um exame de DNA, eu sei que o bebê é meu. Você não é uma pessoa fácil, nunca pensei isso de você.

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