Ch 3: O Céu Azul

12 4 1
                                    

| Narrador | 

O mundo realmente era impressionantemente, estranho. Às vezes, as pessoas conhecem tudo de todos, conseguem decifrar segredos e, pior que isto, consegue usá-los como arma. Num mundo como este, nada era perfeito, certamente. O céu reluzia um azul incomum, brilhante, completamente pigmentado, mesmo com o frio de outono sendo presente. Todos os alunos admiravam como ele estava tão azulado, que nestes tempos nunca era normal ficar assim tão reluzente e magnificamente aberto.

Os olhos de Mitsuha ainda estavam curiosos, enquanto a guitarra permanecia em seu colo, as folhas espalhadas no chão da sala de música. Como alguém conseguia ser tão lerdo ao ponto de nem notar que estava ali escondida, por detrás do piano? Além disso, porque estavam gritando por ele fora da sala? O rapaz ignorou tudo, ajeitou a tela e ficou se questionando sobre o que pintaria. 

Ele estava stressado, normal, receber uma mensagem do seu querido irmão vindo aconselhar sobre as suas escolhas de vida para o futuro, com intenção deste herdar a sua empresa que estava em crescimento. O mais velho era estéril, não conseguia ter filhos e isso era um grande problema para ele. Como ele assim não tinha problema em trair a sua querida esposa, dar a desculpa de que simplesmente está se divertindo por todos os anos que não pôde para estudar para ajudar os pais. Jungkook odiava isso, o discurso de salvador dos pais e da pátria. 

O mais novo pegou em várias tintas, começando a organizar a sua mesa que disponibilizaria de tudo aquilo que ele iria precisar, ainda procurando uma inspiração. As palavras do pai ainda rodavam a sua mente, em como ele não tinha sucedido em outras disciplinas, nesse caso, inglês, por causa do seu sonho pelo desenho, pela arte. Até tinha dito para o progenitor que seguiria arquitetura, que receberia bem, mas nem isso contentou o seu pai.

— Tu e o teu estupido perfecionismo, senhor Jeon. E é assim que se estraga os sonhos dos outros. — o garoto apenas atirou a tinta contra a tela, começando quase como uma obra rupestre. 

A garota se interessou, quase esquecendo-se do que estava fazendo, da música que tanto queria compor daquele jeito louco. Observava o mais novo pintando, rabiscando, parecia algo tão escuro. Estaria ele descarregando a sua raiva numa tela? Mas... Como? Como um desenho iria transmitir tudo isso? Logo o sinal tocou, estava na hora da próxima aula, o intervalo havia acabado. Era inglês. 

Com o barulho dos alunos correndo pelos corredores, os gritos, Mitsuha foi acordada do seu transe e seu celular tocou.

— Merda! — tentou pegar o mesmo, que ainda caiu no chão e desligou. Era Hwiyoung. — Desgraçado. 

Viu o mais novo se virando, procurando o som e Mitsuha se pressionou para se esconder ali, bem atrás do piano, puxando devagar todas as folhas, o caderno, para perto, não querendo que este visse que estava ali. Não por mal, mas queria evitar conversas e depois boatos de corredor. Iria arrumar tudo e sair como uma ninja. 

Começou a guardar tudo com calma, colocou a guitarra direitinha dentro da sacola, organizou os papéis e se levantou, ainda se escondendo e caminhou devagar. A tela já estava ganhando vida, alguns fios de dourado, alguns traços de azul, nada ainda específico, mas estava tão bem caracterizado, tinha vida. 

— Quem és?! Onde estavas? Espera... Foi de ti que o som veio! — a garota havia sido pega e sentia as bochechas corarem e colocou a guitarra às costas.

— Finja que não me viu aqui! Continue a trabalhar! — a japonesa correu, quase tropeçando nos próprios pés e acabou saindo da sala, olhando em volta, com a porta fechada atrás de si. — Mas que merda. Agora... Aish.

As horas marcavam realmente a hora da aula, cinco minutos atrasada. Tratou de correr até à mesma, dando a desculpa de ser a garota nova, que não sabia onde era a sala. Mentira, não ia contar onde estava. Se sentou e olhou pela janela. O céu estava bonito demais. 

𝓬𝓪𝓻𝓽𝓸𝓸𝓷 𝓫𝓸𝔂 ;  𝓳𝓳𝓴Where stories live. Discover now