Ch 2: Whole new world

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|Mitsuha|

Mudar de país, cidade, língua, realmente tinha muito do que se lhe diga. A salvação, talvez, seria meus tios e primos com quem eu já convivia em várias festividades, de entre algumas, ano novo chinês, as festinhas aqui de Tóquio, tudo mais. Pois bem, tudo isto ficaria para trás com esta mudança toda.

Agora, a vida começaria de fresco num novo país, novos rostos, uma língua parcialmente nova.

As malas foram abertas na nova casa, onde coloco tudo em ordem no novo quarto, decorando o mesmo para o mais semelhante com o meu no Japão, olhando em volta com calma para saber se precisava de mudar algo de posição.

— Estás a deixar tudo em ordem, princesa?

— Hwiyoung! Meu Deus, que salvação... Eu juro, não consigo me orientar aqui com tanto o que tenho ainda para fazer... Nem vou conseguir montar meu local de composição.

— Mitsuha... Você sabe que... Seguir música não é o melhor... — suspeitei que isto viria, soltando um grande suspiro ao escutar. — Nós não podemos viver dos acordes que a melodia nos proporciona...

— Mas é esses acordes que dão cor ao que eu preciso! Eu vou fazer o quê? Seguir enfermagem para deixar a minha família feliz? Me tornar advogada? Ou concorrer para ser modelo? — falo em frustração, com um grande bico nos lábios e sento-me no puff violeta pastel ainda enrolado em papel. — Eu quero música... Depois de toda a merda, eu mereço seguir a música...

— São seus últimos anos, Suha... Seus últimos anos de jovem de highschool, logo mais vem a faculdade e tens de pensar o que va-

— Será a música! Eu vou me tornar o que o meu pai mais odiava, o que ele é. Professora de música e não, não com o instrumento que ele tanto ama que eu toque.

Pela casa, estavam espalhadas fotografias minhas literalmente em audições tocando a flauta, nos meus melhores vestidos, melhores sorrisos, com os meus 7 ou 8 anos. Todas essas fotos mostrando o quanto eu amava aquele instrumento. Ingénua. Agora, eu voltaria atrás e contaria tudo para aquela pequenina.

Hwiyoung eventualmente saiu, dando de ombros e soltando um grande suspiro de derrota. Afinal, ele não mudaria a minha mente. Ajeitei então o máximo que eu podia. Coloquei os livros na prateleira, organizei mais ou menos a secretária de estudo, coloquei assim o notebook a carregar para a manhã seguinte nas aulas.

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Novo dia, 7:34a.m

Os fios negros pelos ombros voavam enquanto caminhava em direção à nova escola, no meu uniforme azul bebê, com a guitarra às costas, já que tinha ensino articulado com música, ou seja, acabava por não ter algumas aulas que eram substituídas com aulas de conservatório, como por exemplo, formação musical, coro, aula de guitarra, etc... Isto, porque seu instrumento inicial era flauta transversal, algo que meu pai amava mas que agora, nitidamente, não conseguia nem tocar sem sentir um certo desprezo. Tudo deu errado por culpa dele. Se ele tivesse sido prudente e responsável, não estariamos nisto agora.

Caminhando por entre os portões da grande e renumerada escola prestigiada de Busan, que lindo. Cheio de betinhos de merda. Não tinha um minuto e já olhei o carro do meu pai, onde ele me acenou todo feliz e mostrei meu dedo do meio. Eu não estava acreditando nisto. Já não aguentava mais esse local.

Os murmuros eram tão óbvios, essas garotas não sabem disfarçar quando falam sobre alguém? São tão abertas assim? Meu Deus... Imaginem quando alguém aparecer menos comum, porque, no meu ver, sou bem comum. Das duas uma, ou era minha guitarra nas costas ou era o meu uniforme que estava mal. E eu conferi antes de sair. Gravata ajeitada, a saia direita, camisa bem colocada, sapatos corretos e meia até ao joelho. Não tenho cabelo colorido, muito menos algo na cara.

𝓬𝓪𝓻𝓽𝓸𝓸𝓷 𝓫𝓸𝔂 ;  𝓳𝓳𝓴Where stories live. Discover now