𝐃𝐑𝐀𝐆𝐎𝐍 𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃, daemon targaryen

01. the dragon rider

Fora um baque quando ouvira dos criados a história de que Rhaenys tomara para si o dragão com quem sonhava. Confessava ter sentido mais ódio naquele momento do que jamais sentira em toda a sua curta vida, jogando no chão todas as coisas postas sobre sua mesa de estudo. O primeiro, e nem de longe o último, dos indícios do gênio forte que detinha. Daemon, como sempre, estivera lá para acalmar os ânimos da irmãzinha, dessa vez não com seus habituais passeios de dragão, mas com uma coisa que ele julgava ser quase tão boa.

Naquele dia, Visenya recebera do irmão uma espada de madeira e uma inesperada vocação para a guerra.

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O passar dos anos fazia a princesa Targaryen o que o sol faz às flores. Dia após dia, sua beleza desabrochava como as pétalas de uma rosa. Os lábios sempre avermelhados e os penetrantes olhos violetas que pareciam fitar a alma daqueles a qual observava, os fios de prata sempre soltos em cachos longos e os vestidos vermelhos que sempre terminavam sujos por alguma estripulia. Suas habilidades com a luta, por outro lado, cresciam em igual velocidade. Luas de treino com seu irmão já a tornavam capaz de derrubar garotos com o dobro de seu tamanho e anos a mais. Ela crescia para ser uma donzela como ninguém jamais vira.

As mensagens que chegavam para seus avós diziam que a princesa tinha em si uma parte de cada uma das esposas de Aegon, o conquistador. A beleza de Rhaenys e a fúria daquela a quem seu nome homenageava, Visenya. A sua avó, Alysanne, gostava de comentar aos membros da corte que a neta possuia não apenas as características das rainhas da conquistas, mas as do próprio conquistador. Segundo a boa rainha, Visenya possuia a audácia e coragem de Aegon.

A princesa tempestuosa fora a alegria da velha rainha, a única a poder consolar a mais velha em sua dor pela perda do seu filho e herdeiro, Aemon. Diziam os criados que as travessuras da pequena eram as únicas coisas capazes de trazer o riso aos lábios da mãe inconsolável.

Todos os filhos de Baelon, juntamente do mesmo, haviam estado presentes no grande jantar em que o rei o declarara seu herdeiro, passando por cima do direito de uma grávida princesa Rhaenys. Na corte, Nya percebia os sussurros dos lordes sobre a decisão do rei. Alguns, ela observava, estavam satisfeitos com a escolha. Outros, como os membros da família Velaryon, revoltavam-se com tamanho desprezo vindo de sua graça. A própria rainha Alysanne mostrava descontentamento intenso pelas decisões do marido.

Fosse como fosse, a nominação de seu pai como herdeiro trouxera a fortaleza membros da nobreza de toda Westeros. Incluindo a jovem Aemma Arryn, a noiva escolhida para seu irmão Viserys ── a quem andava de um lado a outro parecendo um parvo apavorado, como diria Daemon ──. Visenya havia gostado da mulher, dos fios loiro-prateados e dos olhos que eram de um magnífico, provavelmente herdados de seu pai, azul celeste. Ela era uma donzela com doze dias de seu nome, com a personalidade doce e gentil e, talvez o que mais tivesse gostado na cunhada, lhe entregava doces escondido sempre que cruzavam-se pelos corredores.

O único defeito, se assim poderia ser dito, sobre Aemma era a falta eminente de um dragão. A donzela havia lhe confidenciado certa vez de que não possuia vontade alguma de montar uma das feras, pelo contrário, achava muito mais seguro manter no chão os seus pés. Nya tomava como insana a ideia de que existia no mundo pessoa que não gostaria de voar numa daquelas criaturas magníficas.

── Se não voa em um dragão, como faz para passar o tempo? ── perguntara a futura cunhada, enquanto as duas seguiam caminho para o septo.

Aemma sorriu como as meninas mais velhas costumam sorrir ao falar com meninas mais novas e menos sabidas, ajeitando no corpo o vestido de verão rosado, olhando de esguelha para as suas damas. Não podia deixar se conter em achar adorável a maneira da pequena falar, como se tais criaturas fossem tão excenciais em sua vida quanto o ar que respiravam.