A sétima carta

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Liyue era tranquila e impressionante.

A cidade do Arconte Geo era repleta de construções chiques, cheia de vendedores e trabalhadores ambulantes. Exalava riqueza planejada e prosperidade abundante, cada pequena coisa parecia refinada, em harmonia, construindo uma paisagem de escadas avermelhadas, mesas redondas e muitas caixas de mercadoria ao redor de um porto populoso.

Os habitantes dali caminhavam e conversavam entre si, felizes e despreocupados. Há alguns metros à esquerda, um bando de crianças estavam sentadas juntinhas, escutando os relatos de um contador de histórias que falava sobre a Arte Guhua com demasiado interesse.

Quando Diluc se sentou em uma das mesas do Restaurante Wanmin para almoçar, uma única garçonete veio atendê-lo. Tratava-se de uma criança de uns 12 anos, baixinha e com cabelos curtos, mas muito jeitosa em equilibrar pratos de clientes em seus braços miúdos.

Enquanto Diluc aguardava sua porção de Rolinhos de Jade, a garota experimentou pôr uma bandeja de madeira sobre a cabeça. Quando deu o primeiro passo em direção a um grupo de clientes, rindo de sua conquista, a bandeja escorregou e, por pouco, a tigela de sopa não atingiu em cheio o chão do estabelecimento. Um ursinho alaranjado — muito próximo dela — segurou a peça de cerâmica branca, evitando o pior antes que acontecesse.

— Xiangling! — uma voz feminina exclamou — Eu já não te disse para não fazer esse tipo de coisa?

— Mas, mãe...! Como eu vou ajudar o papai se só consigo levar três bandejas por vez?

Uma mulher alta surgiu saiu pela porta, usando um avental e um coque bem preso. Os cabelos eram azulados, do mesmo tom do da menina, o que sinalizava um óbvio parentesco entre ambas. Ela tomou a bandeja das mãos do ursinho e a entregou na mesa da direita.

— Você já nos ajuda bastante. E seu pai vai perder clientes se você quebrar mais algum prato essa semana. — a mãe tocou o ombro da filha por um breve momento, pegando as outras bandejas dos braços dela em seguida. — Vá para dentro. Vou deixar você fatiar os legumes, mas só se prometer tomar cuidado.

Os olhos amarelados da garota pareceram reluzir em empolgação. Ela assentiu freneticamente, agradeceu e então deu as costas para a mãe, entrando na cozinha com pulinhos de alegria. O urso foi atrás dela.

Pouquíssimos minutos depois, a mesma mulher voltou às mesas, dessa vez trazendo os Rolinhos de Diluc e a garrafa de suco de uva pela qual ele pagara. Ela os colocou em cima da mesa de forma educada, despedindo-se dele ao desejar-lhe um bom apetite.

Diluc encheu seu copo com uma das mãos e, quando pegou um dos rolinhos entre os hashis para comer, uma sombra passou por trás de sua cabeça.

O movimento tinha sido ligeiro e sutil, tão silencioso que o rapaz chegou a se assustar, temendo que fosse uma investida iminente ou golpe de um inimigo sorrateiro. Felizmente, seus ombros relaxaram quando ele percebeu que se tratava apenas de sua águia, agora empoleirada no apoio de madeira da cadeira rente à sua própria mesa.

O animal piscou os olhos escuros para ele, abaixando as penas multicoloridas em sinal de empolgação. Instantaneamente, os orbes de Diluc focaram mais para abaixo, em busca do familiar tubo metálico amarrado a uma das pernas da águia. Mas, ao invés disso, ele encontrou um tipo de pergaminho grosso derrubado cima da mesa, que provavelmente estivera nas garras dela durante o percurso todo.

— O que é isso, garota? — Diluc perguntou à ave de forma vaga, largando os hashis na borda de seu prato.

Ele apanhou o pergaminho, passando os dígitos pela base ornamentada em preto. Era mais pesado que o corriqueiro recipiente dos Cavaleiros de Favonius, porém muito mais refinado e misterioso. Lentamente, Diluc encontrou uma fissura uniforme na lateral do objeto, puxando-a até que se abrisse e algo caísse direto em seu colo.

Cartas para Diluc - LucKaeWhere stories live. Discover now