33 E se?

87 16 0
                                    

- Como assim, Core? - Poncho falou tirando a mão do rosto de Samantha e passando-a no próprio cabelo.

- Sei que você já está procurando um álibi para cada crime cometido. Isso só prova a minha teoria do "e se?" - Samantha falou, avaliando cada expressão do rapaz.

- Quando Lara e Rita morreram, Core estava dormindo. Seus pais também, então não podemos ter certeza. Quando invadiram a casa de Milena, Core estava conversando comigo, mas dormiu. O celular caiu com a tela para baixo um pouco antes de tentarem matar Milena. A casa de Milena fica a 15 minutos a pé da pirâmide de Juvisy, região onde Core mora. O álibi de Core é horrível, pois seus pais tomam remédios para dormir...

- E ela teria motivos, pois fizemos bullying com ela por anos. - Samantha interrompeu Poncho.

- Ela fez aula de parkour durante um tempo, faltava muito por causa da doença, mas era boa o bastante para conseguir subir uma casa de 2 andares com facilidade, ainda mais se tivesse uma árvore ao lado para ajudar. - O rapaz começou a pensar que Core podia ser realmente a assassina.

Poncho levantou-se da cama, e Samantha perguntou:

- Onde você vai? - Samantha perguntou, já sabendo que ele iria atrás de Core.

- Não posso acionar a polícia com o que sabemos, mas posso montar guarda e impedir que Core mate mais alguém.

- Sério que esse é o seu grande plano? Vai fazer isso todas as noites até o resto da vida? Ou até ela matar alguém no dia que você estiver de serviço, atendendo outra ocorrência? Meu pai a mataria assim que eu falasse para ele que a serial killer é Core. Ela entrou em meu quarto e deixou minha mãe em coma. Você ficaria comigo, e para mim, seria o final feliz, mas não posso ficar feliz de saber que não te contei toda a verdade. Senta aí, só se levanta quando eu terminar de falar, como você prometeu.

- Na verdade, não é a Core que está cometendo os assassinatos, e sim Louise Durand. De alguma forma, Core está possuída. - Samantha falou enquanto o rapaz voltava a sentar-se em sua própria cama.

- Acho que não posso alegar possessão quando eu for preencher o relatório. - Poncho falou.

- Eu não sei como, mas Louise Durand está possuindo Core Rondel. Demorei a vir para casa, pois estava pesquisando: Louise quebrava os dedos dos pés e arrebentava o rosto das vítimas antes de matá-las. Antes do meu pai entrar no quarto no dia em que Louise matou a Miss Espanha, ele ouviu uma música; no processo, a tia de Louise conta que é a música que sua mãe cantava para ela quando ela era criança, e que aprendeu com uma colega brasileira a letra, que falava de uma boneca que quebrou o rosto e o dedo do pé. Meu pai já usou meu notebook e não fechou a sessão, Samantha explicou.

- Maitê falou que Louise estava dormindo até que violaram seu sono. Também citou algo sobre as pessoas ficarem mais fracas enquanto dormem. É isso! Core é sonâmbula; ela deve possuí-la enquanto está sonâmbula. - Poncho falou.

Samantha e Poncho ficaram em silêncio, e a jovem sabia qual a conclusão que o rapaz chegou.

- Sim, Core não fez nada. Quem fez foi Louise. Foi Louise que beijou os rapazes, e não a Core. - Samantha falou em voz alta o que Poncho estava pensando.

- Eu tive relação com a Core, com ela possessa. Bem que estranhei. Ela detesta cerveja, sempre prefere bebida doce. Core sempre estava cansada e cheia de roxos. Meu Deus, Core quer dizer Louise tentou te matar. - Poncho chegou mais perto de Samantha e a abraçou de forma que a jovem ficou com a cabeça em seu peito.

Samantha chorou, sabendo tudo o que aconteceria dali para frente.

- Você acha que foi a Core que violou o túmulo? - Poncho falou ainda abraçado a Samantha.

- Não, acho que ela pode ter comprado ou ganhado alguma jóia ou coisa íntima de Louise. - Samantha falou enquanto secava o rosto.

- Estranho, a única jóia que Core usava era o anel de namoro. - Poncho falou, e em seguida, ele e Samantha ficaram calados.

Samantha se afastando falou:

- Talvez tenha comprado alguma coisa em um bazar.

- Não sei. - Poncho falou vestindo-se.

O celular de Samantha tocou, e era a avó; Samantha colocou em mãos livres.

- Bon après-midi, grand-mère.

- Coucou Samantha, liguei para Maitê para pedir para ela tirar a limpo essa coisa de você ter sido perdoada pela Louise. Maitê afirmou e disse que Louise parecia um tanto impaciente. Também disse que a ex-miss falou que se elas tivessem se arrependido, ainda estariam vivas. Cuidado, Samantha, e cuidado, policial Fernandes. - Angèle Caron desligou a ligação.

- Como ela sabia que eu estava com você? - Poncho falou curioso.

- Coisas de Caron. - Samantha respondeu.

Poncho foi até Samantha, perto da janela, onde a jovem estava olhando para o nada, e levantou o rosto dela até conseguir beijá-la.

- Você é a garota mais madura que já conheci. Poderia ter me deixado pensando mal de Core, e nosso relacionamento estaria seguro. Por que preferiu contar a verdade? - Poncho perguntou, abraçando Samantha.

- Fiz porque era certo. Um dia você será meu sem eu ter que te dividir com ninguém, sem "E se?", só eu e você. - Samantha respondeu.

- Sam, aposto que você ficou olhando para o nada e falou essas coisas que eu não entendi nada, mas no futuro vou falar: ela tinha toda a razão. - Poncho falou sorrindo e levantando o rosto de Samantha até que os dois se beijaram novamente.

- Agora você pode ir se vestir direito. - Samantha falou quando se afastaram. Poncho havia somente colocado a calça. - Ou vou acabar tornando verdadeira a tese do Roy, que acha que vim aqui para transar com você.

- Acho que temos tempo. Hoje eu estou de folga mesmo. - O policial falou tirando o blazer preto de Samantha, jogando no chão, e depois tirou sua regata e atirou para um lugar qualquer.

Samantha apertou seu corpo contra o de Poncho e o beijou.

O rapaz falou baixinho:

- Não se preocupe, eu sou seu.

A jovem respirou fundo e falou:

- Onde está minha camisa? - Samantha falou se afastando de Poncho.

- Eu fiz algo de errado? - Poncho perguntou sem entender nada.

- Não é que aconteceu algo com seu apartamento.

- Do que está falando, Sam?

O celular de Poncho tocou, e o Capitão falou:

- Afonso, o apartamento em Viry-Châtillon n° 27 91170 Centre-Ville é seu?

- Sim, senhor capitão. - Poncho falou.

- Recebemos denúncia de furto, e o policial Bernardo ao ver o endereço disse que o apartamento é seu. Estamos indo para lá. Tem algo de valor?

- Capitão, as coisas de valor não são tão importantes. O problema é que eu tenho 6 pistolas, cartuchos e 3 balestras em um pequeno cômodo.

Core poupée, a Garota do Cabelo de Boneca( +18)Where stories live. Discover now