Olho pra cima e encontro a minha janela, só minha, era meu dinheiro que pagava aquele lugar e desço do carro.

— Garoto, tem uma encomenda pra você — o síndico diz de cara feia — Agora tá explicado o motivo de termos paz essa manhã, você não estava em casa. A garota não tinha com quem gritar — me olha torto dos pés a cabeça — Soube que irá inaugurar um novo prédio aqui perto, no próximo semestre — me entrega o pacote, que é imenso. Então lembro do quadro — Dizem que tem até piscina.

Começo a desfazer um pedaço do pacote e confirmo que é o maldito quadro.

— Me diga quando se mudar, vou comemorar. Você é um vizinho e síndico insuportável — sorrio — Bom dia!

Ele me olha de um jeito muito tentado a me bater.

— É pra vocês. Para infernizarem outros — diz alto para que eu possa ouvir já que comecei a me mover até o elevador.

Ele tem a visão do meu dedo do meio quando estou dentro, ele começa a andar em minha direção, mas as portas se fecham.

Imbecil.

Dentro do elevador me desfaço do restante da embalagem. O rosto de Emma é o primeiro a surgir. Ela está deslumbrante. Completamente perfeita, é quase como se ela estivesse ali em minhas mãos de verdade.

O resto da imagem, sou eu. Eu olhando feito um babaca hipnotizado pra ela. Era assim que eu era a sua volta? Era daquele jeito que eu a olhava? Como se não pudesse parar um segundo de admirá-la e desejá-la?

Minha boca e garganta secam, minhas mãos suam e meu estômago fica agitado, além daquela coisa doida em meu peito.

Eu estava ansioso e completamente louco por Emma Parker, mas do que imaginei estar, e pela primeira vez em minha vida, o ódio não vem. E eu luto em sua busca.

Mas somente o que vem é Emma em minha mente e em todo meu ser. Seu cheiro, seu sorriso, o som da sua gargalhada, sua língua esperta, sua inteligência, sua gentileza, seu carinho, sua maciez, sua mão na minha, seu corpo no meu, seus olhos verdes me olhando apaixonadamente sempre que olho pra ela, a paz que me traz quando as trevas surgem.

— Não, não, não! — bato o quadro várias vezes no chão — Não! — chuto apenas um pedaço intacto.

A porta do elevador se abre e lá está ela.

— Lucas, o que tá acontecendo? — olha de mim para o quadro. O quadro que ela insistiu que pousássemos pra fazer quando saiamos do restaurante na noite seguinte após termos feito um mês juntos. Eu não pousei pro quadro, mas a senhora que desenhava me pôs nele mesmo assim. Eu só lembro de me escorar não parede ao lado e esperá-la. Depois pagamos, lhe demos nosso endereço e fomos embora, ela não nos deixou ver e passei o caminho enchendo Emma, como tínhamos acabado de levar um golpe. Depois nos perdemos um no outro ao chegar em casa — É o quadro? Ficou tão ruim assim? — caminha pra dentro do elevador.

Eu saio.

Ela me segue.

— Vou me mudar — digo e seus olhos se arregalam em seguida se enchem de lágrimas — O apartamento tá pago até o fim do ano. Pode ficar — volto ao elevador — Não me segue — aviso quando começa a se mover.

Uma lágrima escorre.

Eu não a odeio.

Me odeio.

— Não vou implorar, Lucas — diz com a voz chorosa — Mas não precisa ir. Eu quem tenho que sair.

— Não te expulsar — relembro, um dos nossos muitos acordos — E não precisa implorar. Com certeza isso não está no acordo que fez com a Veronica. Quanto ela tá te pagando? — seus olhos voltam a se arregalarem — ela começa a se mover de novo — Não! — ela para.

Eu sabia há muito tempo que Veronica veio aqui, Tommy me contou e encontrei o cartão dela na mochila de Emma, não era muito difícil imaginar isso. Veronica e Erick viviam encontrando uma forma de me comprarem. Tommy foi o único que deu certo.

Erick ameaçava dizendo que eu não poderia mais ver meu irmão, se eu não fosse ao menos uma vez ao mês em sua casa.

— Eu não aceitei! — diz desesperada — Por favor, acredita em mim, Lucas! — começa a chorar descontrolada — Eu não aceitei nada! Fiquei com você por nós. Por estar apaixonada por você!

Meu peito aperta. Dói igual ou pior os castigos daquele nojento filho da puta. Igual ou pior as chamas em minha pele. Mas era pra doer menos que eu tinha que fazer isso.

— Acreditar? Você ganhou grana dos meus pais pra ficar ao meu lado. Vá se foder, caipira! Se eu quisesse a porra de uma prostituta, arrumava uma bem melhor.

Eu deixo de impedir que a porta se feche, quando ela começa a chorar muito mais e a caminhar em minha direção, havia dor em seus olhos, mas passaria, ela me odiaria o suficiente para isso. Emma não chega a tempo, ainda bem. Eu não queria me machucar mais. E pior, machucar ela, afundar ela de uma maneira que se tornaria fodido e vazio, igual a mim.

Então, Emma passaria a odiar de verdade, muito além do que ela acredita conhecer, Emma odiaria a todos, incluindo ela. E queimaria pra nunca mais voltar.

Se eu a odiasse de verdade, ao menos um pouco, pagaria pra ver. Me certificar que havia alguma chance de eu estar errado, mas não havia nem uma grama do ódio que já senti por ela, não havia nada além do oposto a isso, assim não poderia arriscar.

Eu não odiava Emma Parker, e me odiava por isso.




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Nas Mãos Do Badboy - 1º da série Nas Mãos Do Amor {COMPLETA 🔞 - BULLY ROMANCE}Where stories live. Discover now