ヾCHAPTER ONE

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Dessa vez ela se superou.

Só conseguia ver o flashback da minha guitarra entrando em contato com o chão e se partindo em pedraços, Como ela pôde? Ela sabia que significava muito pra mim! O que eu devia fazer agora? Comprar uma nova? E se ela quebra-se novamente? Eu estava decidida a sair daquele inferno, Preferia passar por dificuldades enquanto aprendo a cuidar de mim mesma do que continuar naquela casa, sofrendo como um cachorro abandonado.

Eu sentia raiva , Não fui capaz de protegê-la, Como pude quebrar a confiança dele assim? Ele a confiou a mim! Eu poderia ter feito mais para impedi-la, Eu poderia estar toda roxa agora, Mas ainda a teria comigo. Será que ele será capaz de me perdoar? 

Essas perguntas rodeavam a minha cabeça. Eu estava longe de casa, A tempestade forte molhava-me por completo mas eu não sentia frio, Na verdade eu não sentia nada além da raiva. Raiva de minha mãe, Raiva de meu irmão, Raiva de meu pai, Raiva de mim. Porque tudo e todos que eu amo se vão? Eu não sou boa o suficiênte?

Eu só queria que alguém me tira-se dali, Sentia meu corpo tremer mas não sentia frio, Bocejava mas não tinha sono, Eu só queria me acalmar para que pudesse pegar as minhas coisas e ir embora daquela casa. Foi então que vi algumas pessoas em lugares cobertos fumando cigarros enquanto esperava a chuva passar.

Lembrei do que minha avó sempre me dizia; "- Se não podes viver bem, Compre uma carteira de cigarros e morra!" Fui até o mercado mais próximo e comprei duas carteiras de cigarro e um acendedor, Coloquei um em minha boca e o acendi. Se o cigarro mata mais que a bebida então eu morreria daqui a alguns meses ou anos.

Eu voltei para casa, Entrando e já escutando os falsos pedidos de desculpas de minha mãe, Que me prometeu que mudaria quando era criança e olha só, Eu já estou com 32 anos. Ela sempre me implorava para morar comigo e eu sedia jurando que ela mudaria, P0rr4 nenhuma. Arrumei as minhas coisas e as coloquei no carro, Admirando o jardim que tanto cuidei mas logo olhei para ela.

- Vai se foder sua velha maldita, Espero que você morra assim como a sua consideração por mim!

- Mas S/a meu bem, Eu juro que vou mudar! Por favor não faça isso.

- Não viaja.

Entro no carro e ela se aproxima batendo no vidro enquanto fala mais alguma coisa que eu não consigo escutar. Dou partida no carro pro condomínio mais próximo do centro da cidade, Eu sou meio "famosa" por ser uma guitarrista e vocalista de bares populares. Sou conhecida como "Blueflame", Por ser quente como o fogo e ter uma voz suave como as águas cristalinas.

Aluguei uma mansão no condomínio popular da cidade, O dono do condomínio me alertou de que ninguém conseguia viver na casa que eu estava alugando, já que a casa em frente pertencia a uma banda um tanto quanto famosa. Os antigos moradores reclamavam de sons de guitarra no meio da noite, carros indo e voltando durante o dia, Risadas altas e festas barulhentas.

Não me incomodei muito, Quando se mora com uma mãe como a minha por 32 anos algo assim chega a ser relaxante. Fui em direção a casa e estacionei meu carro em frente, Avistando alguns homens mascarados sairem de uma van. Olhei algumas vezes mas logo foquei em pegar as minhas malas e as colocarem para dentro, Eram somente 4 malas, Sendo duas de roupas, Uma de acessórios e a outra de  itens como secador, escova e etc.

Meu cabelo já havia secado e a essa altura eu já estava com roupas novas, Sendo elas uma calça moletom cinza com um cropped de manga branco e um tênis da mesma cor, de acessório tinha apenas o meu par de brincos, meu colarzinho que ganhei do meu irmão e a tornozeleira que ganhei de um fã.

Sinto que estou sendo observada enquanto fecho o porta-malas do carro e o tranco, levando comigo a ultima mala. Olho para os mascarados novamente e o menor deles estava me encarando, Mando beijinho pra ele e entro na casa, Dando uma última olhada, logo fechando a porta.

Estava cansada mentalmente, Fui até a sacada do meu quarto e acendi outro cigarro. Observava a lua atentamente ainda sentada na cadeira confortável que tinha ali, Pensando se estava preparada pro show que teria depois de amanhã. Pensava nas músicas que tocaria até me vir em mente, Como tocaria sem uma guitarra? Meu mundo desabou novamente, Perdi o controle do meu corpo e logo minha respiração se torna desregular e sinto lágrimas em meu rosto, Eu estava condenando-me

Apoio minhas pernas na cadeira e escondo meu rosto sobre elas, Eu sentia vergonha de mim mesma, Ele a confiou a mim e eu simplesmente a perdi para aquele monstro. Soluçava de tanto chorar até escutar o meu celular vibrar, Era uma ligação de um número desconhecido, Desliguei e sequei as minhas lágrimas, Pegando outro cigarro e o colocando sobre a minha boca. Até que um homem baixo aparece na sacada da casa da frente, Mostrando o celular em uma chamada, Até que o meu celular volta a vibrar e o mesmo número me liga novamente.

Dessa vez eu atendi.

- Se você acender esse maldito cigarro você vai se ver comigo- Olho para ele e ameaço acende-lo- Será que podemos conversar? De nada te adiantará acender um segundo cigarro agora.

- Eu sequer te conheço, gatinho.- Ele sorri de leve

- Pode me chamar de Dew, Agora guarde este cigarro e venha até a rua, Gatinha.

Logo a chamada é encerrada e o homem some do meu campo de visão, Calço meus chinelos e  saio de casa, Já o encontrando ali, No meio da rua, amarrando seus cabelos e logo sorrindo para mim

- Sabia que viria.

DIVING IN YOUR EYES | SODOMIZERWhere stories live. Discover now