capítulo 2- O que seria aquilo?

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Após aquele longo sonho na companhia de Gabriel, acordas ainda de madrugada, olhas para o relógio e ainda são 5:20 da manhã, então decides ir dar uma pequena caminhada antes de ires para a faculdade. Sempre tiveste costume de fazer isso todas as vezes que não conseguias dormir, mesmo sabendo do perigo á noite nas ruas. Escolhes uma roupa simples, umas calças de ganga e um top branco quase transparente, pegas algo para petiscar, dado que ainda não são horas do pequeno almoço e segues caminho para o teu passeio. Não conhecias bem a cidade, então, aquilo iria valer a pena! Durante a caminhada, refletes inúmeras vezes o pedido de Gabriel, não era costume de ele fazer aquilo, dado que ele sabia que nunca falhavas quando tratava-se dele. Pensas se seria uma boa ideia continuar a insistir na ideia de perguntar-lhe o que tanto estava a incomoda-lo no momento, desde sempre foi o teu melhor amigo e sem dúvida não poderia falhar contigo. Todos falharam contigo, família, colegas e amigos, mas ele permaneceu a todo o custo.

 No dia anterior na volta para casa, Mark deu-te o número dele, caso precisasses de algo e até mesmo para puderem ir juntos de manhã e da volta para casa. Decides então enviar-lhe uma mensagem para que Cesar e Mark pudessem encontrar-te no autocarro, já que eram 6:57 e já estavas a voltar para casa para colocar tudo em ordem.

"Bom dia malta, espero encontrar-vos no autocarro! :)"
6:57√

Não pareceu-te que iriam responder brevemente, dado que poderiam ainda estar a dormir e por isso continuas o teu caminho para casa. Ao entrares pela porta, és cumprimentada pelo teu gato Golias, além do teu melhor amigo Gabriel, podias dizer que os animais eram mais amigos do que os próprios humanos. O levas para o teu quarto, para estares acompanhada enquanto preparas-te para sair. Não demorou muito, até porque mais cedo já tinhas feito os preparos todos para aquele dia e só precisarias arrumar o teu lanche e a roupa. Durante todo o caminho até á paragem, tinhas os fones postos e ouvias sempre a mesma música, " I just threw out the love of my dreams"! Recordas-te de como conheceste a mesma, estavas sentada na tua sala com os teus pais e com o gato Golias a dormir no teu colo, ao passares os canais, encontras-te essa música num rádio e foi tão inesquecível que até aos dias de hoje a ouves como se fosse a primeira vez. No entanto, naquele momento de felicidade e tranquilidade, surgiu na TV um aviso mundial, acerca do assunto do surgimento dos substitutos, aquela memória era difícil de se esquecer.

Tu acabas por sentar na cadeira que encontrava-se na paragem, enquanto esperas pelo autocarro. Avistas uma pessoa ao longe muito estranha, a mesma parecia estar com alguma dificuldade a caminhar e as suas roupas estavam muito estranhas para ti. Pensas o que poderá ter acontecido com ele, as roupas estavam manchadas com uma substância avermelhada quase para o preto. Seria um sem-abrigo? Ou um bêbado? Ainda assim, decides não interferir naquele problema que não envolvia a tua pessoa. Enquanto a música repetia, cada vez que chegava ao refrão sentias aquela sensação boa de estares em um outro mundo, algo que todos conseguem sentir quando adoravam um tipo música, estavas tão distraída que quando abriste os olhos e não encontraste aquela pessoa estranha no lugar onde ela estava, retiras um fone e podes-te confirmar que os seus passos pareciam estar próximos, no entanto, não o encontravas ainda. Quando os mesmos param, por algum motivo, o teu corpo ficou arrepiado e congelado, conseguias ouvir a sua respiração ofegante, abafada e angustiante perto de ti. Só conseguias pensar coisas estúpidas e inúmeras perguntas surgiam na tua mente, sem conseguires obter qualquer resposta. Decidiste pensar que ele já iria afastar-se de ti, permaneceste com os olhos no chão, imploravas que quem fosse aquela pessoa que parecia estar a encara-te, fosse embora o mais rápido possível. Decides respirar fundo e abrires os olhos na esperança de não encontrares nada ao teu redor e nem qualquer som que pudesse perturbar-te.

BUH!

Com todo aquele medo, tapas os olhos e dás um grito para que alguém que estivesses ali perto, viesse acudir-te! Mas depois quando surge aquela risada familiar, os teus olhos cruzam-se com o rosto de Mark, ele ria tanto da tua reação que parecia que tinha acabado de sair de um show de comédia. Colocas a mão no peito e respiras fundo, sentias o teu coração tão aceleradamente que podias dizer que ele estava pronto para fazer uma maratona quando saísses pelo teu peito.

Mandela CatalogueWhere stories live. Discover now