Harry não voltou para Hogwarts no dia seguinte. Todos estavam perdidos, confusos. Antes, não tinham nome para o perigo, e isso dava uma desculpa para o caos; agora, um nome foi revelado — mas ninguém sabia qual passo tomar.
Narcissa passou dois dias seguidos na biblioteca. Harry e Draco nunca tinham visto a mulher tão focada, tão imersa em livros e pergaminhos. Ela buscava incansavelmente um feitiço de proteção tão poderoso que nenhuma magia hereditária pudesse tocá-los novamente.
— Amanhã vou pedir para meu pai convocar alguns mestres de Defesa Contra as Artes das Trevas — disse Draco com voz firme, sem tirar os olhos dos livros. — Preciso me tornar melhor, mais forte. Já cansei de não conseguir te proteger.
Draco, ajeitando o pijama, evitava olhar para Harry, que já estava deitado. Sentia o peso do olhar do amigo nas costas, mas algo o impedia de se virar.
— Dray? Olha para mim — chamou Harry, com a voz doce, mas firme.
Nada.
Harry se levantou e se aproximou devagar.
— Eu não quero que você fique mais forte por minha causa. Nunca pedi que fosse meu guarda-costas. Só quero que fique ao meu lado, sendo você mesmo. Entendeu?
Draco se virou, evitando o olhar, e o abraçou com força.
— Um dia, prometo — sussurrou, a voz carregada de emoção —, eu vou te mostrar que posso te proteger!
Harry soltou um suspiro pesado, carregado de um cansaço que ia além do corpo — era o peso de tudo que estava por vir. Ele sabia que nenhuma palavra sua naquele momento conseguiria atravessar a muralha silenciosa que Draco erguera.
Eles se deitaram lado a lado, como sempre fizeram, uma rotina que, para qualquer um, pareceria simples. Mas para Harry, havia uma tensão quase palpável no ar, um incômodo que crescia a cada segundo, queimando por dentro.
Virou o rosto lentamente, e ali estava Draco, entregue ao sono profundo, a expressão tranquila como se o mundo pudesse ser esquecido. O coração de Harry disparou, uma mistura confusa de medo, desejo e uma urgência sufocante que ele nem sabia nomear.
Em um impulso, virou o rosto para o lado oposto, tentando engolir aquele turbilhão que ameaçava derrubá-lo.
"Qual é o seu maldito problema?" pensou, a voz na sua mente soando como um grito preso na garganta.
O sono demorou a chegar, lutando contra aquela tormenta interna. Mas quando finalmente o invadiu, seu sonho emergiu com força brutal — uma realidade viva e pertubadora.
— Harry? Harry? Acorda, Harry, nós vamos nos atrasar. Você esqueceu?
Ele abriu os olhos, mas o rosto da garota à sua frente era um borrão, uma sombra sem forma, como se estivesse sendo sugada para dentro de um nevoeiro denso e impenetrável.
— Levanta, Harry. Ele está reclamando da sua demora.
O uniforme de Hogwarts dela era nítido, mas seus traços desapareciam, distorcidos, quase como um sonho fugidio tentando se agarrar à realidade.
De repente, Harry não estava mais na cama do quarto de Draco. Estava na sala de jantar, cercado por Draco, Narcissa, Lucius, Severus e a garota sem rosto. Todos os olhares, tensos e carregados, pesavam no ar.
— Vocês estão prontos? — Narcissa perguntou, com uma voz firme, quase um comando. — Vocês não podem se esquecer de nada.
Mas foi a garota quem respondeu, sua voz ecoando como um sussurro inquietante:
— Acho que esqueci de uma coisa, madrinha... já volto.
BẠN ĐANG ĐỌC
All This Time
Bí ẩn / Giật gânTentaram lhe deixar sem nada, sem a família, sem uma casa para morar. Pensaram que ele estava sozinho, só não sabiam que Harry Potter nunca esteve só. "Minha família não acabou naquela noite, ela se tornou mais forte" Obra criada baseada nos livros...
