Prologue

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A noite de Vancouver estava gélida e chuvosa, era o clima típico da região, nas ruas não havia quase ninguém, com exceção da garota de moletom branco, que apertava seus passos por conta do nervosismo, não importava quantas vezes fazia aquilo, suas mãos sempre tremiam por conta da adrenalina. E nada dela localizar onde Hannibal estava, se ele a deixasse na mão, quem iria acabar numa pior seria ela.
Ao entrar naquele beco escuro, onde dava caminho para o chalé em que moravam, notou que realmente estava sendo seguida, era a hora da ação...
Ao virar-se para o homem que era notavelmente mais velho, ele estava com um sorriso amarelo e a olhava de cima abaixo, era nojento imaginar as coisas que passavam por sua cabeça.
- Olá princesa.- Sua voz soava asquerosa, Gabe sentiu sua espinha inteira gelar ao ouvir aquilo, mas então viu uma sombra alta chegando por trás e seu sorriso abriu, Hannibal apenas o agarrou por trás assim cortando a garganta do homem, que logo caiu sem vida no chão.
- Poxa, achei que ia me abandonar nessa Hanni.- Ela saltitou sob o corpo e então o abraçou.
- Ora cupcake, sabe que tudo tem a hora certa.- Ele disse devolvendo o abraço e então a ouviu soltar um riso anasalado.- Vamos terminar o serviço?
- Minha parte favorita, e advinha?- Gabe olhou seu relógio e sorriu.- A tempo do jantar.
Foi um pouco difícil o carregar até a porta do chalé, mas assim que chegaram, colocaram o corpo do homem sob a mesa, Gabe se aprontou com um vinho na sua poltrona, enquanto o via dissecar o homem, balançando sua taça, podia sentir o aroma do vinho, que se misturava com o ferroso do sangue, eram momentos únicos e que ela guardaria bem para o resto de sua vida.
E sabia que poderia passar a vida o admirando fazer o que estava fazendo, assim fazendo questão de tentar guardar cada momento, cada movimento com a cutelo.
- Gabe, falou com sua mãe hoje?- Hannibal largou o cutelo e virou-se para a garota, olhando fixamente em seus olhos dourados.
- Uhum.- A mesma ingeriu um pouco do líquido, e então suspirou.- Hoje de manhã, ela sabe que estou com você e é o suficiente.
- O que acha de irmos para Baltimore semana que vem?- Ele indagou com um leve sorriso no rosto, notou que Gabe não ficará muito feliz com a ideia.
- Sabe que eu não me sinto confortável com eles, sou pressionada a cada passo que dou.- A garota soltou um suspiro de desapontamento, talvez esperasse que ele a conhecesse.
- Sabe que eles sentem sua falta, não sabe?- Lecter cruzou os braços e desviou seu olhar.
- Se sentissem minha falta, não teriam me expulsado de casa por causa da Tasha.- A mesma levantou-se e apertou o cabo da taça, até que o cristal se rompesse, cacos de vidro voaram pelo chão, algumas gotas de sangue caíram no chão manchando o tapete de plumas brancas que haviam recém comprado. Hannibal sabia dessa natureza dela, os ataques de raiva eram constantes, e isso com certeza poderia os levar para o buraco , mais cedo ou mais tarde.

• • •

Três semanas depois, o noticiário estava mostrando rostos de algumas vítimas do casal,  haviam achado restos mortais de algumas, restos os quais Hannibal era responsável por sumir.
- Hanni você está falando sério?- Ela levantou indo até a cozinha, a calma que o homem se encontrava a irritava demais.
- Não deve ser preocupar com isso cupcake.- Lecter não se deu o trabalho de olhar para trás, estava cuidando do ponto de seu molho branco.
- Hannibal Lecter. Você tinha apenas um trabalho, cavar uma cova e os incinerar, por que não fez isso?- Ela praticamente gritou com o mesmo.
- Seria imprudência atear fogo, carne humana tem um odor forte quando incinerada.- Lecter desligou o fogão, então virou-se para ela.
- E agora corre risco de nos acharem, parabéns Hannibal Lecter, salvador da pátria.- Gabe bateu palmas de forma debochada, e então virou as costas, voltou para o quarto e caçou sua bolsa com algumas ervas venenosas, as quais havia aprendido a usar com usa avó.
Leu cada um dos encartes que estava grudado nos plásticos, e por fim escolheu cicuta, que era uma erva letal, mas sua letalidade era lenta, primeiro os músculos começavam a parar de responder, logo depois até mesmo respirar pareceria um sacrifício, e por fim uma parada cardiorrespiratória viria, seria o cenário perfeito para um suicídio forjado.
Gabe pegou um pouco da erva e foi para a cozinha, sabia que não teria ninguém, já que Hannibal sempre saia para respirar quando brigavam daquela forma, fez então um chá, o adoçou com mel e esperou com que ele chegasse, estava quase se entregando ao sono quando ouviu a porta bater, o semblante de Lecter era de exausto, ela admitia que nunca o tinha visto assim.
- Me desculpa por mais cedo.- Ela bateu no lugar ao lado dela no sofá, e então o mesmo aceitou o convite.- Fiz chá para você.
- Obrigado.- Ele sorriu e pegou o pires com a xícara da mão dela.
- Vou voltar para Baltimore.- Ela cuspiu após notar que ele havia tomado boa parte do líquido da xícara.- É só por um tempinho.
- E quanto seria esse "tempinho"?- Ele fez aspas com uma mão, enquanto segurava o pires na outra.
- Eu quero recomeçar, essa vida não é pra mim, vou retomar minha faculdade, arranjar um emprego...- Lágrimas se formavam no rosto da garota, era oficial a personalidade manipuladora dela estava a salvando naquele momento.
O silêncio se instalou naquela sala, ela apenas deitou no ombro do mesmo, sabendo que era a última vez, sabendo que Hannibal Lecter estava morrendo lentamente ao seu lado, quando notou que os olhos dele estavam pesando, Gabe levantou-se e subiu até o andar de cima da casa, onde guardava um pouco de sangue das vítimas, era seu troféu particular.
Pegou todos os frascos e começou a sujar a casa de cima abaixo, Hannibal mal conseguia se mexer, mas tentava falar e perguntar o motivo de tudo aquilo, a voz da avó de gabe resoava em sua cabeça.
"Ninguém importa mais a você do que você mesma."
Era isso que ela estava fazendo, por uma última vez ela subiu e pegou suas coisas que estavam numa mala de viagem, olhou para Lecter por uma última vez e suspirou.
- Me desculpa Hanni, mas entre o amor da minha vida e eu, fui obrigada a fazer uma escolha.- Gabe encheu seus pulmões de ar, era sua tentativa de controlar o verdadeiro choro, que logo viria, mas não era o momento.- Eu amo você Hannibal Lecter.
Foi a última coisa que Hannibal ouviu dela, quis o destino que por muito pouco o veneno não o matasse, e desde então sua vida tem sido uma caçada por ela, vingança era tudo que ele queria, rastreou crimes que Gabe cometerá, mas nunca ela, talvez fosse hora dele seguir em frente e deixar o passado para trás.

[ Continua... ]

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Dead memories in my heart | Hannibal Lecter Where stories live. Discover now