CAPÍTULO UM

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   " Você sabe que eu não estou preparada para isso."

   "Claro que está! A Top Gun seleciona apenas 1% dos alunos, os melhores dos melhores, e você está entre eles. Você me enche de orgulho a cada dia que passa, minha filha! Jamais me decepcionaria."– ele digita

  Fico lendo e relendo a mesma mensagem por alguns minutos lançando um sorriso satisfeito. Tom "Iceman" Kazansky. Um dos melhores pilotos que eu já vi, o número 1 da Top Gun. Era uma reputação enorme para carregar e ele sempre fez isso com excelência, além de ter sido um pai maravilhoso e estar ali para mim quando era preciso.

Mas depois que a doença apareceu foi ficando cada dia mais difícil de lidar, ele sofria em silêncio para não incomodar ninguém e mesmo assim eu me via na obrigação de cuidar dele. Iceman nunca mais foi o mesmo depois disso. Agora só o vejo dentro de sua sala, pensativo, como se nem estivesse ali. É doloroso assistir alguém que você ama partir aos poucos e não poder fazer nada para mudar isso, nunca se sabe quando vai ser a última vez que irão se ver, a última conversa, o último abraço, o último "eu te amo" dito, quando haverá uma melhora ou uma recaída, tudo é uma incógnita. E sempre que paro para pensar nisso entro em pânico e não consigo conter as lágrimas.

   "Eu só quero ser tão boa quanto você era, pai" – digito e suspiro com pesar

  "Acredite, Frost, você será. Está em boas mãos."

  Olho confusa para o celular após ler a mensagem, mas dou de ombros. Frost. Esse era o apelido que ele havia me dado quando eu era criança. Sempre dizia que eu era como a geada, intensa, mas mesmo assim conseguia deixar tudo o que tocava ainda mais belo. E esse é meu codinome. Olivia "Frost" Kazansky, em homenagem a ele.

  Assim que adentro o bar olho ao redor em busca de algum rosto conhecido. O Hard Deck estava cheio, isso porque sempre foi o point favorito dos pilotos, muitos vinham em seu tempo livre para beber e jogar conversa fora, se arriscar na sinuca, flertar ou até mesmo apenas para ouvir uma boa música dos anos 80. Era um lugar aconchegante que trazia sensação de alívio e conforto assim que o adentrava.

Fixo meu olhar no bar no centro do estabelecimento e arregalo os olhos sem acreditar em quem está sentado em um dos bancos conversando com a dona do bar, Penny Benjamin.

   — Se Iceman se referia a você com "está em boas mãos" Deus nos ajude. — digo com humor me aproximando da pessoa sentada próxima ao balcão. Assim que solto o comentário ele se vira e sorri largo ao me ver, aparentemente surpreso por estar ali. Era Pete Mitchell, mais conhecido como Maverick.

   — Mais um Kazansky para me arrumar problemas, Deus "me" ajude. — diz o mais velho dando ênfase em sua fala se levantando para me abraçar.

  Pete era como um segundo pai pra mim. Sempre ouvi sobre suas histórias de como se metia em confusões com os almirantes, como ele e meu pai eram rivais no início quando estavam na Top Gun e no final puderam voar juntos, com o passar dos anos se tornando amigos. Também já ouvi sobre seu parceiro, Nick "Goose" Bradshaw, e sua morte trágica. Não consigo nem imaginar o que Mav e a família de Goose têm passado desde aquela época.

   — Mais alguém sabe que você que vai nos instruir na missão? — pergunto soltando de seu abraço e o analisando, Maverick franze o cenho e nega com a cabeça — Que cara é essa?

   — É a única que eu tenho. — rolo os olhos e ouço um grupo de pilotos conversando no canto do estabelecimento, chamando minha total atenção a eles. Entre eles tinha um loiro alto com um corpo atlético que exalava arrogância, uma mulher morena com um coque baixo que ria de algo que o baixinho de óculos fazia, logo em seguida ficando corado. — Conhece alguém?

TOP GUN: HURRICANEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora