Jung Hoseok tinha um sonho.
Se tornar artista, e ele se tornou. O maior de todos os tempos certamente seu grupo seria lembrado por décadas e eras, eram conquistas enormes para os anos 2000. No entanto, deixou para trás os olhos de whisky e fogo sem...
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- 2001 -
Jung Hoseok, NY.
Soube no instante em que os flocos de neve grudaram em seus cabelos castanhos avermelhados - que ela era uma visão para aquecer todos os dias o meu coração.- Ela olhava encantada para o gelo agora quase sólido em suas mãos enluvadas e sorria ao tocar sua bochecha, onde o frio a beijava lindamente naquela quarta-feira de dezembro.
Tenho certeza de que me deslumbrei com seus movimentos nada erráticos naquela pista de patinação. Era uma poesia a forma como seu corpo se movia, os gestos que ela fazia tão suaves e ao mesmo tempo, poderosos . Girava sob o gelo plano e saltava numa destreza que deixou meu coração trepidar ao vê-la quase cair e mesmo sob os quase -9⁰ daquela noite iluminada pelas árvores enfeitadas no Rockefeller eu tentei patinar até ela quando o último som de patins derrapou no gelo e eu creio que ela havia terminado sua apresentação solo.
Não era como se houvesse muitas pessoas na rua em pleno às 3h da manhã, embora, seja Nova Iorque,- a cidade nunca morre, nunca dorme.
Ela sorriu sem graça quando me aproximei, ou tentei, eu não era muito bom com aquela máquina mortífera de colocar nos pés e deslizar no gelo. Rindo quando escorreguei e caí em seus braços, soube com certeza que a visão da sua risada tímida e o barulho de sinos ao meu redor enquanto seus olhos castanhos chocolates brilhavam a luz do luar gelado.
— O gelo é inimigo dos descoordenados.
— Só quando a gravidade não gosta de ajudar.
Como não cantariam os anjos sobre as luzes dos flocos de neve que dançavam ao luar quando ela o ajudava assim? Suspiros profundos e olhares carinhosos. Talvez nunca mude o que sentimos um pelo outro nem mesmo quando um oceano inflige a distância que persiste em manter.
As coisas eram como eram.
— Faz muito tempo, Jung.
Sorri por alto.
— Muito tempo, Isabelly. Tempo demais.
Seus olhos fugiram dos meus a luz do luar ou foram seus olhos marejados que brilharam cintilando no escuro. Me arrumei sob o gelo ainda mantendo o contato entre nós. Mirando novamente os belos olhos whisky e fogo.
— Ainda patina por aqui, no mesmo horário, na mesma data.
Ela deu de ombros após o silêncio ecoar entre a revoar de suspiros do vento.
— Alguns hábitos demoram para morrer.
Claro.
Sorri aceitando aquele gesto e sua postura. Obviamente nada seria esclarecido ou tudo havia ficado permanente entre nós. Além dos gritos envoltos de sussurros ásperos ao redor pelo vento e gelo, não havia nada além de nós ali.
