II

2.3K 200 2
                                    

Na manhã seguinte, Sasuke acordou com medo de que Sakura tivesse ido embora. Levantou e se trocou mais rápido do que achava que o ser humano era capaz e saiu do quarto, praguejando quando de alguma forma, tropeçou nos próprios pés e quase caiu no chão.

 A casa estava vazia e mais silenciosa do que nunca. A não ser que tivesse ido embora, Sakura não havia acordado ainda.

Com cautela, andou até o quarto de hóspedes, abrindo a porta devagar. 

Sakura ainda dormia. Estava encolhida na cama, enrolada em dois cobertores. A noite realmente fora fria. Ela não fazia um som sequer. Nem sua respiração era audível. O rosto dela estava ligeiramente corado, como se, mesmo dormindo, soubesse que estava sendo observada. O cabelo rosa estava espalhado pelo travesseiro e sua expressão calma fazia com que ela se parecesse com uma delicada boneca de porcelana.

O cômodo estava quase que totalmente escuro. A única luz vinha da janela, de onde Sasuke pôde ver o sol se erguer entre as nuvens. Talvez fosse cedo ainda. Saiu do quarto, um pouco mais calmo, indo para a cozinha.

Checou o que havia na dispensa, encontrando apenas pó de café e açúcar. Ele precisava sair para comprar algo para o café da manhã.

 Pegou seu paletó e saiu de casa, andando pelas ruas que já estavam cheias de pessoas que provavelmente iam trabalhar e crianças indo para a escola. Na padaria, muitas pessoas compravam pão ou outras coisas. Sasuke comprou uma sacola com pães e uma garrafa de leite. Entretanto, antes de sair, pediu também um pedaço de bolo de cenoura. Ele não gostava, mas talvez Sakura fosse gostar. 

No caminho de volta para casa, uma voz conhecida lhe chamou:

-Ei, Sasuke!

Sasuke se virou, vendo Naruto vindo em sua direção, sorrindo. Hinata, sua esposa, vinha junto dele, tímida como sempre, mas elegante.

-Bom dia, Sasuke -ela disse, sorrindo.

-Bom dia, Hinata. Para você também, Naruto.

-Como vai, Sasuke?

-Bem.

-Tem vendido muito ultimamente? 

-Não muito.

-É realmente uma pena, Sasuke -Hinata se pronunciou -Eu acho os seus quadros excelentes.

-É muita gentileza sua dizer isso, Hinata. É uma pena que os outros não pensem da mesma forma. Bem... foi bom encontrar vocês, mas eu tenho que ir. Tenho uma visita me esperando para tomar café da manhã.

-Visita? -Naruto perguntou, sorridente.

-Sim. É uma moça que ajudei ontem. Ela vai ser minha modelo, vou fazer um retrato dela.

-Está bastante empolgado, não é? -Hinata comentou e ele apenas assentiu -Dá para ver só de olhar que você está inspirado. Não o vejo assim desde que a Mei... bem, você sabe.

-A Hinata tem razão, Sasuke. Você está até sorrindo de verdade. Não sei quem é essa moça, mas quero conhecer essa pessoa que está te deixando tão inspirado.

-Talvez você a conheça em breve. Ela vai ficar hospedada na minha casa até eu terminar o quadro. Venha me visitar qualquer dia desses. E leve a Hinata.

-Vou tentar.

-Tenho que ir. Até logo -ele falou.

Naruto e Hinata seguiram seu caminho e Sasuke voltou para casa.

Sakura ainda não havia acordado. Ele deixou as compras em cima da mesa e foi para seu quarto para procurar seu material de desenho. Depois de acha-lo, abriu o armário, onde as roupas de Mei ainda estavam guardadas e pegou um vestido amarelo com mangas curtas, para que Sakura vestisse quando acordasse. Dobrou a peça com maestria e voltou ao quarto de hóspedes, onde Sakura ainda estava adormecida. Depositou o vestido na cômoda ao lado da cama e saiu em silêncio.

Ele mal começou o traçado de seu esboço e teve que apagar. Fora uma sábia decisão fazer um desenho antes de começar a pintura de verdade. Tentou mais duas vezes e falhou miseravelmente nas duas. Parecia simplesmente impossível desenhar o contorno do rosto de Sakura.

-Algum problema? -ela perguntou.

-Nenhum. Pode começar a me contar sua história, Sakura -ele falou, finalmente acertando os primeiros traços do desenho.

-Ah... tudo bem. Como eu já disse, nasci e fui criada em Konoha. A família Haruno vivia bem. Morávamos numa casa confortável e não tínhamos dificuldades para nos mantermos. Meu pai era dono das empresas Haruno. Na tentativa de unir as empresas Haruno com as empresas Inuzuka, ele prometeu a minha mão em casamento para o filho mais novo dos Inuzuka. Há cerca de um ano me contaram sobre isso. 

-Então você se casou com o filho mais novo dos Inuzuka?

-Não! Eu me recusei a casar com ele. Disse isso pessoalmente à ele. Ele concordou, pois amava outra garota. Mas o pai dele ficou furioso. Achou um absurdo que seu filho fosse recusado de tal forma. Especialmente porque Kiba era um rapaz muito bonito e cobiçado. Tinha recebido outra proposta de casamento por parte da família Yamanaka, mas recusara a proposta porque já tinha se comprometido com os Haruno.

Sasuke fez o contorno dos olhos de Sakura, absorto na história. Queria muito saber de tudo sobre a rosada.

-O que aconteceu depois? -ele indagou, ansioso para saber como o relato terminaria.

-Cego pelo ódio, ele quis se vingar. Espalhou calúnias sobre as empresas Haruno. Em menos de um mês, as empresas faliram. 

-Então ele realmente conseguiu se vingar?

-Ele pressionou meu pai, dizendo que se ele quisesse de volta o que havia perdido, teria que aceitar o casamento entre Kiba e eu. Mas meu pai sempre odiou ser manipulado, mais do que qualquer coisa. E, desta vez, quem recusou a proposta foi ele.

-Mas você teria se casado de ele aceitasse?

-Para proteger minha família, eu teria me casado com ele. Kiba é uma boa pessoa. Mesmo sem amor de ambas as partes, tenho certeza de que nós seríamos felizes à nossa maneira. Mas meu pai não aceitou, então o pai do Kiba ficou irado. Consumido pela raiva por ver seu filho sendo recusado duas vezes, ele mandou que ateassem fogo em nossa casa. Eu fui a única que sobrevivi. Kiba me ofereceu abrigo. Passei meses escondida só porão de sua casa. Ontem, quando você me encontrou, eu estava na rua porque tinha sido descoberta. Me expulsaram de lá e Kiba, que se tornou meu amigo, não pôde fazer nada. 

-E o que houve com o Kiba?

-No mínimo ele recebeu um castigo severo do pai. Mas não sei exatamente o que aconteceu.

-Entendo... -ele murmurou, começando a traçar o cabelo de Sakura.

Durante algum tempo, o único som que se ouvia era o do lápis entrando em contato com o papel. Aos poucos, Sasuke começou a ficar um pouco perdido no que fazia. Se pedia nas linhas que formavam os olhos de Sakura e chegava a ficar alguns segundos a mais estudando o rosto da moça, antes de voltar a prestar atenção no desenho. Parecia quase impossível não se perder nos traços angelicais de Sakura. 

Isso o fazia errar constantemente, o deixando muito frustrado. Foi então que percebeu que era hora de fazer uma pausa. 

Olhou no relógio da parede e constatou que já passava do meio dia. Ele olhou para Sakura, que parecia confusa e sorriu.

-Vamos fazer uma pausa para o almoço?


My LoveWhere stories live. Discover now