Capítulo 8

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A festa ainda acontecia e eu conversava com a Jaehee sobre coisas banais e sobre a universidade em um sofá. As vezes, eu não conseguia ficar só a olhando e a beijava, eu não resistia a beleza dessa mulher quando ela... bem, fazia qualquer coisa. E não era qualquer beijo, era um beijo com muito sentimento e eu podia sentir isso. Nós nunca os aprofundávamos, já que eu não gostava de fazer isso em público, mas não deixava de ser algo intenso, algo bom.
Algumas vezes eu me vi procurando o Zen com os olhos pela festa e a Jaehee parecia estar fazendo o mesmo.
Vi ele sendo abordado por algumas meninas, meninos, nos encarando de volta, conversando com um amigo, bebendo uma quantidade considerável de latinhas de cerveja. E eu não podia julgá-lo pois estava fazendo o mesmo com uma bebida destilada vermelha que eu havia experimentado na festa. Eu já não podia dizer que estava tão sóbria quanto na hora que saí de casa.
Eu estava um pouco arrependida de ter tentado provocá-lo daquele jeito. Parece que deixei aquela competição inexistente tomar conta da minha cabeça e fiz esse tipo de coisa, eu podia tê-lo machucado de alguma forma e isso era, definitivamente, algo que eu não queria fazer.
Talvez eu esteja pensando demais, mas não consigo evitar ficar preocupada.
De repente, Zen começou a se aproximar de mim e de Jaehee, nós duas ficamos em silêncio até que ele parasse em nossa frente.
— Jaehee, posso conversar com a Helena um pouco? 
Ela olhou pra ele e, então, pra mim e disse:
— Tá bom. Eu vou e depois volto com mais uma bebida pra gente.
Eu estranhei o pedido, mas não disse nada, só esperei ele se acomodar ao meu lado e dar um grande gole de cerveja antes que começasse a falar.
— A gente precisa conversar.
Eu fiz uma expressão surpresa o mais discretamente que pude e soltei um "certo" um pouco nervosa, com as mãos já começando a suar. Eu nem tinha por quê ficar tão nervosa com uma conversa, certo?
— Eu tenho duas coisas pra te contar — Zen começou.
Eu esperei ele continuar e o homem tomou um outro gole grande da latinha, acabando com o que tinha dentro dela.
— Eu andei saindo com a Jaehee ultimamente.
Ok, eu estava ficando brava e o ciúmes e a insegurança começaram juntas a cutucar meu coração. Por fora, eu parecia normal, mas a minha vontade era de levantar e ir chorar no banheiro.
— E eu beijei a Jaehee — Ele completou.
— Você o quê? — Perguntei desacreditada, não sabendo que outra reação ter além dessa.
Zen não respondeu e, assim que digeri a informação, dei uma risada curta, demonstrando meu descontentamento. Eu me sentia traída pelos dois — mesmo que, de certa forma, não devia sentir —, que não me contaram nada sobre isso antes.
— Eu também já beijei a Jaehee antes — Contei, simplesmente pra provocá-lo.
Eu estava morrendo de ciúmes e eu queria deixá-lo no mesmo estado do que eu, mas ele só respirou fundo e ficou em silêncio. Essa atitude e o álcool que ingeri fizeram meu sangue esquentar ainda mais.
— E eu aposto que beijo melhor que você! — Aumentei o tom de voz, irritada.
— Ah, é? — Zen disse, se aproximando, também já afetado pelo álcool.
— Sim! — Eu também me aproximei mais para mostrar que não me sentia intimidada.
— Eu duvido — Ele chegou ainda mais perto, nossos rostos estavam tão próximos que podíamos sentir a respiração um do outro.
Ficamos nos encarando assim por um tempo, ele não parecia tão descontente e eu queria passar o oposto. Imagine a briga de duas pessoas bêbadas, obviamente elas nunca têm muito sentido, mas, no momento, ela parecia ter sentido pra mim.
A proximidade me fez observá-lo melhor e, nossa, como ele era bonito. Eu senti vontade de beijá-lo e, sem pensar duas vezes, eu o fiz.
Abracei-o pelo pescoço pra trazê-lo mais perto e, depois de provavelmente entender o que estava acontecendo, ele me abraçou pela cintura, pedindo passagem com a língua.
E eu deixei.
Ouvi alguns gritos e palmas quando aprofundamos o beijo, o que eu tentei ignorar a todo custo, não gostava de beijar na frente de outras pessoas.
Eu e Zen parecíamos desesperados em busca de mais contato, apesar de já estarmos colados um ao outro, então, por conta disso, acabei sentando em seu colo com as duas pernas de um lado. E, ao contrário do resto de nossos corpos, nossas línguas se movimentavam lenta e sensualmente, parecendo que ambos estavam aproveitando o momento.
Eu puxava o cabelo de Zen pra descontar toda a raiva que eu senti e ele fazia o mesmo com o meu, parecendo que essa seria a solução para a nossa competição idiota.
Eu sentia o gosto de cerveja na boca de Zen e juro que ela nunca pareceu ter um sabor tão bom quanto agora. 
Quando precisamos desesperadamente de ar, nos separamos e olhamos um pro outro, ofegantes. Com aquele momento, eu pude finalmente admitir. Toda a tensão que eu sentia perto dele e aquela atmosfera estranha entre nós pareceu fazer sentido.
Eu gostava de Zen. E gostava muito.
Eu o beijei de novo, agora mais calma e Zen retribuiu. Agora, nós não apertavámos mais um ao outro e o beijo era carinhoso e cuidadoso, como sempre fomos (ou tentamos ser) um com outro.
Eu acabei o beijo com um selinho e, quando abri os olhos, Zen ainda tinha os dele fechados. Eu ri pela cara de bobo que ele estava fazendo e ele também abriu os olhos, sorrindo.
— Você gosta de mim, Zen? — Perguntei com um resquício de riso.
— Essa era a segunda coisa que eu ia te contar.
Eu não consegui esconder a minha cara de surpresa e, depois de passado o choque, abri um sorriso. 
— Você... Também gosta de mim? — Ele perguntou, hesitante.
— Não, Zen! Estou aqui te beijando sentada no seu colo porque te odeio! — Debochei da pergunta um tanto óbvia dele.
— Não tava parecendo antes.
É, nisso ele tinha razão, então dei de ombros e falei:
— É que, as vezes, algumas coisas que você faz me irritam.
— Tipo o quê? — Perguntou visivelmente preocupado.
— Você ter essa carinha tão bonitinha, por exemplo — Mordi a bochecha dele só pra perturbá-lo.
Ele riu alto e disse:
— Eu sei que sou lindo, mas você vai ficar brava toda vez que me ver?
— Talvez — O provoquei de novo, o que o fez abrir um sorriso.
— Mas e agora? Tipo, e a Jaehee? — Eu comecei — Eu... também gosto dela.
Ele me olhou com um sorriso pequeno muito bonito, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e disse:
— Eu também gosto... A gente vai precisar resolver isso junto com ela. 
Eu não entendi muito bem o que ele quis dizer com resolver, mas decidi confiar nele.
Ainda haviam coisas que precisavam ser resolvidas.

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Postando esse capítulo sem uma pausa enorme de mais de um mês pois essa história merece.
Pois é, meus amores. Zen e Helena se gostam. Eu sinceramente amo este capítulo, acho que ele é meu favorito da história. Esse "acerto de contas" dos personagens me dá uma satisfação imensa, como quando a gente assiste um filme com aquele casal que visivelmente se gosta, mas demoram uma vida pra perceberem e finalmente ficam juntos.
Essa estrada foi até que curta, amigos, mas ela chegou ao fim. O próximo capítulo já é o epílogo e espero que, quem leu até aqui, tenha gostado da história. :)
Minha filha finalmente saiu do baú e eu tô muito feliz, sinceramente.

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