Capítulo 2

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— Hoje é dia de comemorar a chegada da novata!

Gritos de comemoração ecoaram dos meus colegas que acompanhavam Zen e eu no corredor. Diferente do que eu imaginei, eu e ele não seríamos os únicos no karaokê hoje. Não que eu queira ficar sozinha com ele, mas a vinda de outras sete pessoas que eu não conhecia foi uma surpresa.

E, magicamente, a Jaehee acabou de virar no corredor, caminhando de encontro ao nosso grupo.

— Jaehee, olá! — Zen cumprimentou, acenando.

— Oi, Zen! E oi, Helena — Ela me olhou com aquele sorriso simpático e lindo dela.

— Oi! — Eu sorri abertamente, feliz mas também envergonhada.

— Eu não sabia que vocês se conheciam. Pra onde vocês tão indo com tanta gente? — Jaehee perguntou.

— A gente tá indo dar boas-vindas pra novata...

— Quer vir? — Interrompi o Zen, já que eu queria fazer o convite.

— Ah, eu não sei, eu tenho um trabalho pra semana que vem...

— Deixa disso, eu posso te ajudar a fazer o trabalho depois se você vir com a gente — Eu dei até um sorriso de lado, tentando jogar um charminho.

Ela sorriu de lado também, mas tímida e o Zen ficou boquiaberto, talvez um pouco chocado pela minha cara de pau.

— Okay... Mas eu vou precisar de ajuda mesmo.

— Tudo bem! — Falei, já enroscando meu braço no dela, deixando o de cabelos brancos pra trás.

— Já que temos um cantor na sala, acho que ele tem que ir primeiro! — Um menino aleatório disse, enquanto se jogava no sofá da sala de karaokê.

— Faço questão! — Zen falou já com um microfone em mãos.

Vi Jaehee sorrir com isso e meu coração pulsou em ansiedade, já ficando insegura com o mínimo ato dela.

Os sons dos pratos de uma bateria ecoaram suavemente na sala, seguidos pelos instrumentos de cordas. Logo reconheci a música, ele iria cantar House of Cards do BTS.

Parece que Jaehee percebeu também pelo som de animação contido que ela deu.

Zen cantava de olhos fechados, realmente concentrado no ritmo da música e nas notas que entoava. Eu não conseguia focar em mais nada além da sua performance. Os pelos do meu corpo chegaram a se arrepiar, já que ele definitivamente era bom no que fazia.

Quando ele terminou, eu fiquei estagnada no meu lugar, não consegui nem aplaudir de tão impactada. Diferente da Jaehee que aplaudia, sorrindo muito feliz e parecendo até emocionada.

Zen fez umas gracinhas, se curvando para agradecer os aplausos de todos e olhou confuso pra mim quando me viu parada. Ele não se indignou, apenas sorriu grande e riu de mim. Eu estava tão fora de órbita que nem reagi a isso, mas estava decidida depois de pensar por dois segundos. Eu vou fazer um show digno de cair o queixo.

Eu levantei, determinada, e disse:

— Agora é minha vez.

— Uau! Parece que a novata é corajosa, ir depois do Zen... — Alguma menina que eu também não conhecia falou.

Eu peguei o microfone da mão do Zen, sem o dar muita atenção e já sabia a música que iria cantar.

Um fato aleatório sobre mim é que eu conheço o pop coreano tem um tempo e, não o bastante, também sabia algumas letras e coreografias. Aprendi as letras pra estudar a língua, mas pra quê eu aprendi as coreografias? Eu não sei. Escolhi a mais famosa e animada da lista, já que minha intenção não era apenas cantar, mas sim fazer um show.

Assim que as primeiras notas de Abracadabra do Brown Eyed Girls começaram a tocar, joguei meu cabelo e tentei parecer sexy (e só Deus sabe se eu realmente consegui). Com isso, todos na sala gritaram bem animados, talvez pela música ou pela minha tentativa de sensualizar.

Eu fiquei a coreografia toda sorrindo de lado, fazendo expressões provocativas enquanto olhava frequentemente e de maneira descarada para a Jaehee. Afinal, o meu showzinho era todo pra ela.

A apresentação foi cheia de gritos e aplausos entusiasmados, em alguns momentos até cantaram a música comigo. A principal espectadora também parecia animada, não desgrudando o olhar de mim e, quando eu era mais sensual, chegava até a engolir seco.

Só sei que quando acabei, todos se levantaram contagiados pela animação e nostalgia da performance, me elogiaram muito e decidiram cantar outras músicas antigas.

Só a Jaehee ficou sentada, parecendo estar no mundo da lua. O fato era que estava levemente corada e isso me fez abrir um sorriso de satisfação.

Zen também ficou sentado, sua expressão um pouco mais ilegível.

— Então você escondia esse talento todo dentro de você? — Ele riu levemente — Fiquei surpreso, eu realmente não imaginava.

Aproveitei o espaço no sofá e sentei ao lado de Jaehee, cruzando minhas pernas e descansando um dos meus braços no encosto das costas dela. O homem observou cada ação minha, mas não comentou nada.

— Obrigada — Disse dando um sorriso simpático — Você... é cantor, por acaso? Você parecia um profissional cantando...

— Ah, então você reparou? — O de cabelos brancos falou sorrindo, parecendo bem feliz — Eu sou ator de musicais já tem um bom tempo, um excelente, diga-se de passagem.

Eu ri da sua tão percetível humildade, mas, de repente, parece que uma lâmpada se acendeu em cima de sua cabeça.

— Você também é cantora? 

— De chuveiro — Eu também ri da minha própria fala.

Zen me acompanhou e logo disse:

— Então, você devia virar uma profissional! Você fez toda uma performance pro karaokê, foi muito cativante.

— Deus me livre! Eu sou apenas uma cantora de chuveiro, performaria me olhando no espelho e só. Eu nunca ia conseguir me apresentar pra uma plateia.

— Se você diz... — Ele fez uma expressão conformada — Mas ainda acho que você devia tentar.

Eu dei uma meia risada, desistindo de discutir sobre o assunto e me virei pra observar a Jaehee, que me olhou assim que me movi.

Ela soltou um leve pigarro e parecia um pouco constrangida.

— Tudo bem? — Eu perguntei.

— S-sim — A bela mulher pareceu pensar antes de continuar — Você... Foi muito bem. Eu fiquei um pouco chocada, na verdade, mas... Eu gostei... Bastante.

Jaehee sorriu tímida, mas espontânea, o que me fez sorrir toda derretida. Correr o risco de passar vergonha valeu muito a pena.

There U AreWhere stories live. Discover now