Segundo

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A habilidade de ocultar seus pensamentos e, principalmente, a forma que se sentia lhe era muito útil no trabalho e em determinadas situações. E, naquele momento, talvez ele tivesse tido sucesso nisso ou talvez Shisui estivesse tão perturbado com os próprios problemas que sequer percebeu que, por dentro, Kakashi estava horrorizado.

— Ele é um vampiro — O homem disse — Não está morto, seu corpo funciona normalmente, como o de um humano. Ele precisa se alimentar de sangue, no entanto.

— Você parece saber bastante a respeito — Kakashi respondeu, se esforçando para parecer despreocupado — Não me diga que a sua família é caçadora de vampiro ou algo assim — A tentativa de piada falhou e ele desistiu de esconder suas emoções diante do silêncio de Shisui.

Quando deixou o restaurante, estava tomado pela angústia. Ela se destacava dentre todos os sentimentos ruins junto ao medo e a apreensão. Vampiros. Enquanto ia até o próprio carro, Kakashi se perguntava se, de fato, estava acordado. Parecia um sonho estranho daqueles que te faz refletir por horas após o despertar.

A diferença, é claro, estava no fato de que sua reflexão era feita naquele momento. E, além disso, de que aquela era a realidade com a qual ele tinha que lidar.

Dentro do carro ligado, as mãos no volante, ele permaneceu algum tempo perdido em pensamentos, inúmeras dúvidas pairando em sua mente, a principal delas relacionada a Obito.

Ele sabia?

Parecia improvável e, ao mesmo tempo, a hipótese mais coerente, dada a sua relutância em deixá-lo se envolver no caso. Kakashi se perguntava sobre a possibilidade de questioná-lo a respeito quando o telefone tocou, era o número de um de seus colegas.

— Hatake.

— Precisamos de você no parque das folhas — A menção ao local o fez sentir um frio no estômago — Temos mais uma vítima.

O coração de Kakashi bateu forte, o medo lhe subiu pela garganta e ele tentou, ao máximo, não ser tomado pelo pavor, tarefa quase impossível devido ao que sabia.

— Estou a caminho — Disse, a voz baixa, antes de desligar a ligação.

Sua respiração estava acelerada, as mãos trêmulas e ele suspirou profundamente, os olhos fechados, antes de começar a dirigir em direção ao local. O mesmo local onde Asuma Sarutobi foi morto no dia do festival.

Conforme se aproximava, tentava se desvencilhar da conversa que havia tido com Shisui e assumir o papel do profissional que desempenhava tão bem. Aquele não era o momento para entrar em pânico.

O local estava repleto de viaturas, entre elas, uma da polícia ambiental. Kakashi deixou o carro e pegou seu material de trabalho no porta-malas, equipando-se com as luvas e o restante dos equipamentos antes de se aproximar.

Foi então que percebeu. Shisui estava lá. Obito também.

— A imprensa vai querer saber a razão de a polícia ambiental não ter tomado providência alguma — Um dos policiais presentes disse, o olhar direcionado a Obito.

Kakashi o encarou. Ele estava sério, a mandíbula travada, os olhos frios.

— É o que você acha? — Obito perguntou calmamente — Que nada foi feito?

— Há mais uma vítima, não é? — O outro respondeu — E você, capitão, sendo o responsável pelo caso, tem o que a dizer?

O tom era de escárnio e todos os presentes permaneceram em silêncio, notando a tensão no ar.

Kakashi percebeu o quanto Obito ficou afetado com aquilo, embora se esforçasse para não deixar transparecer. O policial praticamente o estava culpando pela morte e, por isso, o legista decidiu intervir.

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