Flores em Meio a Tempestade - KageHina

3. Mudança

Três longos meses passam. Três longos meses em que a vida de Shouyo parou. Em um centro de reabilitação, ele viveu recebendo ajuda e monitoramento. Tudo que é lição de vida. Como se cuidar e superar traumas passados. Entre outros muitos assuntos abordados pelos especialistas do lugar e atividades diversas para ajudar a distrair a mente. Hinata amava muito fazer Ioga e um pouco de meditação, mas isso não vem ao caso agora.

Por um lado, foi bom. Foi ótimo ter esse tempo só para si, tentar colocar os pensamentos em ordem e tentar abstrair quaisquer pensamentos sobre aquele assunto específico. Só que por outro, Hinata perdeu três meses da vida em uma reabilitação que ele não precisava — já que não tentou se matar, mas a mãe dele insistiu que a overdose foi uma tentativa de suicídio, o que claramente não foi.

E mesmo que tente se enganar com meditações e os seus exercícios de Ioga, Hinata não conseguiu esquecer a maldita traição. Não conseguiu superar o maldito namoro. O maldito término. Na verdade, nem houve um término. As coisas simplesmente aconteceram rápido demais: traição, overdose, hospital, Kageyama Tobio, clínica de reabilitação, Ioga e… Kageyama Tobio? Hinata realmente pensou no garoto?

O ruivo balança a cabeça enquanto termina de arrumar sua bolsa. Quando ele vai guardar sua escova de dente no bolso da mochila, há uma fotografia e Shouyo tem uma vontade avassaladora de esquecer completamente daquele pedaço de papel.

A foto, bem, a foto era de Atsumu Miya.

Atsumu foi o único namorado de Hinata. O único. E o fez de otário. Só de lembrar a cena dos lábios do Miya em outro garoto, um arrepio sobe pela espinha do ruivo. Ele engole em seco tentando apagar essa memória de sua mente e esconde a fotografia de volta, sem coragem de jogar ela fora.

Hinata Shouyo passou muitas coisas na cidade. Muita coisa envolvendo seus sentimentos e suas "amizades". E agora voltaria a viver naquele lugar desprezível, encarando aquelas pessoas cruéis. Hinata caminha com mil coisas pesando sua cabeça. Uma dor de cabeça pequena começa a despontar, como pequenas agulhadas de dentro pra fora.

Para fora da clínica, ele aguarda no estacionamento depois de ser liberado pela enfermeira e pelo psicólogo. Aéreo em seus pensamentos, ele não percebe a cabeleira ruiva em sua frente. E quando percebe já está rodeado pelos bracinhos pequenos de Natsu, sua irmã.

Shouyo abre um sorriso largo com o abraço da pequena. Ele se abaixa e a envolve em seus braços. Natsu começa a resmungar sobre estar muito forte o aperto e o irmão a solta.

Ele se levanta e ajeita a mochila no ombro, encarando a mulher à sua frente.

— Meu filho! — A mãe o abraça apertado, quase quebrando os frágeis ossos de seu corpo esguio. Hinata retribuiu seu super abraço meio sem jeito. Sente que está sufocando e começa a dar pequenas batidinhas no ombro da mãe. — Estava com saudades, querido.

Ela começa a beijar as bochechas e a testa do filho segurando seu rosto. Hinata tem que admitir que sentiu muita falta do contato físico de sua mãe. Mas está vermelho como um pimentão e começa a encarar o estacionamento todo tentando achar alguém que tenha visto essa cena constrangedora mãe-e-filho.

Por fim, ele se esforça para sorrir de novo.

— Eu estava com saudades de vocês — ele diz, segurando as lágrimas de alegria ao finalmente estar com as duas pessoas que mais ama novamente.