2. Kageyama Tobio

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O dia de Kageyama Tobio tinha começado bem. Estava tudo normal e nos conformes, ele acordou, tomou café e foi ao hospital visitar o avô que ainda está se recuperando.

Ontem a médica informou Tobio do que ele mais temia: a alta.

Seu avô supostamente se recuperar de um dia pro outro deveria ser algo para se alegrar. Ele deveria ficar feliz, só que não consegue. Kageyama tem medo de ter esperanças do avô sair do hospital, e ele não sair.

Esses pensamentos o deixaram tão fora de si, que acabou entrando no quarto errado. E claro, como tudo na vida dele da certo, o garoto ainda o chamou para dentro do quarto e o fez comprar algo para comer.

Kageyama não costuma fazer essas coisas. Aliás, nunca nem teve a chance de fazer. E mesmo que tivesse, ele provavelmente não teria feito pensando melhor.

O certo seria ele ter chamado uma enfermeira, e o garoto — na qual disse a Kageyama se chamar Hinata Shouyo — dizer que estava com fome. Era só isso. Mas não, ele teve que se arriscar e comprar comida que poderia fazer mal a um paciente do hospital.

Imagina se acontece algo e o garoto ainda o dedura? Tudo bem que as chances de algo acontecer com Tobio são poucas. A única coisa que ele receberia seria um puta sermão.

E é isso que Kageyama vai pensando dentro do carro, voltando para o hospital. Não que ele tivesse conseguido tirar o ruivo de sua mente.

Sua irmã está dirigindo concentrada demais. A testa está franzida e os nós de seus dedos estão brancos enquanto aperta o volante.

— O vovô vai ficar bem, Tobio — diz Miwa, se esforçando para não derramar as lágrimas presas em seus olhos. — Ele tem que ficar.

Kageyama não responde. Apenas observa a janela, já avistando a imensa construção branca com uma cruz vermelha no meio.

Miwa é a irmã mais velha de Tobio. Eles não têm uma relação muito boa, mas Miwa está se esforçando agora, o mais novo compreende isso. Ela se esforça para ser forte por Kageyama e pela mãe deles. Só que Tobio sabe que ela sofre a cada noite que se passa. Sabe que ela chora escondida no quarto quando diz que vai dormir. 

Ele engole em seco enquanto entra dentro da recepção e recebe o adesivo "visitante", que ele cola em sua jaqueta preta.

Miwa acena. Kageyama não acena de volta. As portas duplas se fecham e Kageyama se depara com o corredor que tem portas e mais portas.

Já sabe o caminho até o quarto do seu avô, e ele não para até chegar lá.

Abrindo a porta, ele entra no tão familiar quarto. Ao seu lado há uma mesinha de metal que contém algumas garrafas de água e um prato com frutas frescas.

No quarto também existe uma pequena cômoda ao lado da maca. Em cima contém algumas prescrições e recomendações do que o paciente pode comer.

E na maca, ele está de costas para a porta. Kageyama encosta a porta e da a volta, encontrando seu avô dormindo. O monitor cardíaco está normal.

Por um momento Kageyama respira fundo, contendo as lágrimas de seus olhos azuis. Dentro do quarto é que ele pode abaixar a guarda. Dentro daquele quarto de hospital ele se permite desabar.

Sua vida não estava boa. Ele se lembra de quando jogava com seu avô e sua irmã. Se lembra do sorriso dos dois e da felicidade que ele tinha ao pegar na bola de vôlei, sabendo que iria treinar com as pessoas que mais amava. E então, Miwa começou a namorar… o avô adoeceu mais… e ele permaneceu ali, sozinho.

Passado algum tempo, Kageyama se retira do quarto, já que seu avô não acordou, e ele não queria fazer esse papel. Seu amado avô precisava descansar o máximo que pudesse.

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaWhere stories live. Discover now