— Preciso ir — disse e após me despedir parti. Era um dia estranho e havia algo me incomodando desde as primeiras horas. O caminho foi turbulento e havia muito trânsito, quando cheguei no aeroporto o embarque já estava acontecendo, segui direto para o avião me acomodando na poltrona. Não muito depois o avião decolou, seria algo entre uma hora e meia de viagem entre Tóquio e Sapporo até daria para tentar descansar um pouco antes de encontrar com os responsáveis. Poderia ter usado minhas habilidades mas a distância consumia uma quantidade enorme de energia.

Pela janela vi as nuvens sendo banhadas pelo sol que nascia no horizonte, pintava as extremidades brancas de dourado numa bonita pintura. Do lado de dentro havia apenas um silêncio, meus olhos começaram a se fechar se tornaram tão pesados que não consegui resistir e me rendi ao sono.




A campina se estendia até onde meus olhos podiam ver, a mesma sensação familiar de sempre. No corpo tinha um robe branco bordado com fios de ouro, a seda era brilhante e macia se movia suavemente enquanto andava. Na sola dos pés sentia a grama verde fazendo cócegas, o ar tinha um aroma floral agradável — nem forte, nem fraco — era como ser abraçada numa pétala macia.

Fazia algum tempo que não tinha um sonho lúcido como aquele, ou melhor, fazia um tempo que não visitava o domínio inato em meu interior.

Girando a mão minhas linhas se iluminaram, o fio vermelho em especial brilhou intensamente seguindo numa direção específica.

Novamente aquela sensação de ter ele querendo me falar alguma coisa, guiando meus passos, se fazendo presente e quase sussurrando. Lembrei-me da voz que apareceu vez ou outra, nunca havia ouvido mas parecia familiar. Se as minhas linhas eram como as moiras traduzidas, não faria de mim uma mestre de maldições?




Acordei repentinamente com uma aeromoça me chamando, dormi durante a viagem inteira e não percebi. Coloquei a mão na testa por um momento e me apressei em tirar o cinto, puxei minha mala do bagageiro e segui os últimos passageiros para fora. Ainda puxando alguns fios de cabelo para o lado, o que tinha sido aquilo?

Perdida em pensamentos acabei trombando com alguém — Me desculpe.

— Sem problema senhorita — por algum motivo o timbre da voz do homem me fez subir calafrios pela espinha levantei os olhos para seu rosto dando de encontro com um par de olhos ametistas. O ar travou em minha garganta meu coração acelerou, minhas mãos começaram a suar e tremores se espalharam.

Não podia ser, Ryker estava morto, fiz questão de fazer isso com minhas próprias mãos.

Suas mãos me seguraram pelos ombros, tudo que enxergava era um sorriso distorto — Senhorita, precisa de um médico? Consegue me entender?

Pisquei os olhos algumas vezes e na minha frente apenas havia um homem comum de olhos preocupados, a nossa volta uma pequena roda nos olhava com preocupação. Me forcei a engolir e acenei com a cabeça.

— Sim estou bem, foi apenas uma tontura. — me desvencilhei e segui o meu caminho, tinha algo de errado. Segui direto para o banheiro, surpreendentemente estava vazio apoiei a bolsa no chão e apoiei as mãos na pia meu rosto estava vermelho e apesar do frio sentia meu corpo inteiro ferver. Foi nesse momento que senti uma fisgada em minha perna, entrando num dos cubículos tirei as calças para ver uma pequena ferida, como um furo de agulha. Era pequeno mas tinha um pouco de sangue seco envolta.

A passageira ao meu lado, bem que achei estranho alguém passar perfume dentro de um avião agora a repentina sonolência fez sentido. Pela linha vermelha tentei falar com Satoru, porém não tive tempo a porta do banheiro bateu revelando a mesma mulher que sentou ao meu lado, arrumei as roupas e segui para a torneira esperando que água me ajudasse a manter o foco.

— Sabe, vocês da escola são bem burrinhos, é tão fácil forjar algo. — ela disse após trancar a porta e vir em minha direção —, não tenho a intenção de te matar. Getou-sama disse que eu só precisava te manter longe o suficiente.

— E aposto que me drogar estava no pacote —, rebati ainda usando uma mão para me apoiar na pia. A linha do tempo brilhou azul, precisava acelerar o efeito da droga para poder me defender.

— Não tem como brigar com a princesa do tempo sem alguns truques.

— E com certeza Getou saberia disso — tentei ganhar algum tempo, estando ali ao menos podia tirar alguma informação.

A mulher riu — Suas habilidades não são um segredo, tem você por perto no momento do grande anúncio seria problemático.

— Que anúncio?

— De guerra — me disse —, no próximo dia 24 de dezembro ao entardecer realizaremos o cortejo dos youkais. O palco principal Shinjuku em Tóquio e a capital do jujutsu Kyoto, 1.000 maldições serão libertas em cada lugar e a ordem será para matar os macacos.

Nesse momento o fio vermelho tremeu, era Satoru. Enquanto a mulher tagarelava o efeito da droga se dissipou e num instante peguei a bolsa e usei de toda a boa vontade da linha do tempo para retornar a Tóquio mesmo que queimasse uma boa parte da mina energia amaldiçoada. Num instante eu me vi no caminho de pedras da escola os feiticeiros estavam reunidos dos primeiro anistas e alçando voo tinha um enorme pássaro-maldição.

— Mais um segundo e eu estaria em problemas — ouvi Getou dizer —, não se esforce demais [Nome]-chan.

Minhas pernas vacilaram e Mei Mei me ajudou apoiando, o pássaro ergueu ainda mais e se afastou.

— Droga — coloquei a mão na boca, viajar grandes distâncias não era particularmente agradável. Combinando com os resquícios da droga ainda pior.

— [Nome] o que está fazendo aqui? — o diretor questionou.

— Foi uma emboscada — anunciei —, a missão era falsa. Não havia nada me aguardando em Hokkaido, além de uma passageira que me drogou durante a viagem.

A mulher me ajudando resmungou — Faz sentido, [Nome]-san poderia parar Getou em um segundo se estivesse por perto. Ele a levou o mais longe possível para a deixar incapacitada de usar a dádiva das moiras.

— Aquele bastardo! — Yaga-san gritou aos ventos —, vamos ter que inspecionar os funcionários devemos ter um traidor.

Enquanto o diretor esbravejava Mei Mei comentou comigo em voz baixa — Esta tudo bem? Está queimando de febre.

— Foi a droga, tive que acelerar o efeito para conseguir usar minha técnica. — sorri após explicar —, ficarei bem.

Apos alguns momentos os feiticeiros se dispersaram ficar o meu lado apenas havia Satoru e os alunos, o mesmo que a mulher havia dito para mim Getou anunciou aos ex-colegas.

— N-[Nome]-san! — Yuta se aproximou devagar — Hum... Precisa de ajuda?

O garoto claramente tinha alguma preocupação, mas deve ter se sentido encabulado de se aproximar.

— Yuta-kun — Satoru bateu as duas mãos juntas disfarçando sua preocupação — Faça um favor sim? Escolte a namorada do querido Gojo-sensei até Shoko, é uma missão importante.

— Eu? — de repente ele pareceu ser tomado de coragem, pronto para me escoltar até os confins da terra se necessário. Chegava a ser fofo.

— Conto com você Yuta-kun — ele me estendeu o braço para servir de apoio e Panda carregava minha bolsa.

Virei para Satoru — Desculpe, se eu tivesse mais cuidado... Poderíamos ter acabado com isso de uma vez.

— Não, Suguru estava um passo a frente — respondeu com um fraco sorriso —, conversamos depois. Nesse meio tempo, ligue para Akira, precisamos de toda ajuda que conseguirmos.






N/a: Obrigada por ler até aqui!

Até mais, Xx!

Kairós - (Gojo Satoru X Leitora)Where stories live. Discover now