Nova Guerra

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Parecia que os meus dias começavam mais cedo e terminavam mais tarde, o tempo se passou e quando vi já estávamos em meados de outubro. Na mesa em minha frente uma série de papéis vinculando Getou e Gaia, registros de feiticeiros e outras confirmações vinda de Miller e Akira.

Entre minhas mãos havia uma xícara de chá quente, esquentando as pontas dos dedos gélidas um aroma suave exalava da fumaça que subia em espirais e se dissipava no ar. Minhas costas doíam pela quantidade de tempo sentada com uma postura duvidosa, ou isso, ou teria algo relacionado aos treinos que me coloquei a fazer a fim de lapidar ainda mais minhas habilidades.

Satoru pareceu mais do que feliz de me ajudar, não era como se eu pudesse usar outras pessoas sem correr riscos, então de alguma forma sem acabava sendo algo a mais. Ele não se preocupava em se segurar para nenhuma das finalidades.

Um cansado suspiro deixou minha boca, mesmo com todo esse trabalho maldições não param. Teria que colocar uma pausa no meu serviço de escritório e ir a campo cuidar de umas questões, novamente uma viagem longa, pretendia ficar dois dias foras para resolver a questão. Bebi o que restava na porcelana antes de seguir para meu quarto com Satoru, ele terminava de se vestir para ir para a escola jujutsu.

Tanto ele quanto Yaga-san estavam frustrados por não conseguirem localizar Getou com precisão, embora as informações que galgamos nesse tempo se provaram ser verídicas, o amigo de Satoru parecia bem-acostumado a encobrir pistas. Minha mala estava pronta e o carro chegaria em poucos minutos, apenas me restava escovar os dentes e pegar um casaco.

— Onde é que você vai mesmo? — meu namorado poiou no batente da porta questionando.

— Hokkaido — respondi secando meu rosto com a toalha —, algo como uma assinatura de energia amaldiçoada diferente. Yaga-san não quer tirar você de perto dos primeiro anistas então eu vou.

O homem soltou um longo resmungo entrando no banheiro e segurando o meu rosto em suas mãos, os polegares traçaram a área embaixo dos meus olhos lentamente me fazendo fechar os olhos momentaneamente apenas para aproveitar seu toque.

— Não tem dormido bem as últimas semanas.

— E de quem é a culpa por isso? — de alguma forma eu sempre tinha uma resposta na ponta da língua, ainda que tivesse um motivo zombeteiro escondido em minha fala sabia exatamente sobre o que se referia. As horas de insônia durante as madrugadas, uma mente inquieta que me fazia revirar na cama até desistir e levantar.

— Gostaria que fosse apenas por minha conta — entrou na brincadeira —, eles não vão te pegar de novo [Nome] não comigo por perto, nem por você. É mais forte e mais inteligente do que a primeira vez.

Engoli seco sentindo o nó em minha garganta se fazer presente, abri os olhos e coloquei as mãos por cima das suas as apertando com força — Eu sei, só não consigo evitar. Gaia parece de alguma sempre estar voltando. E depois de ver o que poderia ter acontecido, as lembranças só estão mais vivas em minha mente.

Ter cortado a cabeça de Ryker fora não arrancava dos meus pensamentos a erva-daninha que era o brilho ametista de seus olhos me encarando. O sadismo por trás de cada corte que em minha pele quando me levou a primeira vez, o prazer doentio de ver o mármore branco manchado por sangue. Se me sentasse em silêncio podia sentir no fundo da garganta o gosto metálico do sangue e a ardência de estar sendo afogada durante a tortura.

As mãos de Satoru percorreram os meus ombros e me puxaram em sua direção, tudo que estava sentindo estava viajando pela nossa pequena maldição vermelha. Contra o calor de seu corpo e sentindo seu aroma intoxicante me permiti calar os pensamentos sombrios, mesmo que apenas por um instante.

Kairós - (Gojo Satoru X Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora