Uma noite na casa da árvore

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S/N's P.O.V

   Como assim? Prometida em casamento? Isso virou Idade Média agora? E minha liberdade? Eu nem comecei a viver ainda, nem tive minhas aventuras e já vou ser presa de novo? E dessa vez, pra sempre... Eu já tinha visto o dono do porto e seu filho algumas vezes, eles já foram em casa atrás dos meninos. Estávamos endividados, eu sabia disso, mas sempre fingi que não sabia de nada. Já sei que esse casamento é uma forma de quitarem as dívidas. Por mais que eu ame muito meus irmãos, não posso me vender assim por causa deles. Finalmente cheguei na casa da árvore, enxuguei minhas lágrimas e subi. Realmente Ace estava lá, mas dormia profundamente.
   - A-ace? — comecei a cutuca-lo — Ta vivo? — eu estava acreditando que não, ele mal se mexia. Eu o sacudi, gritei e nada!
   Achei melhor deixar quieto, fui pro cantinho e comecei a pensar nos meus irmãos e no que havia acontecido. Não tinha comido e nem estava com fome, na verdade, eu estava sem chão. Não que eu fosse exigente, ou que o filho do dono do porto fosse feio (o que no caso era sim), mas... eu sabia que minha realidade nunca  mudaria caso eu me casasse com ele. O menino era mais parado que uma porta, eu sei que não me trataria bem... me veria apenas como um objeto e... Melhor não pensar mais nisso, será que o macarrão ainda está quente? Abro então uma fresta para conferir e vejo a fumaça escapando. O cheiro estava maravilhoso.
   - Opa! Comida! — Ace revive dos mortos.
   - Caramba criatura, quer me matar??? — Eu pulo. — Pode comer tudo, meus irmãos falaram que está gostoso. Acho que você deve levar jeito na cozinha. — Enxugo de novo algumas lágrimas teimosas e entrego um garfo para Ace.
   - Você não comeu?? Podemos dividir, mas você vai precisar ser... rapid... S/N, você tá bem? — ele me olha meio preocupado.
   - E-eu estou sim, só não estou com fome, pode comer, obrigada — logo em seguida minha barriga ronca, filha da mãe.
   - Toma, pode comer primeiro, depois eu como. — ele me entrega o garfo.
   - O que?? Não vou te deixar com restos, por mais que você seja um idiota, não merece isso.
   - Fica tranquila gatinha, eu já comi coisas muito piores, além de que eu já comi tanto lá na cozinha e estou aqui de favor... Vai, come logo antes que eu me arrependa — e ele ria.
   - O-obrigada, mas gatinha é o teu rabo, ouviu? Acha que eu gostei da ideia daqueles imbecis acharem que eu era "sua" — gesticulo aspas com os dedos — eu não sou de ninguém, entendeu?
   - Como quiser chefia — ele faz pose como um soldado recebendo ordens do capitão. Um idiota.
   Depois que acabamos de comer, ficamos sentados na parte da frente da casinha, que era toda aberta e que dava para o mar.
   - Ace, eu sei que disse que você poderia dormir aqui mas... teria problema se eu me juntasse a você? — falo olhando para meus pés que estavam balançando no ar.
   - Ah que susto, achei que ia me tocar daqui. — ele fala risonho — Claro que pode, a casa é sua, você que decide isso. Mas, certeza de que não aconteceu nada? Ou você quer ficar aqui só porque vai sentir saudades de mim? — já sabe o que aconteceu aqui não é? Dou um tapa na cara dele.
   - Abusado. Eu... só não quero encarar meus irmãos agora... Será que... você poderia me contar algumas de suas aventuras?
   - Ah... claro.
   E assim ficamos até não sei que horas...

Ace's P.O.V

   Estava contando algumas aventuras para S/N enquanto olhávamos a lua e o mar ao longe, até que sinto um peso em meus ombros. Ela acabou dormindo... Eu a pego no colo e a coloco mais pra dentro da casa. Logo em seguida, viro para meu canto e durmo também. Ela era legal, nunca ninguém havia me perguntado de minhas aventuras antes, ou ouvido elas com tanta atenção e curiosidade. Por isso, uma hora eu só parei de conta-las. Tinha me esquecido dessa sensação...
   De manhã, acordo sentindo um certo peso em meu peito, olho para baixo e vejo cabelo?? S/N, verdade... mas... o que é essa sensação que estou sentindo? Esse.. calor interminável dentro de mim... e.. não é nem um pouco ruim. Pego meu chapéu e coloco-o sobre meu rosto, para disfarçar um sorriso que não consigo conter. Com o outro braço, que passava por baixo de seu corpo, coloco a mão em suas costas, segurando-a para perto, e assim, caio no sono de novo.

Can I Love You? Ace x readerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora