Capítulo 16

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Pov Maiara

Depois de uma longa noite de sono no quarto da minha irmã, voltei para o hospital renovada. Fiz os procedimentos de costume e entrei no quarto, me deparando com a Maraisa acordada. Abro um sorriso de orelha a orelha e me aproximo, lhe dando um beijo na testa. 

Mai: como cê tá, minha vida?  

Mara: não muito bem...

Puxo uma cadeira e sento ao seu lado, segurando sua mão com muito cuidado. Respiro fundo, olhando pra ela. 

Mai: eu li a carta que você deixou pra mim, eu sei de tudo. 

Mara: eu...eu não queria, mas não dava mais pra viver desse jeito... - ela faz uma pausa, ficando com a voz embargada - me desculpa...

Ela desaba na minha frente pela primeira vez. Sem saber muito bem como agir, sentei na cama e a abracei. Comecei a chorar silenciosamente, ouvindo os soluços da minha metade. 

Mai: eu tô aqui...eu tô aqui...

Ela se acalma aos poucos e eu a ajudo a se sentar. Afasto algumas mechas de cabelo de seu rosto, lhe arrancando um sorriso leve. 

Mara: obrigada, eu tô melhor agora... 

Mai: quer desabafar? Me conta o que você tá sentindo...

Ela vira a cabeça pro lado, encarando a parede. 

Mara: não preciso desabafar.

Mai: irmã, tá tudo bem não estar bem...Não precisa ser forte o tempo todo...

Mara: eu tenho que ser forte, Maiara

Mai: metade...

Ela respira fundo e olha pra mim. 

Mara: eu guardei tudo pra mim e sofri calada, aquela mulher me sufocava com as coisas que ela falava... - ela faz uma pausa - eu tentei ser forte pela nossa família, e principalmente, por você...Eu sorria e fingia estar bem quando, na verdade, eu já tava me sentindo morta por dentro...Eu perdi a noção do tempo, todos os dias eram iguais pra mim. Já não conseguia mais ver graça nas coisas que eu tanto amava fazer. Eu decidi que a única maneira de não sentir mais essa dor, seria parar de sentir qualquer coisa, pra sempre. Aquela mulher era um demônio, eu estava cansada das maldades, das bofetadas, das palavras dela que ficavam rondando em looping na minha cabeça, eu não aguenta mais, viver se tornou uma tortura...então, pesquisei os pontos certos em que eu deveria cortar fundo o suficiente pra sangrar até morrer. Eu...eu...eu tava tão confusa, eu sentia um nó na garganta, uma vontade enorme de sumir daqui...que...eu tentei isso.

Mai: eu...eu...eu sinto muito por não ter percebi isso antes...eu...eu... 

Abraço minha irmã novamente, sem saber o que falar pra ajudá-la. A Maraisa nunca desabafou assim comigo, ela sempre teve esse hábito de guardar tudo pra si, e confesso que nunca reclamei, afinal, é o jeito dela. 


tudo por nós • Maiara & MaraisaWhere stories live. Discover now