CAP 21 : Aruna

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Hoje faz dois meses que voltei a ficar com Rico.

Rico vem toda noite dormir comigo, me conta como foi seu dia e sempre reforça a ideia de fugir.

Me deu um prazo até o final do ano para dar a resposta dele. Deixou claro que esperaria eu terminar a escola e ai sim, voltaria a me cobrar uma resposta.

Confesso, que toda noite imagino eu e ele fugindo, vivendo nossa vida, curtindo, fazendo nossas viagens e logico, vivendo sem medo.

E sim, estou tentada a viver com ele.

Hoje é sexta feira e acabo de sair da escola.
Só mais 4 meses e já acabo esse inferno.

Avisto XM na porta da escola já.

XM ta mudada, usando cabelo solto, colocando shorts jeans curtos mas não abriu mão de  seus costumeiros tops de academia e kenner no pé.

- E ai gostosa. - digo subindo na moto.

- Fala aí baranga. - Sempre é assim!

Ela da partida na moto e fomos subindo o morro. Até que um carro passar cortando a gente, quase nos fazendo cair.

Do nada, começou muitos tiros. XM se assustou quase fazendo a gente cair.

- Caralho, desce desce. - XM grita largando a moto e se jogando em um canto me levando junto.

Tudo indica que os tiros parte da parte mais alta do morro. Na mata.

XM me puxa descendo o morro, eu estava me cagando de medo já. Pensando no Rico, meu Deus.

Estavamos chegando no meio do morro quando damos de cara com policias, apontando as suas armas para gente.

Se ter o que fazer XM me joga no chão e se deita também.
Nessa altura eu já estava chorando, me tremendo toda.

- Calma Aruna, só precisamos descer mais um pouco.

Apenas apertei sua mão, não conseguia falar mais nada.

Olho para o lado e vejo o carro que desceu cortando a gente pelo morro. Em um ato de coragem puxei XM para o carro, nos sentamos no chão encostadas na lateral. Me agarrei a XM morrendo de medo.

Vi varios vapores levando tiro e caindo no chão, vi policiais correndo e outros caindo mortos.  Moradores gritando pedindo ajuda, pois alguem foi atingido.

Fecho os meu olhos e faço uma oração, pedindo a proteção a todos.

Até que escuto como se tivesse alguém batendo no vidro do carro. Olho para XM para ver se ela escutou e pela sua cara percebi que sim.

- Me ajuda, por favor.

Pede uma voz abafada e chorosa.

Eu conheço essa voz.

Olho por cima da porta e vejo dentro do carro uma mulher.

Em trabalho de parto.

Valéria.

No alto da Rocinha [ PARADA]Where stories live. Discover now