Testes de farmácia.

- Amélia... - apertei os olhos. - Me diga que isso é uma mentira agora.

- Não posso. - chorou e tentou pegar minha mão, porém, me levantei atordoada.

Tonturas e falta de apetite. Como ninguém pensou nisso?

Talvez porque ninguém imaginaria que ela fosse tão irresponsável.

Uma criança.

Eu tinha um medo tremendo de trazer um bebê ao mundo, já tinha duas meninas que precisavam da minha proteção e atenção, a maternidade não enchia meus olhos como a todas as garotas, não me imaginava segurando um bebê que eu fiz nos braços. Morria de medo de passar pelas mesmas situações de anos atrás. De fazer uma criança ter menos do que suas necessidades básicas. Agora, com os olhos arregalados e a boca meio aberta, temia pelo futuro da minha irmã, minha pequena Amélia. Grávida! Aos 18.

- Esther, por favor, fala alguma coisa. - a agonia na sua voz era a menor coisa que eu me preocupava naquele instante.

Nossos pais reagiriam como? As pessoas ao nosso redor ficariam com raiva? E seu futuro?

- O que quer que eu diga? - perguntei soando ríspida. - Está feito!

Caminhei no quarto desorientada, buscando pensar em qualquer coisa que melhorasse o aperto que senti com essa informação. Minha mãe tinha se casado cedo por causa da minha existência, por causa que eu nasci. Ela poderia ter rodado o mundo em busca de novas experiências, mas teve que ficar e cuidar das suas crianças, da sua família.

- Se me ajudar, posso tirar e...

Pareceu que meu cérebro parou.

- Tirar? O que acha que esse bebê é? Um objeto, caramba?

- Claro que não! - colocou as mãos na cabeça igual uma criança. - Eu estou assustada.

Suspirei. Até eu estava assustada.

- E o pai dessa criança já sabe da notícia?

- Ainda não consegui falar com ele. - mostrou o celular e eu bufei. - Ele não mora aqui, Esther.

- Como assim?

- Ele trabalha aqui, mas mora em outro país. - explicou. - A gente se conheceu meses atrás e namoramos até hoje.

Amélia também era fluente em inglês, conseguia se comunicar. Só não imaginei que entraria tão fundo nisso.

- Parece que isso vai além de um namoro. - revirei os olhos.

Um estrangeiro engravidou a minha irmã. A notícia não poderia ficar mais complicada. Ela nunca me apresentou ninguém nem como um simples caso, jurava que Amélia sequer pensava em namorar.

Bem, eu estava enganada.

- Quem é ele?

- Você não o conhece, mas ele não é uma pessoa ruim. Vai me ajudar com isto.

- Sabe quantas meninas têm o mesmo pensamento que você e acabam sozinhas e com um bebê? O que tinha na cabeça quando foi tão inconsequente?

- Eu não sei, Esther.

- Não importa mais. - balbuciei. - Vamos resolver isso.

Era isso que irmãs mais velhas faziam. Protegia as caçulas.

Não importava.

Era família e uma família se une nas dificuldades. E não do contrário.

 E não do contrário

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A Tentação Do Mafioso Alemão - (Degustação) Where stories live. Discover now