Não sei se dizem mais alguma coisa, só sei que passa pouco tempo e a porta abre e Miller passa por ela. Ele caminha até mim e vou andando de costas para me afastar dele até que bato na parede que impede que eu caia daqui de cima e me arrebente toda.

Não gosto da cara de Miller, não que eu goste de alguma coisa nele. Eu odeio tudo nele! O cabelo loiro com mechas caindo pela testa desarrumado, os olhos castanhos que são bem escuros, a barba que sempre tão bem aparada que tem aspecto de um ou dois dias, a sobrancelha farta bem feita, a cicatriz entre elas, os lábios também bem feitos, sua altura que parece que vai me engolir quando se aproxima muito, o seu cheiro de perfume caro com cigarro e maconha e cerveja, o corpo que parece ter músculos por baixo das roupas escuras e a jaqueta de couro também preta, as tatuagens em tinta escura que saí da jaqueta e vai até as mãos e o seu coturno preto que ele sempre usa e sempre estou encarando.

Tudo nele! Absolutamente tudo que há em Lucas Miller eu odeio!

Principalmente aquilo que ele faz quando não há mais para onde correr e posso sentir seu aroma por estar tão perto de mim. Seu sorriso de lado. Isso deve ser o que mais odeio, é o sinal de sua maldade amostra bem clara.

— Se você me empurrar daqui, vai preso — digo quase gaguejando. Ele só sorri mais — E se eu morrer venho te assombrar.

Ele nem liga.

Quando termina puxa um maço de cigarro do bolso e o acende, encarando meus olhos. Puxa a fumaça e libera no meu rosto exatamente como fez naquela festa. Começo a tossir.





Lucas

Quando ela termina de tossir, seguro seu rosto entre meus dedos com a mão livre, os olhos verdes estão arregalados e a boca mais colada do que se eu tivesse passado cola. Ela está assustada e com raiva, gosto disso. Mas aí lembro dela correndo de Mark e minha própria raiva queima mais que meu cigarro em meus pulmões.

— Da próxima vez que você correr do Mark ou qualquer outro, vai ser muito pior o que vou fazer com você. Muito pior. Você só corre de mim! — assopro mais fumaça em seu rosto, apertando também para que abra um pouco a boca, então ela engasga e começa a se debater para que eu a solte ao mesmo tempo que luta para respirar direito.

A solto empurrando sua cabeça.

— Você é doente, Lucas! — diz pela primeira vez falando meu nome. Eu não gosto. Volto ao seu cabelo. Nos encaramos. Os dois com ódio — Do-en-te — repete.

— E vou passar para você — digo em sua cara — Você só corre de mim, caipira. Só de mim! Você é minha. Eu te marquei!

Só para ela não esquecer trago a última vez e solto em seu rosto.

Ela, me empurra.

Eu a deixo ir.

— Cansei de você. Me deixa em paz... — me encara com aqueles olhos verdes começando a encher de lágrimas. Minha raiva passa um pouquinho — Por favor, Miller, eu nunca te fiz nada. Eu nunca fiz mal para ninguém!

Sua autopiedade, me dá nojo.

— Vai para aula, quero as anotações assim que ela acabar.

Ela passa por mim, esbarrando de propósito em meu braço, a bituca que ainda tinha entre os dedos caí. O vestido de verão balançando enquanto caminha cheia de raiva atraí minha atenção por algum motivo. Paro de olhar para sua bunda.

Desde quando reparo nessa caipira?

— Não esqueça. Só eu te ponho para correr. É somente de mim que você deve ter medo!

— Achei que não gostasse de repetir — diz com seu deboche já do outro lado da porta — E eu não fiquei surda de ontem para hoje! — fecho as mãos em punho.

Ela bate a porta quando começo a andar.

Isso, Emma fica brincando com a minha cara.

(...)

A tal colega de quarto da caipira leva um susto quando abre a porta do dormitório e me vê, não sei porque isso, já que não é a primeira vez que venho aqui.

— Cadê a caipira? — ela aponta para o banheiro — Vaza — me dando espaço para passar, saí às pressas do quarto. Sento na cama da caipira. É fácil saber qual é, além do cobertor de retalhos, é a parte do quarto mais organizada. Tem seu cheiro também.

Quando a porta abre de novo, Parker não se surpreende, já vim aqui várias vezes para encher a paciência dela e destruir algumas coisas, mas isso não significa que fique em alerta e assustada.

O cabelo chocolate longo está molhado, fazendo os cachos desaparecer, só as pontas meio enroladas. O nariz pequeno e as bochechas redondas vermelhos, os lábios cheios e rosados. Parker usa uma camiseta masculina que quase engole ela. Eu nunca vi peças de homem em suas coisas. Pelo visto a caipirinha não é tão inocente como eu pensava.

Os bicos dos peitos dela cutucam o material da camiseta e quando dá um passo para o lado a luz pega perfeitamente, dando para ver um pouquinho deles. Não são pequenos, mas também não são enormes e o que fica mostrando da sua pele é dourada, não que eu já não soubesse. Ela sempre vem bronzeada após as férias ou algum feriado prolongado, quando vai para casa no fim do mundo.

— Eu te procurei — conta jogando um cobertor que pega no armário no corpo — Vou pegar as anotações.

Me dá as costas e vai mexer em sua mochila.

— Quando nosso trabalho vai ficar pronto?

Ela vira com tudo.

— Não sou sua dupla!

Sorrio.

Ela morde os lábios. Já sei quê é por conta da raiva.

— Agora somos — deito de lado — Anote também seu endereço. Soube que vai se mudar do dormitório.

Se está surpresa por eu saber disso não mostra.

— Vou dormir no meu carro — fico de pé.

— Não brinque comigo. Deixei passar mais cedo, minha paciência é curta.

— Dá para notar que está sempre tentando compensar algo — olha para minha virilha. Rio, hoje não foi a primeira vez que me responde, mas pela primeira vez Parker usa sua inteligência de forma diferente, e eu realmente não esperava que a caipira tivesse uma língua afiada... É divertido. Quando noto sua cara espantada, me dou conta do que faço e paro.

Puxo o cobertor para longe. E vai para gritar. Tapo sua boca com a minha mão.

— Se eu não tivesse nojo de um lixo como você, te mostraria como sou pequeno — tiro a mão.

— Não vai por nojo e sim por eu estar certa — empurra as anotações em meu peito — Saí daqui, Miller.

Suspiro de raiva.

Essa garota sempre enche minha paciência.

Vamos ver quem sai ganhando.





Votem e comentem bastante 💜

Nas Mãos Do Badboy - 1º da série Nas Mãos Do Amor {COMPLETA 🔞 - BULLY ROMANCE}Where stories live. Discover now