início de tudo

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Faltar ao trabalho. Jungkook nunca faltou em todos os seus anos trabalhando, mas hoje depois de passar a noite passando mal decidiu que era um bom dia para fazer isso. Tomou a medicação indicada e ficou de cama, ele pensou em ir ao médico, mas era longe e ele não conseguia nem ir no banheiro, muito menos ir ao hospital, além de ser caro e como uma pessoa de salário pequeno ele não pode se dar ao luxo de gastar com médicos, ele tem sorte de ter comida no armário.

É de tarde quando ele se sente melhor a ponto de ficar acordado algum tempo, invés de derrubado na cama. Ele decide ir para a sala e se senta para ver TV, ele liga e a primeira coisa que aparece é o noticiário. Seu primeiro instinto é pular e colocar um filme, mas as coisas que estão aparecendo lá não parece jornal. Ele aumenta o volume e escuta a notícia.

"Não sabemos o que houve, mas a cidade foi invadida por pessoas que de parecem com zumbis? Eu sei que parece loucura, mas fiquem em casa, não sabemos como ou o que contaminou essa pessoas, mas - AI MEU DEUS ELES ESTÃO NO ESTÚDIO, CORRE!! CORRE !!!!." A proxima imagem é a câmera caída e e sangue respingando nela.

Deve ser um canal de pegadinhas, ele muda, mas em todos estão a mesma coisa pessoas gritando e zumbis aparecendo e destruindo tudo. Cansado dessa brincadeira de mal gosto ele decide verificar por si mesmo. Abrindo a janela com cuidado, ele olha e o que vê lhe dá enjôo, tem uma mulher suja de sangue enquanto mastiga a barriga de um homem que ele reconhece como o porteiro do seu prédio.

Ele fecha a janela e a cortina em Pânico e agora que ele detecta os gritos da multidão, como ele não ouviu antes? A primeira coisa que faz é fechar a porta, trancar e barrica-la, não importa se é brincadeira ou não, e ele não quer testar a teoria.

Ele arruma tudo da maneira que pode, mas ainda está muito debilitada da doença que pegou e não consegue fazer muito esforço. Ele não sabe quanto tempo se passa até que ele desmaie de exaustão.

Quando acorda demora um tempo para entender o que esta acontecendo. Ele escuta ruídos e barulhos, alguns gritos do lado de fora e seu corpo congela a medida que a memória retorna.

Zumbis! ele está em um maldito apocalipse zumbí. Inferno, ele não quer estar em um apocalipse zumbí, ele quer voltar a trabalhar na empresa chata e xingar seu chefe, comer lamen de noite, pois não tem dinheiro e reclamar da sua vida ridícula.

Um sonho, tudo deve ser um sonho. Ele vai agora lavar o rosto e abrir a janela e verá que está tudo normal, como sempre é isso.

Ele se levantou, foi ao banheiro fez suas higienes, ainda se sentindo mal, agora que os remédios que havia tomado estão fazendo menos efeito. Caminhou até a janela respirou fundo e abriu parcialmente a cortina, nao abrindo efetivamente a janela.

Sangue! Foi a primeira coisa que viu, o chão da rua em frente ao seu prédio estava sujo, haviam corpos, ou melhor restos de corpos espalhados. Os únicos em pé, andavam meio tortos, mas não era como nos filmes, onde eles andaram se arrastando e resmungando, fazendo barulhos desnecessários, pareciam somente descordenados e meio tortos, isso faz pensar o que mais os filmes erraram.

Será que as medidas de segurança que ele conhecia seriam úteis?

Ele fecha a cortina e se vira para a sala. Não aguenta mais olhar a devastação que está do lado de fora e a dor que a cena lhe dá. A primeira coisa que decide fazer é ligar a televisão e ver se tem alguma notícia.

Ele passa por todos os canais e nada, nenhuma transmissão, outra coisa diferente dos filmes. Ele desliga e procura seu celular, ao encontra-lo é tomado pelo alívio, aparentemente ainda tem internet e comunicação o que é ótimo.

Passa um tempo pesquisando, mas não tem notícias, todos só falam para ficar em casa e fazer uma marcação visível para que quando o exército procurasse por sobreviventes os encontrassem.

Bom... Não tem informação então ele teria que se organizar, primeiro o essencial, comida, água, abrigo seguro.

Ele caminha até todas as torneiras da casa e enche as garrafas, além de alguma potes e baldes, prevenção nunca é demais, se a água acabar ele terá um mini estoque. Ele ajeita tudo na sua geladeira e as garrafas que estão fechadas ele guarda no armário. O que leva ao segundo problema, alimentação, hoje era dia de fazer compras, isso é tão clichê, por que os zumbis não aparecem um dia depois dele ter ido ao mercado?

Ele tem barras de cereal, macarrão instantâneo, chocolate, pão, biscoitos e salgadinhos, tem algumas latinhas de coca cola, café, ovos e mais alguns restos. Ele terá que trabalhar com isso...

Ele tenta organizar em porções, distribuindo seus dez macarrões instantâneos em dias intercalados para durar mais tempo. O pão estraga mais fácil então deve comer primeiro, além de um pouco de arroz que já tem feito, e outros restos que ele guardou e agora agradece mentalmente por isso.

Jungkook sempre adorou cozinhar, sua mãe e avó o ensinaram muito, elas eram chefes de um restaurante profissional, seu pai não poderia cozinhar nem que a vida dependesse disso, mas o ensinou a ter caráter e a lutar, ele sorri com a memória doce de seu pai sendo repreendido por sua mãe quando eles chegaram da primeira luta de box de Jungkook e o pequeno ostentava um hematoma enorme.

Apesar de seu amor pela cozinha, para ter ingredientes era necessário dinheiro e ele não tinha isso, seu trabalho pagando muito pouco e o salário inteiro indo para as contas da casa e aluguel praticamente.

Sentir falta de sua família é de certa forma comum, sempre desejando que estivessem vivos com ele, mas nesse momento ele agradece que tenham partido antes, não conseguindo pensar na angústia que seria se preocupar com parentes e pessoas que ama em um mundo de monstros.

Jungkook vive sozinho, não tem colegas ou amigos, desde que perdeu seus pais a sua vida perdeu o sentido, foi preciso de terapia e muita força de vontade para vencer a depressão e solidão, mas são lutas que ainda voltam para guerrear.

Decidiu deixar de se afundar nos pensamentos obscuros, e se levantar, guardar as coisas, mas quando está andando é acometido por uma tontura que quase o derruba, isso o lembra por que não foi contaminado, estava doente e faltou ao trabalho, decide fazer uma vistoria na casa antes de se entregar ao cansaço e tomasse um remédio que provavelmente o derrubaria.

A barricada que fez antes na porta está firme e não tem barulho vindo do corredor, janelas fechadas e trancadas com a cortina presa de modo que não abra nem uma brecha.

Ele pega seu taco de beisebol e de bilhar, ambos presentes do seu pai, todo aniversário o presenteava com algo de algum esporte e passavam o ano aprendendo sobre aquele esporte.

Em uma ideia aleatória decide pegar um facão afiado e prende no taco de bilhar fazendo uma lança. A exaustão começa a cobrar um preço alto pelo esforço, ele toma o remédio e afunda na sua cama, desejando que tudo seja um pesadelo e que quando acordar será como se nunca tivesse acontecido nada.

Mal sabia ele que sua vida mudaria totalmente por conta desse vírus e que ele não estava tão seguro quanto parecia.

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