Mas não o suficiente. 

Porque já estou com a chave da caminhonete na mão, batendo a porta atrás de mim. 

Dirijo feito um louco até o prédio de Maria, determinado a acabar com aquela insanidade de uma vez por todas. 

Seu prédio não possui porteiro, então apenas toco seu interfone um milhão de vezes, torcendo para que ela já esteja em casa. 

- Juro que vou chamar a polícia se vocês continuarem tocando os interfones assim, seus merdinhas! - A voz irritada dela sai pelo outro lado, achando que sou um pivete. 

- Abre, Maria Clara. - Eu consigo dizer, entredentes. 

A conexão fica muda por longos segundos, antes que ela aperte um botão e o portão destranque. 

Subo em um silêncio mortal, tentando controlar minha respiração e a raiva que borbulha minha pele. 

Sua porta já está aberta quando chego ao segundo andar, e seu semblante confuso apenas me irrita mais. 

Ela ainda está usando o vestido preto da foto e tem o rosto maquiado então adivinho que chegou poucos minutos antes de mim. E tudo o que consigo ver é o maldito beijo.

O maldito beijo. 

- O que você está fazendo aqui a essa hora, Salvatore? - Ela pergunta, confusa, abrindo espaço para eu entrar. 

Eu passo feito um trator por sua porta, e ela a fecha atrás de mim. 

E tudo o que consigo fazer é andar de um lado para o outro em sua sala de olhos fechados, tentando me acalmar. 

- Salvatore? - Ela chama, ainda confusa. - O que aconteceu? - ela caminha até mim. 

E é aqui que explodo.

- O que aconteceu?! - Grito, e ela apenas arregá-la os olhos, surpresa por minha fúria. - Ele te beijou?! 

- Quem? - Ela indaga, irritada. - E por que isso seria da sua conta? 

Isso apenas me enfurece mais. 

- Matheus. O merdinha te beijou? - Cuspo. 

Ela franze o cenho. 

- Como diabos você sabe disso? 

- Esse não é o ponto. - Digo, me jogando no sofá. - Ele te beijou? 

Maria apenas respira fundo e encara a parede.

- Você sabe que sim. Não é isso que acontece em encontros? - Ela pergunta, cruzando os braços, petulante. 

Eu apenas levanto do sofá e volto a andar de um lado para o outro, puxando meu cabelo com força o suficiente para arrancar meu couro cabeludo. E Maria parece subitamente se divertir muito com toda a minha irritação. 

- E você gostou? - Pergunto finalmente, testando até onde aquela brincadeira estúpida vai. 

Um flerte para me irritar? Tudo bem. 

Mas a ideia de Maria Clara beijando outro...

- Que porra de pergunta é essa? - Ela indaga, chocada com minha ousadia. 

- Uma justa. 

- Você gostou do beijo da Francesca? - Ela rebate, impertinente. 

- Não. - Digo, resoluto. - Porque queria que fosse a sua boca na minha e não a dela. 

Maria apenas afunda o rosto em suas mãos, parecendo exausta. 

- Você não concordou que eu deveria sair com outras pessoas para te superar? - Ela pergunta, sustentando seu jogo. 

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOWhere stories live. Discover now