𝗈𝗂𝘁𝗈

Começar do início
                                    

Os olhos dela estão vermelhos, lacrimejando. Parte do palco atrás de nós pega fogo, assim como em outras áraeas do teatro, deixando sua imagem sentada com as mãos junto ao peito mais pertubadora do que agonizante.

- Preciso saber para te agradecer por salvar a vida dela.

- Você salvou. - afirmo, seus olhos brilham.

Viro as costas e me afasto, vou até sua amiga que estava atrás de uma cadeira na frente.

Eu não queria que ela visse aquilo.

Encostei dois dedos no lado direito do pescoço da mulher de pele negra e me surpreendi ao sentir seu pulso, por mais fraco que fosse, pelo menos estava lá, ela ainda estava lutando e o alívio de não ter que dar a pior notícia à loira me inundou.

Jesus, eu não serviria para fazer isso.

- Ela vai ficar bem. - disse me virando com confiança, não sabia se era verdade mas pelo menos iria acalmá-la o suficiente para sairmos daqui.

Se sua amiga tinha resistido até agora, certamente aguentaria mais um pouco.

Deb tapou a boca escondendo um sorriso e fechou os olhos com força deixando escapar mais lágrimas.

Peguei o corpo de Kian nos meus braços e me levantei o quanto pude, gesticulando para que fizesse o mesmo e nos esgueiramos pela saída de emergência lateral.

Do lado de fora, o cheiro de fumaça estava impregnado no ar e uma nuvem cinza densa cobria a entrada principal do teatro.

Uma ótima distração.

Assim as autoridades se dividiriam entre apagar o fogo, salvar as vítimas e por último, combater os criminosos.

Bela ideia terroristas de merda. Fizeram um caldeirão de lava em um balde de águas turbulentas.

Conheço esses caras há algum tempo...

Por segurança, entrego a mulher ainda desacordada à Debbie, os braços dela ainda tremem, mas segura a amiga com destreza. A loira me encara confusa, sem saber o que fazer.

- Tem ambulâncias ali - aponto para as vans ao lado do caminhão de bombeiros - leve ela até lá e se proteja.

- Vai me deixar aqui? - parece descreditada ao proferir as palavras, seu cabelo é uma bagunça e estamos cobertos de cinzas com as roupas rasgadas, parece mais assustada do que se tivesse sido ela a ser encontrada dessa maneira, quase morta, com o sangue vertendo de suas veias como se fosse rejeitado pelo próprio corpo.

Porra, é tudo culpa minha.

- É melhor pra vocês. - garanto, sabendo que nunca mais poderei olhar na cara dela.

Insinua balançar a cabeça negativamente, mas volta atrás, mantém a postura e eu me afasto antes que me arrependa ou puxe uma arma pra atirar naqueles babacas.

. . .

- Filho da puta! - enfio um soco na cara de Matt, aquele desgraçado...

- Que porra é essa? - esbraveja, me olhando incrédulo ao levar a mão ao nariz que começava a sangrar.

- Tá perguntando pra mim? Porque que eu saiba, foi você quem fez a merda!

Chuto sua canela e o magrelo cai com o joelho no chão.

- Seu idiota! Eu não fiz nada! - alega, juntando forças para se levantar.

Sem Tempo Para MorrerOnde as histórias ganham vida. Descobre agora