Capítulo 06 - Recorrendo ao "inimigo"

2K 271 57
                                    

Quando você tem um rompante de adrenalina, coragem insana, no primeiro instante você age

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Quando você tem um rompante de adrenalina, coragem insana, no primeiro instante você age. Não reflete, só segue o instinto, o que acredita ser o certo. 

Depois, você reflete. Então você pergunta-se o que está fazendo, se está certo, se é a melhor escolha. A dúvida atormenta, e não há o que fazer, porque você não pode voltar atrás.

Não sabia exatamente o que estava fazendo no momento em que adentrei o veículo, dirigindo até a cidade vizinha, River Oaks. Não refleti até estacionar em frente a mansão familiar, com uma exuberante fachada em tons claros ladeada por palmeiras imperiais.

O choque de realidade veio somente no momento em que estava em frente à porta, prestes a tocar a campainha.

O orgulho ferido por não ter a quem recorrer, doía mais do que o que ele havia feito comigo no passado. Não tinha um único tostão no bolso para pagar a diária no mais barato dos hotéis, quanto mais permanecer abrigada lá. Jade, a única com quem contava, estava tão — ou mais — falida. 

Ou seja, restava a única pessoa a quem não queria recorrer. E a única que restava. Dante Callahan.

O italiano havia oferecido apoio a mim mais cedo, para não ter que enfrentar Ryle Scott e todo o covil de serpentes. Morar aqui, como se fôssemos um casal. O casal destruído pelo próprio Dante há nove anos. 

Talvez Dante só estivesse sendo gentil. Talvez o convite fosse mera formalidade. Por que ele aceitaria abrigar a ex namorada que fez questão de abandonar no passado? 

Sentia a insegurança aflorar, misturada com a humilhação. Parecia que, de repente, tudo havia virado de cabeça para baixo.

Se você não fosse tão otária em acreditar no 'felizes para sempre' e escolhesse um marido por dinheiro ao invés de amor, não passaria por 'perrengues' — o conselho que mamãe havia dado há tantos anos veio à mente. 

Olhando a minha atual situação — falida, desempregada, sem-teto, abandonada no altar, casada com o imbecil do ex-namorado — via que, talvez, dona Amelie Scott estivesse certa. 

Como se para provar o ponto, um trovão forte ressoou no céu antes límpido da pequena River Oaks. E, mostrando o quão azarada sou, começou a chover. E foi intensificando. Finas gotículas começaram a virar um temporal. 

Misericórdia!

Corri dali até o carro que estava estacionado no meio fio, arrastando a mala de rodinhas comigo. Entretanto, provando que tudo o que está ruim pode — e vai — piorar, a rodinha direita acaba presa no chão úmido, fazendo-me desequilibrar e ir ao chão, tomando banho na poça de água suja. Trazendo o celular comigo. 

Foi a gota d'água necessária. Sentei no chão encharcado, não ligando para o temporal que caia, abraço o meu corpo exausto e arranhado, chorando compulsivamente. Tremia, por frio e por temor. Sentia-me tão humilhada, tão destruída e cansada, tudo parecia piorar a cada instante, não sabia o que fazer. O lábio tremia violentamente, o frio aumentando com a ventania. 

Desastre Perfeito | Em AndamentoWhere stories live. Discover now