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Sina Deinert 
Los Angeles, 26 de novembro de 2021

A sensação de estar de volta a casa é a melhor possível, já que os últimos dias que tinha passado com Noah em Londres tinham sido desastrosos. No fundo, eu sabia que não me devia ter envolvido com ele, que tudo isso tinha sido um grande erro que apenas serviu para alimentar ainda mais a minha esperança sobre algo impossível de acontecer.

Depois daquela noite eu decidi que o melhor para mim era trocar de quarto, derramei todas as lágrimas que podia e fantasiei com tudo o que tinha acontecido durante algumas horas, mas quando chegou a hora de encarar o causador de todo o tumulto que inundava o meu peito, eu sabia que precisaria e que seria melhor deixarmos toda a amizade de lado, e voltarmos à mera relação profissional.

Assim que entrei dentro do meu apartamento deixei-me cair sobre o sofá e permiti-me pensar em tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Tínhamos ido a Londres para conseguir algumas propostas para uma nova filial, mas o que parecia ser uma viagem tão simples tinha-se tornado tumultuosa. Ainda era assombrada pelas fotos que tinham sido expostas na internet, e apesar do Beauchamp ter conseguido apagar a maioria delas, muitas pessoas ainda continuavam a fazer comentários e a lançar boatos sobre a minha relação com Noah. Eu continuava a receber diversas mensagens no meu Instagram todas elas demasiado maldosas.

Ganhei coragem para me levantar e decidi que iria arrumar toda a roupa que vinha dentro da minha mala, enquanto fazia isso tinha os meus pensamentos entretidos e não pensava na proposta para passar o dia com o Urrea e os seus amigos. Seria um bom plano já que nunca tinha passado do Dia de Ação de Graças sozinha e ira adorar passar mais algum tempo com Chelsy, mas não sei se seria o momento ideal para estar mais tempo com Noah.

- Olá mãe – disse depois de ligar à mesma enquanto secava o meu corpo do banho relaxante que tinha acabado de tomar.

- Olá filha, como correu a viagem? – engoli em seco, não sei se estava preparada para contar a alguém tudo o que tinha acontecido.

- Correu bem, conseguimos algumas propostas interessantes – eu sei que não era isto que a minha mãe queria ouvir – Já organizaste o dia de amanhã?

- Não desvies o assunto Sina – a minha mãe repreendeu-me do outro lado da linha – Temos recebido algumas chamadas de jornalistas sobre as fotos. Conseguiram resolver esse assunto?

- Apagaram a maioria das fotos, mas é impossível evitar que as pessoas espalhem mais boatos e mentiras. Tenho recebido alguns comentários e mensagens maldosas, mas estou a ignorar o máximo que consigo.

- Também temos ouvido alguns comentários na rua sobre isso – era o que eu mais temia, a minha cidade era pequena e todos se conheciam, a notícia era fácil de espalhar, principalmente as que ninguém queria que fossem espalhadas.

- Desculpa – disse em tom baixo.

- Tu não tens culpa, amor – ouvi do outro lado da linha e posso jurar que a minha mãe esboçou um pequeno sorriso – Nós sabemos que estas coisas podem acontecer, e também sabemos que não devemos ligar a este tipo de boatos e mentiras porque não é disso que eles passam, certo?

- Certo – a minha voz tremeu. Apesar da maioria das notícias serem falsas, nós tínhamo-nos envolvido e isso eu não conseguia apagar da minha cabeça.

- Sina, o que não me estás a contar? – a voz da minha mãe soou preocupada.

- Mãe – suspirei, eu precisava mesmo muito de desabafar sobre toda esta história, mas eu tinha algum receio de que ela me pudesse criticar ou que não fosse aceitar as minhas escolhas.

- Eu entendo, não queres falar sobre isso – ela fez uma pausa como se pensasse no que havia de dizer a seguir – Mas sabes que eu vou estar sempre aqui quando quiseres desabafar.

The Secretary - NOARTWhere stories live. Discover now