CAPÍTULO 14

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A temperatura caiu um pouco e uma corrente de ar frio  fez o corpo de Davi arrepiar-se. 

A água quente parecia agulhas que lhe feriam a pele e ele percebeu que de repente estava febril!

_Ai, meu Deus...o que é isso agora?_gemeu Davi percebendo que tinha as pernas bambas...o pescoço parecendo endurecer de maneira estranha, como se ele tivesse dormido de mau jeito.

Eliane o encontrou saindo do banheiro daquele jeito.

_Davi?_falou preocupada amparando o rapaz que parecia tonto._Você está bem?

_Eu estou meio tonto, sentindo uns calafrios...uma rigidez no pescoço..._ele segurou-se na parede e massageou a nuca._Acho que vem um resfriado por aí, Eliane.

Ela passou a mão sobre o ombro dele e ajudou-o a chegar no quarto.

Roberto, que pensou em ir chamar Davi para o jantar, escondeu-se quando viu a irmã com o braço no ombro do visitante entrando com ele no quarto. Percebeu que Davi estava meio zonzo e acreditou que Eliane já tinha lhe dado a droga e iria colocar o plano deles em ação!

O irmão mais velho de Eliane ficou chocado com aquilo, pois não esperava que ela fosse agir tão rápido!

_Mas não é que a minha irmã cada vez me surpreende mais?_riu vitorioso.

Roberto desceu as escadas com um largo sorriso no rosto e deu ordens para as duas empregadas da casa não incomodarem nem a irmã dele e nem o hóspede que ela recebera.

Eliane olhou para o rosto febril de Davi, deitado debaixo do edredom e pensou na ironia do destino.

Ali estava o herdeiro de Alceu, bem a sua frente, totalmente vulnerável e indefeso já na primeira noite em que chegara...completamente submisso a ela!

Por um momento, a garota sentiu como se uma névoa lhe turvasse as vistas...a mente por uma fração de segundo parecia ter lhe fugido, o que a fez pensar que talvez Davi estivesse com alguma virose altamente contagiosa!

A enteada de Alceu afastou-se quase sendo empurrada por forças invisíveis que a fizeram ter certeza de que nem mesmo se quisesse, conseguiria fazer mal a Davi! Era como se anjos o protegessem, ela chegou a pensar, pois não conseguia nem mesmo avançar a mão para tocá-lo para  verificar a sua febre!

Eliane percebeu que Davi realmente não merecia aquela maldade que Roberto queria fazer com ele...não merecia! Além do mais, ela não era o tipo de pessoa que faria aquilo com alguém tão indefeso e vulnerável quanto o seu hóspede estava naquele momento!

Era um plano cruel, mesquinho, infame! E ela havia se deixado manipular por Roberto quando havia concordado com aquele absurdo, pensou com mais clareza!

Davi era um anjo de pessoa, Eliane teve certeza e, por isso, talvez por ser tão sensível e parecer um ser humano tão puro e sem maldade, poderia facilmente ter absorvido a energia negativa que desprendera dos dois irmãos, pois até pouco tempo atrás, ela compactuava com os planos de Roberto!

Eliane sentiu o estômago embrulhar, sentiu-se de repente suja, apesar de ter acabado de tomar banho! Era uma sujeira na alma, ela percebeu logo!  

Absurdo aquilo dela ter, em algum momento, cogitado levar aquele plano adiante! Só podia estar louca quando dissera ao irmão que o ajudaria!

Que carência insana era aquela de pensar que seria capaz de abusar de um homem drogado apenas para garantir um futuro seguro para o irmão? Apenas para garantir que Roberto não iria abandoná-la?

NINGUÉM FOGE DO PRÓPRIO DESTINO!-Armando Scoth Lee-romance espírita gayWhere stories live. Discover now